sábado, 26 de julho de 2008

Conselho de Relações Internacionais - O Governo Global

Conselho de Relações Internacionais - O Governo Global
por Carlos I.S. Azambuja em 17 de agosto de 2006

Resumo: O Governo Global baseia-se na crença de que o mundo está preparado para aceitar "uma ética civil global" baseada em um conjunto de valores fundamentais que podem unir as pessoas de todas as procedências culturais, políticas, religiosas e filosóficas.

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"(...) Um grupo de bilionários criou o plano estratégico mais maquiavélico da história econômica mundial - inventaram a fórmula assim resumida ironicamente pela colunista Edith Kermit Roosevelt (neta de Theodore Roosevelt): 'A melhor maneira de combater o comunismo seria uma Nova Ordem socialista governada por 'especialistas como eles próprios'. Essa idéia espalhou-se como fogo entre os membros do CFR, Council on Foreign Relations, o poderoso think tank novaiorquino".

(Quem foi que inventou o Brasil? Olavo de Carvalho, Zero Hora, 11 de junho de 2006)

O jornalista Daniel Estulin, em seu livro A Verdadeira História do Clube Bilderberg referiu-se também às atividades do CFR-Council of Foreign Relations (Conselho de Relações Internacionais) americano, que possui diversas sucursais: o Royal Institute of International Affairs do Reino Unido, os Institute of International Affairs do Canadá, Austrália, África do Sul, Índia e Holanda, e os Institute of Pacific Relations da China, Rússia e Japão.

Segundo Estulin, o CFR tem sua sede em Nova York, na Harold Pratt House, uma mansão de quatro andares na esquina da Park Avenue com a rua 68, que foi doada pela viúva do senhor Pratt, herdeira da fortuna da Standart Oil Rockefeller. O CFR compõe-se aproximadamente de três mil membros da elite do Poder americano. Seu maior aporte financeiro é proveniente da Fundação Rockefeller, da Corporação Carnegie e da Fundação Ford.

Durante seus primeiros 50 anos de existência, o CFR praticamente não foi citado pelos meios de comunicação, embora entre os membros do CFR figurem os mais importantes executivos do The New York Times, do Washington Post, do Los Angeles Times, do Wall Street Journal, da NBC, da CBS, da ABC, da FOX, da Time, da Fortune, da Business Week, da US News World Report, e muitos outros. Dessa forma, o anonimato do CFR não é acidental. É deliberado.

No início da década de 60, 12 dos 20 membros do Conselho da Fundação Rockefeller, 10 dos 15 membros da Fundação Ford e 10 dos 14 membros da Fundação Carnegie para a Paz Internacional eram membros do CFR.

Para avaliar as dimensões do poder que manejam as organizações secretas mais importantes do mundo - o Clube Bilderberg, o CFR e a Comissão Trilateral - é suficiente recordar que elas controlam todos os candidatos à presidência dos EUA, de ambos os partidos, a maior parte dos senadores e congressistas, a maioria dos postos relevantes para a política do país, especialmente no campo de assuntos internacionais, a maior parte da imprensa, todos os membros da CIA, FBI e IRS (Departamento do Tesouro), e a maioria do restante das organizações governamentais de Washington. Quase todos os postos de trabalho da Casa Branca são ocupados por membros do CFR. Todos os diretores da CIA têm sido membros do CFR, com exceção de James R. Schlesinger, que ocupou brevemente o cargo em 1973. Esses dados provêm de um relatório de 1987, publicado pelo próprio CFR em sua página na Internet.

Obviamente as pessoas se perguntarão: como é possível que uma organização secreta tão poderosa, que em tese controla a política internacional dos EUA, publique abertamente seus relatórios? Mas o leitor deve estar consciente de que essa informação é a que eles querem que você conheça para reduzir a importância do assunto. As decisões realmente diabólicas evidentemente que não são publicadas.

Todos os que formam a equipe de Bush - Condolezza Rice, Dick Cheney, Richard Perle, Paulo Wolfowitz, Lewis Libby, Colin Powell e Robert Zoellick, são membros do CFR. O democrata John Kerry, candidato à presidência derrotado por Bush, é membro do CFR e do Clube Bilderberg. Embora mudem as administrações, sejam elas democratas ou republicanas, os postos são sempre ocupados por membros do CFR.

