quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Na Suécia, comprar com notas é cada dia mais difícil


Número crescente de estabelecimentos só aceita cartão. Cerca de 70% das vendas no comércio sueco são feitas sem dinheiro em espécie
Reprodução
Coroa sueca
Até venda de revistas por sem-tetos é feita sem uso da moeda sueca em espécie.
O sem-teto Peter, de 55 anos, usa uma máquina de cartão de débito para vender revistas diante de um supermercado em Estocolmo. O equipamento foi fornecido pela própria editora – a renda obtida é destinada a quem não tem casa – e foi a solução encontrada para um problema que afeta não só Peter, mas também seus colegas. O dinheiro em espécie está caindo em desuso na Suécia, onde poucos têm no bolso moedas ou cédulas para comprar a revista dos sem-teto.

"Os clientes podem ver depois todos os detalhes da transação e não se sentem enganados", diz Peter, mostrando o dispositivo. "Estou impressionado com essa máquina. É bem legal." Mattias Stroemberg, freguês em potencial de Peter, elogia a possibilidade de poder comprar tudo com cartão. "Nunca ando com dinheiro. Ninguém por aqui anda", ressalta.
Na Suécia, o pagamento com cartão não só é uma possibilidade em bancas de jornais, cinemas, bares e ônibus. Em alguns lugares ele é obrigatório. Há estabelecimentos que não aceitam mais moedas e notas.
Apenas 27% das vendas no varejo na Suécia são feitas com dinheiro, de acordo com um estudo recente do Banco Central Europeu (BCE). Se as vendas online fossem incluídas, a quota seria ainda menor.
Os países escandinavos estão indo rapidamente no rumo de uma sociedade sem dinheiro, aprofundando uma divisão existente entre o norte e o sul da Europa. Na Grécia e na Romênia, por exemplo, 95% das transações ainda são em espécie.
Tendência regional Na Dinamarca, o dinheiro também não tem grande utilidade. Pães na padaria podem ser pagos com cartão. O mesmo ocorre numa corrida de táxi. Embora lojas e restaurantes sejam obrigados a aceitar dinheiro, alguns comerciantes estão começando a recusar notas.
Mas nem todos na Suécia aplaudem a tendência. Em um caso célebre, um ladrão de primeira viagem teve que sair de um banco de Estocolmo de mãos vazias, após descobrir que ele tinha escolhido para roubar um local que não tinha dinheiro em espécie.

Os criminosos não são os únicos afetados. De Copenhague a Reykjavik, essa sociedade sem dinheiro mudou profundamente a forma como as pessoas vivem. Tudo, desde cachorros-quentes a impostos, é pago por sistemas online, com cartões crédito ou débito, ou por SMS.
Muitos ônibus suecos recusam dinheiro, para desespero de alguns turistas estrangeiros. Uma das maiores atrações de Estocolmo, o recém-inaugurado Museu Abba, também só aceita cartões de crédito e débito.
O próprio guitarrista Björn Ulvaeus, ex-integrante da lendária banda sueca, viveu um ano inteiro sem usar dinheiro vivo. "O único incômodo que vivi é que a gente precisa de moeda para pegar um carrinho no supermercado", escreve o músico na página do Museu Abba.
Na Alemanha, Ulvaeus teria sérios problemas. Quem tenta usar cartão em bares ou restaurantes na maioria das vezes é até olhado de cara feia. Estabelecimentos comerciais que aceitam cartões de crédito continuam sendo minoria no país.
MD/dpa/afp
Edição: Rafael Plaisant
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