English: Flag of the United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO) Español: Bandera de la UNESCO Français : Drapeau de l'UNESCO Deutsch: Flagge der Organisation der Vereinten Nationen für Bildung, Wissenschaft, Kultur und Kommunikation (UNESCO) (Photo credit: Wikipedia) |
Artigos - Globalismo
As coisas terríveis às quais aludirei neste texto estão documentadas no livro Maquiavel Pedagogo, de Pascal Bernardin (publicado em português pela VIDE Editorial):
são ideias sistematicamente defendidas e propagadas, em documentos
oficiais, por cientistas e pedagogos da Unesco. Se não refiro cada uma
delas a seu específico lugar é por falta de tempo, e por saber que esse
grosso trabalho já está feito e publicado. Por outro lado, mesmo que não
houvesse provas textuais, há uma coisa que deveria trazer-me
o benefício da dúvida: muito do que vou dizer aqui pode provocar no
leitor, como provocou em mim, lembranças de uma idade mais inocente, em
que um pervertido obteve permissão de meus pais para estuprar minha
consciência, assim aviltando o nome e a glória da profissão de
professor.
Não tratarei aqui dos fins das
ações da Unesco. Ela possui um ideário que é, de resto, o mesmo da ONU, e
que não deixa de ter muito em comum com a mentalidade jornalística
brasileira (ou, o que dá no mesmo, com os liberais americanos). Tudo o
que se diz nos documentos da organização é sempre justificado pela
necessidade de acabar com o preconceito, a discriminação, o atraso cultural da sociedade, etc. Não preciso dizer que, múltiplas vezes, vemos essas lindas palavras ligadas à célula familiar (transmissora de preconceitos), às religiões e às culturas nacionais e tradicionais ("preconceito étnico"). Numa palavra, a Unesco sonha com uma "ética universal" (sic) fundamentada nos chamados direitos humanos - explicitamente, no internacionalismo, no materialismo, cientificismo, pacifismo radical ("não-violência") e ecologismo. Esse, porém, não é o meu objeto, porque já vem sendo discutido com seriedade por autores como o Mons. Juan Claudio Sanahuja.
Para eliminar os preconceitos e demais
mazelas das nações, os pedagogos da Unesco vêm estudando, há décadas,
uma disciplina chamada Psicologia Social (muitas vezes aludida com o
nome genérico de "Ciências Sociais", mas facilmente interpretada no
contexto como significando especificamente a Psicologia). Meu objetivo
aqui é explicitar o significado concreto da terminologia (vaga e de
difícil interpretação, aos olhos de um leigo) que vendo sendo utilizada
nos documentos da Unesco e, consequentemente, no ensino universitário
de Pedagogia.
O conceito-chave é, evidentemente, educação.
A palavra tem um sentido muito específico, que é delineado pelas
exigências que dela se fazem. Os maníacos da Unesco admitem que todo
projeto educacional é determinado pelo seu objetivo, pelo seu fim; e
neste caso, dizem eles, o fim não pode ser um "intelectualismo
elitista", que privilegie o "acadêmico". A educação visa, ao contrário,
ao desenvolvimento social. "Desenvolvimento social"
quer dizer a construção de um certo tipo de sociedade, em que as pessoas
se comportam assim-assado - e isso remete, evidentemente, à "ética
universal" de que falei acima. A ideia é, numa primeira fase,
desenvolver uma educação multicultural, isto é, uma
educação que facilite a convivência de diversas "culturas" (no sentido
de "sociedades distintas"). Em seguida, passar-se-á a uma educação intercultural, que deveria ser chamada "unicultural", pois visa à ética supracitada. A oposição multicultural x intercultural é importantíssima, pois diz respeito a uma fase de transição e ao objetivo propriamente dito.
Ora, uma "educação" que pretende produzir
um conjunto de atitudes, visando ao "desenvolvimento social", não pode
prescindir de um método adequado - o qual, como vimos, não pode ser o
método tradicional, cuja fundamentação "acadêmica" é pouco eficaz na
criação de culturas (os cientistas enfatizam bastante a ineficácia
"prática" do método tradicional, "intelectualista" e "elitista"). Aqui
entram as "Ciências Sociais", e por isso é que será feito um estudo
intitulado A Mudança de Atitudes ("atitude" significa o comportamento, a conduta, behavior). A educação tem de tornar-se não-cognitiva ou, como os pedagogos preferem, ativa, multidimensional, experimental. Isso se deve a psicólogos comportamentais (behaviorists) terem demonstrado experimentalmente a eficácia de ações na mudança de comportamento.
Descobriu-se, por exemplo, um fenômeno chamado dissonância cognitiva.
Suponha que uma pessoa faz, um pouco por acidente, algo incompatível
com alguma de suas crenças. Não encontrando razão plenamente confessável
para o ato, a mente tenderá a justificá-lo a posteriori (o que
se chama normalmente de racionalização). Isso é particularmente comum
em confissões escritas. Um prisioneiro americano que odiava a China
comunista foi induzido a escrever um elogio do país, como uma espécie de
jogo. Seu texto foi publicado na prisão e muito elogiado. Em alguns
dias, o americano passou a defender convictamente o regime*. A
dissonância cognitiva mostra que existe um modo praticamente seguro de
mudar rapidamente o comportamento das pessoas. E esse não é o único
método. A título de exemplo, há um outro chamado norma de grupo,
que significa basicamente que se um grupo de pessoas começa a discutir
um fenômeno elas tenderão a adotar um consenso. O que interessa aos
"pedagogos" é que esse consenso não precisa ser verdadeiro. Ele
pode ser influenciado de diversos modos. O mais simples é a inserção de
uma figura de autoridade no grupo: as pesquisas mostram que em
praticamente todos os casos a figura de autoridade determina o resultado
da "discussão", e ainda assim permanece o efeito de "consenso".