O presidente Bill Clinton, membro do CFR, do Clube Bilderberg e da Comissão Trilateral, empregou cerca de cem membros do CFR em sua administração. George Bush pai tinha 387 membros do CFR e da Comissão Trilateral em sua administração. Ronald Reagan, 313. Nixon, no início de sua administração, colocou 115 membros do CFR em posições-chave de sua equipe executiva. Dos 82 primeiros nomes que fizerem parte do gabinete do presidente Kennedy, 63 pertenciam ao CFR, segundo um relatório de 1 de setembro de 1961, de Arnold Beichman, para o Christian Science Monitor. Como se observa, o CFR tem sido uma autêntica agência de empregos para os governos democratas e republicanos. Os presidentes dos governos vão e vêm, mas o poder do CFR e seus objetivos permanecem.

O que o presidente do CFR, David Rockefeller, estará querendo conseguir com o "seu" CFR? Veremos que o círculo do poder do CFR não mudou desde a sua fundação em 1921 no Hotel Majestic, em Paris. No número comemorativo do 50º aniversário da Foreign Affairs, publicação trimestral oficial do CFR, Kingman Brewester Jr., embaixador americano no Reino Unido e reitor da Universidade de Yale, escreveu um artigo com o título "Reflexões sobre o nosso propósito nacional". E definiu qual é esse propósito: "Nosso propósito nacional deveria ser abolir a nacionalidade americana e, ao mesmo tempo, correr o risco convidando outros países para compartilhar sua nacionalidade conosco...".

Também na revista Foreign Affairs, em abril de 1974, Richard N. Gardner, ex-assistente da Secretaria de Estado, escreveu: "em breve a Casa da Ordem Mundial terá que se constituir de baixo para cima e não ao contrário (...) uma erosão da soberania nacional dará muito mais frutos do que o típico assalto à moda antiga". James Warburg, filho de Paul Warburg, fundador do CFR e membro da Equipe de Pensadores de Franklin Delano Roosevelt, declarou, diante do Comitê de Assuntos Internacionais do Senado, em 17 de fevereiro de 1950, que "teremos um Governo Mundial, querendo ou não, com o nosso consentimento ou sem ele".

No livro The Future of Federalism, Nelson Rockefeller proclamou: "Nenhuma nação pode defender hoje a sua liberdade ou satisfazer as necessidades e aspirações de seu próprio povo de dentro de suas fronteiras ou por meio apenas de seus próprios recursos (...) E, assim, a Nação-Estado, sozinha, ameaçada de tantas formas, nos parece tão anacrônica agora como as cidades-Estado gregas dos tempos antigos".

Desde antes de 1942 o CFR vem planificando a Nova Ordem Mundial. Um editorial, publicado na página dois do Baltimore News-Post de 7 de dezembro de 1941 (dia do ataque a Pearl-Harbour), mostra como os pensamentos do CFR eram insinuados nas mentes das multidões antes que, explicitamente, se falasse dos temas que se desejava abordar.

Quincy Wright, professor de Direito Internacional (!) da Universidade de Chicago, fez a mais clara e precoce declaração sobre a Nova Ordem Mundial quando em 1941 a descreveu, deixando claro que a soberania nacional e a independência das nações seriam limitadas por um Governo Mundial. Em 25 de outubro de 1998, Terry Boardman, em um discurso sobre a Nova Ordem Mundial na Rudolf Steiner House de Londres, explicou a um auditório de 1.500 pessoas que Quincy Wright referia-se, em seu tempo, aos três sistemas continentais: os "Estados Unidos da Europa", o Sistema Asiático e a União Pan-Americana. Wright também predisse que cada sistema continental teria uma força militar comum e que os exércitos nacionais seriam drasticamente reduzidos ou diretamente proibidos!

Com o advento de um Governo Mundial, um Exército Mundial, uma Religião Universal e uma Moeda Única, por que desejaria a família Rockefeller submeter uma soberania, um poder governativo e uma riqueza americana, que já controla, em benefício de um Governo Mundial? Esse Governo Mundial não ameaçaria seu poder financeiro? A não ser, naturalmente, que os Rockefeller, o Clube Bilderberg e o CFR esperem controlar também o Governo Mundial! Seria o objetivo final do Governo Mundial criar um único Mercado Global, controlado por um Governo Mundial que controlaria também, por sua vez, os tribunais, as escolas, os hábitos de leitura e os pensamentos das pessoas, vigiado por um Exército Mundial, regulado financeiramente por um Banco Mundial através de uma única moeda global e povoado por uma população conectada a um Computador Global por meio de microchips? A liberdade não é gratuita. Custa tempo, dinheiro e esforço. A escravidão, sim, é.

