quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Do WikiChina

New York Stock Exchange on Wall Street in New ...Image via WikipediaDo WikiChina

Por Thomas L. Friedmam

Enquanto os segredos do Wikileaks eram respingados por todos os jornais americanos, eu não poderia deixar de perguntar: E se a China tivesse um Wikileaker e pudéssemos ver o que sua embaixada em Washington estava informando sobre a América? Eu suspeito que o telegrama seria assim:

Embaixada de Washington, República Popular da China, para o ministro de Relações Exteriores em Beijing, Ultra Secreto/Assunto: A América hoje.

As coisas aqui estão indo bem para a China. A América permanece um país profundamente polarizado politicamente, o que é certamente útil para o nosso objetivo de sobrepujar os Estados Unidos como a mais poderosa economia e nação do mundo. Mas estamos particularmente otimistas porque os americanos estão polarizados sobre todas as coisas erradas.

Há uma deliberada auto-destrutividade no ar aqui como se a América tivesse todo tempo e dinheiro do mundo para politicagens. Eles lutam por coisas como - não estamos inventando isso - como e onde um funcionário de segurança de um aeroporto pode tocá-los. Eles estão brigando - estamos felizes em informar - sobre o mais recente tratado de redução de armas nucleares com a Rússia. Parece que os Republicanos estão tão interessados em enfraquecer o presidente Obama que eles vão desistir de um tratado que tem fomentado uma cooperação mais próxima entre EUA/Rússia sobre questões como o Irã. E já que qualquer coisa que aproxima os Estados Unidos e a Rússia poderia acabar nos isolando, somos agradecidos ao senador Jon Kyl do Arizona por colocar nossos interesses a frente dos da América e bloquear a ratificação do tratado no senado. O embaixador convidou o senador Kyl e sua esposa para jantar no restaurante chinês Kao para elogiá-lo pela sua firme resolução em proteger os interesses (leia-se: nossos) da América.

Os americanos acabaram de ter o que eles chamam de "eleição". O melhor que podemos dizer é que ela envolveu um congressista tentando levantar mais dinheiro do que o outro (tudo a partir de empresas que supostamente devem regulamentar) assim ele poderia contar grandes mentiras na televisão mais frequentemente sobre o outro cara antes que o outro cara pudesse fazer o mesmo com ele. Isso nos deixa aliviados. Significa que a América não vai fazer nada sério para consertar seus problemas estruturais: déficit inchado, declínio do desempenho educacional, infraestrutura decadente e imigração de novos talentos diminuída.

O embaixador recentemente tomou o que os americanos chamam de um trem rápido - o Acela - de Washington para Nova York. Nosso trem bala de Beijing para Tianjin teria feito a viagem em 90 minutos. O dele levou três horas - e estava na hora! Ao longo do caminho o embaixador usou seu celular para ligar para o escritório da embaixada, e em uma hora ele experimentou 12 chamadas caídas - novamente, nós não estamos inventando coisas. Temos uma piada na embaixada: "Quando alguém liga para você da China hoje soa como se estivesse na porta ao lado. E quando alguém liga para você da porta ao lado na América, soa como se estivesse ligando da China!" Aqueles de nós que trabalharam na embaixada da China em Zâmbia frequentemente notam que o serviço de telefonia celular da África era melhor que o da América.

Mas os americanos são indiferentes. Eles viajam para o exterior tão raramente que eles não veem quão longe eles estão ficando para trás. É por isso que nós da embaixada achamos engraçado que os americanos estão lutando agora sobre o quão "excepcionais" eles são. Uma vez mais, não estamos inventando coisas. Na página frontal do Washington Post de segunda-feira havia um artigo notando que os republicanos Sarah Palin e Mike Huckabee estão denunciando Obama por negar o "excepcionalismo americano." Os americanos substituíram o trabalhar para ser excepcional com conversas sobre como excepcionais eles ainda são. Eles não parecem entender que você não pode se declarar "excepcional", somente os outros podem conceder esse adjetivo a você.

Na política externa, não vemos chance de Obama desembaraçar as forças dos Estados Unidos do Afeganistão. Ele sabe que os republicanos o chamarão de banana se ele fizer, dessa forma a América continuará sangrando $190 milhões por dia lá. No entanto, a América faltará com os meios necessários para nos desafiar em qualquer outro lugar, particularmente na Coreia do Norte, onde nossos amigos lunáticos continuam a empurrar a corrente da América a cada seis meses de modo que os americanos têm de vir e nos implorar para acalmar as coisas. No momento que os americanos realmente saírem do Afeganistão, os afegãos certamente os adiarão tanto que as companhias de mineração chinesas já operando lá deverão ser capazes de comprar o resto dos minerais raros do Afeganistão.

A maioria dos republicanos recém eleitos para o Congresso não acredita no que seus cientistas lhes dizem sobre as mudanças climáticas feitas pelo homem. Os políticos americanos são na maior parte advogados - não engenheiros ou cientistas como os nossos - assim eles dizem coisas malucas sobre ciência e energia e ninguém os questiona sobre isso. É bom. Significa que eles não apoiarão qualquer projeto de lei para estimular inovação em energia limpa, que é central para nosso próximo plano quinquenal. E isso assegura que nossos esforços para dominar as indústrias de automóvel movidos a energia eólica, solar, nuclear e elétrica não serão desafiados pela América.

Finalmente, um número recorde de estudante americanos do ensino médio está agora estudando chinês, o que deverá nos garantir um fornecimento pronto de mão-de-obra barata que fala nosso idioma aqui, enquanto usamos nossos $2.3 trilhões em reservas para calmamente comprar as fábricas americanas. Em resumo, as coisas estão indo muito bem para a China na América.

Graças a Deus os americanos não podem ler nossos telegramas diplomáticos.

Embaixada em Washington

Fonte: NYTimes.com

Nota: Esse artigo, bastante mordaz, diga-se de passagem, mostra como a antes poderosa nação americana está caminhando para a decadência. Sem a América atrapalhando os planos da Nova Ordem Mundial, com seus princípios de liberdade individual, e respeito pela privacidade e liberdade de expressão, além dos princípios judaico-cristãos, o caminho para o Governo Mundial estará aberto.   

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