Esses dois conceitos são especialmente relevantes porque o primeiro é a origem do uso pedagógico do psicodrama, enquanto o segundo resultou em diversas práticas de grupo.
Toda vez que temos encenações em sala de aula, apresentações teatrais
ou simulações as mais variadas, é o psicodrama que está em jogo. Os
cientistas da Unesco comemoram que o psicodrama tem imenso sucesso na
"modificação de atitudes". A criança que joga lixo no chão, depois
de fazer o papel de um herói ecológico que passa sermão na plateia
inteira, tende a tornar-se uma ecochata fanática (para a Unesco, um
exemplo de santidade). Isso se dá porque o psicodrama é uma
eficaz técnica hipnótica, usada por terapeutas para transformar
crenças e hábitos. As práticas de grupo se manifestam nos supostos
"debates" (que, como sabemos, são filtrados e controlados pelo professor
para chegar à conclusão esperada). Também se estimula todo tipo de
atividade que atribua mais autoridade ao grupo do que aos pais ou à
tradição (ambas fontes de "preconceitos"). Segundo os psicólogos, é
muito fácil influenciar a opinião dos grupos de jovens, o que os torna autoridades desejáveis (especialmente em comparação com outras como pais e sacerdotes).
Quando se fala de educação multidimensional, também surge a ideia de que a educação não deve "apenas" transmitir "informações", mas atingir a totalidade da personalidade. Fala-se que toda educação pressupõe a dimensão dos valores, e que deve assumi-los e trabalhar por eles. O significado concreto disso é que a educação deve moldar o comportamento dos estudantes, e essa formatação deve ser completa: emoções, convicções, hobbies,
sonhos, tudo deve ser influenciado o quanto possível dentro do quadro
dos "valores" da Unesco. Ensinar uma doutrina não é o bastante, nem é
desejável, porque uma doutrina precisa persuadir a inteligência. O melhor é "modificar atitudes", isto é, condutas, de preferência sem que o sujeito perceba que está sendo induzido. Ele deve sentir que está fazendo tudo porque quer. A mudança é sub-reptícia. Repito que tudo isso está dito nos documentos da Unesco.
Quando escolas promovem atividades práticas (um outro jeito de dizer ativas ou experimentais), que colocam os estudantes numa posição ideologicamente comprometida, isso não deve ser encarado como acidental. Os pedagogos que citei preconizam explicitamente atividades extracurriculares que ajudem a internalizar as "atitudes" apropriadas. Quando se fazem discussões em grupo sobre temas "atuais", com intromissões sutis do professor, não se trata de coincidência. A Unesco vem promovendo artigos, manuais pedagógicos e cursos de atualização que ensinam os professores a fazer exatamente isso.
E o poder dessa coisa sobre a mente de crianças e adultos está
documentado. É a mais extensa lavagem cerebral já feita na História, com
um grau elevadíssimo de sucesso. A primeira coisa que pretendo com este
texto é divulgar a terminologia pseudopedagógica que vem sendo
utilizada para esconder essas técnicas de manipulação mental.
Em segundo lugar, eu gostaria também que os
leitores pensassem sobre os efeitos que essa pedagogia teve em seus
próprios casos. Quaisquer pessoas que estiveram na escola nas últimas
duas décadas devem ter sido submetidas a técnicas como as que descrevi.
Quanto mais jovem a pessoa, pior, pois os métodos se desenvolveram e se
disseminaram. Lembrem-se de que essa educação visa simplesmente a
desenvolver reflexos condicionados, e despreza totalmente o
desenvolvimento intelectual. Lembrem-se também de que, com o tempo,
tendemos a nos dessensibilizar e achar natural que sempre reajamos a
tudo de modo automático e semi-consciente. Achamos normal nunca termos
lido os Lusíadas, não sabermos diferenciar uma oração subordinada de uma
coordenada, não conseguirmos escrever um texto sem erros grotescos,
demorarmos para fazer uma conta simples, não sabermos as
diferenças situacionais entre um debate e um discurso, nunca termos lido
uma fonte primária de algum evento histórico etc.
Isso significa que há grandes chances das minhas e das tuas capacidades linguísticas, matemáticas, etc. estarem numa situação tenebrosa. É urgente
que desenvolvamos uma grande desconfiança de nossas próprias
inteligências, e que corramos contra o tempo para corrigir esse
processo. É igualmente urgente que aqueles que possuem filhos passem,
além de conscientizar as crianças a respeito dessas técnicas, a vigiar cada passo de seus professores e cobrar as escolas
fazendo quanto escândalo possível. Quando falarem de
"multidimensionalidade", digam que é bestialidade. Quando falarem de
"habilidades sociais" digam que é engenharia social, estupro intelectual
e abuso de menores. Quando falarem de "valores", digam que quem ensina
valores a seus filhos são vocês, e que não vão aceitar que pressionem e
induzam as crianças contra a família. Seu filho é um ser humano. Não
deixe a escola adestrá-lo como um animal.
* A mesma técnica é aplicada diariamente na
escola, quando se pede que alunos escrevam redações sobre temas que
desconhecem totalmente. É claro que, antes da redação, eles têm uma
"aula" em que o professor lhes diz exatamente tudo o que devem pensar a
respeito. Depois de escrever o texto, as crianças adotam aquelas
opiniões como se as tivessem formado sozinhas, com grande convicção.
Publicado no site Ad Hominem.
Fonte: www.midiasemmascara.org
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