É importante entender que as conferências e encontros do CFR, do Conselho das Américas, do RIIA-Royal Institute of International Affairs - atual Chatham House, do Instituto de Relações Pacíficas, da Comissão Trilateral e, mais recentemente, da Fundação Gorbachev, da Fundação Bill Gates e - acrescenta o autor deste artigo - do Foro de São Paulo, não são os lugares onde se tomam as decisões mais importantes ou se definem as novas estratégias. Esses encontros sociais apenas capitalizam o trabalho dos grupos de trabalho e estudo. Em dezembro de 2005, em uma reunião realizada em Montevidéu, o Foro de São Paulo "decidiu" que na Cúpula do Mercosul, que seria realizada no ano seguinte, em 20/21 de julho de 2006, a Venezuela deveria ser incorporada ao Mercosul como membro pleno, como de fato ocorreu![*]

Quando o assessor do presidente Roosevelt, o espião soviético Alger Hiss, que em 1945 participou da Conferência de Yalta, onde trabalhou na negociação do que viria a ser a ONU e ocupou temporariamente o cargo de Secretário-Geral dessa organização e de presidente da Fundação Carnegie para a Paz Internacional, uma entidade que tem estado presente em todos os encontros do Bilderberg, em novembro de 1954, depois de cumprir 44 meses de cadeia por suas atividades de espionagem, montou, com seus ex-companheiros do Departamento de Estado dos EUA, o Departamento de Assuntos de Segurança e Política da ONU.

Durante os últimos 45 anos, uma intensa propaganda em favor da ONU convenceu muitas pessoas de que as palavras "Paz" e "Nações Unidas" são intercambiáveis. O paradoxal, no entanto, é que entre essas leis e regulamentos encontra-se a norma de que o chefe desse Departamento de Assuntos de Segurança e Política da ONU será sempre um cidadão soviético, militar ou pessoa designada pelos russos. E assim tem sido. Desde 24 de outubro de 1946, quando foi escolhido Arkady Sobolev, em um levantamento realizado até 1997, 14 comunistas - todos cidadãos soviéticos, com exceção de Kieran Prendergast, membro do Clube Bilderberg - presidiram esse posto vital na ONU.

Isso, todavia, ainda não é tudo! Segundo um relatório da Environmental Conservation Organization de janeiro-fevereiro de 1996, "a Comissão sobre o Governo Global crê que os eventos mundiais, desde a criação da ONU em 1945, juntamente com os avanços tecnológicos, a revolução da era da informação e a nova consciência ambiental global, criarão um clima em que as pessoas de todo o mundo reconhecerão a necessidade e os benefícios de um Governo Global. Esse Governo Global segue um procedimento concreto e tem objetivos para os quais emprega toda uma variedade de métodos, nenhum dos quais oferece ao governado a oportunidade de votar 'sim' ou 'não' ao que se decide. As decisões são tomadas pelos corpos administrativos ou os corpos de delegados 'designados' ou as organizações civis secretas 'credenciadas' e, de fato, já estão sendo aplicadas muitas das recomendações publicadas pela Comissão".

O Governo Global baseia-se na crença de que o mundo está preparado para aceitar "uma ética civil global" baseada em um conjunto de valores fundamentais que podem unir as pessoas de todas as procedências culturais, políticas, religiosas e filosóficas.

E quem vai pagar tudo isso? Claro que é você. Nada é de graça nessa bela nova comunidade, à exceção de muitas novas responsabilidades impostas à força, em troca de um escasso punhado de direitos que, de fato, já desfrutávamos antes que o Governo Mundial os arrebatasse. Nesse sentido, será imposto um "consenso" sobre os impostos globais necessários para satisfazer as necessidades de funcionamento do Governo Global.


Fonte: A Verdadeira História do Clube Bilderberg, Daniel Estulin, editora Planeta, 2005

[*] Nesse sentido o artigo "O Mercosul e o Foro de São Paulo", é altamente didático.




Carlos I. S. Azambuja é historiador.

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