terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

A religião ambientalista vista por um professor de filosofia


Cultos extravagantes na Rio+20:  o que tem a ver ambientalismo com religião?
Cultos extravagantes na Rio+20:
o que tem a ver ambientalismo com religião?
Com frequência neste blog temos focalizado a existência de uma estranha religião imanente no ambientalismo.
E nos referimos ao tipo de ambientalismo que pretende ser o mais coerente com os princípios básicos do movimento.
Também, com relativa frequência, ouvimos indagar o por quê dessa insistência em dita religião incubada, ou em questões religiosas. Porque, a primeira vista, a problemática ambientalista é basicamente científica.
Compreendemos perfeitamente esta dificuldade e a olhamos até com simpatia.
Pois, essa dificuldade foi também a nossa. E, em certo sentido continua sendo.
Tivemos dificuldade em admitir a ideia de uma religião singular por trás do ambientalismo mais “genuíno”.
Porém, com o tempo, foi ficando evidente para nós que o movimento ambientalista só se compreende bem pressupondo uma crença peculiar que o explica.

Panteismo que amalgama todos os seres?
Panteismo que amalgama todos os seres?
A aplicação desta hipótese, revelou-se ordenadora e, depois, indispensável. Dizemos que seguimos tendo dificuldades com essa “religião”, não só porque não a compartilhamos.
Mas, sobre tudo, porque não conseguimos abarcar alguns de seus aspectos.
Esses parecem ser de tal maneira profundos e escuros que precisaríamos do talento de um Dante descrevendo o inferno para formulá-la.
Quiçá um dia chegaremos, sem o talento de Dante sem dúvida!
Denis Lerrer Rosenfield, professor de Filosofia na UFRGS, desde seu ponto de vista, apontou alguns aspectos dessa “religião” verde que não ousa dizer seu nome abertamente.
Por isso, julgamos de interesse para nossos leitores relembrar alguns excertos do artigo “O mal e o capitalismo” da lavra do professor gaúcho, publicado no “O Estado de S. Paulo”, 02.07.12:

O mal e o capitalismo

Denis Lerrer Rosenfield, professor de Filosofia na UFRGS
Denis Lerrer Rosenfield,
professor de Filosofia na UFRGS
Para que se possa melhor compreender os atuais debates em torno das questões ambientais, com reflexos na vida das cidades e do campo, torna-se necessário compreender a mentalidade dos ambientalistas radicais. Argumentos científicos são cada vez mais relegados a segundo plano, embora, sob a forma do disfarce, esse tipo de ambientalista diz representar avanços científicos.
O que está, na verdade, em questão é uma mentalidade teológico-política, em tudo avessa ao pensamento crítico.
Vejamos os pontos estruturantes dessa mentalidade: 1) o fim do mundo; 2) os profetas; 3) o mal; e 4) a salvação.
O fim do mundo — Os ambientalistas radicais ou religiosos — o que é a mesma coisa — vivem anunciando o fim do mundo. Se não forem ouvidos ou atendidos, o planeta estará caminhando inexoravelmente para a catástrofe final. Um dos seus cavalos de batalha reside no anúncio do “aquecimento global”, que estaria produzindo resultados que confirmariam suas profecias.
Curioso nesse caso é que exercem tal influência sobre a opinião pública que nenhuma contestação é autorizada, principalmente as científicas. Tornou-se “normal” falar do aquecimento global planetário como se fosse uma verdade inconteste.
Quem discorda é anatematizado.
Cientistas que defendem essas posições, também chamados ecocéticos, têm, mesmo, dificuldades em publicar seus artigos. Os ecorreligiosos procuram, de todas as maneiras, fazer valer as suas posições.
Em entrevista a O Globo (20/6/2012), Richard Lindzen, cientista renomado do MIT, antes defensor das previsões alarmantes do aquecimento global, contesta atualmente esse catastrofismo, tendo se tornado um ecocético, ou seja, assumindo posições propriamente científicas.
Entre outros pontos, assinala que não houve um aquecimento significativo nos últimos 15 anos e, desde 1995, a temperatura média global do planeta pouco variou. No entanto, os anúncios proféticos do aquecimento global não cessam, embora não exista aquecimento que conduza ao anunciado desastre final.

Profetas — Nos últimos 150 anos, a temperatura média global variou entre 0,7 grau e 0,8 grau Celsius, o que invalidaria qualquer catastrofismo. No entanto, os profetas do fim do mundo continuam com previsões cada vez mais sombrias. Essas previsões são incessantemente desmentidas pelos fatos, porém sempre inventam novas, com supostos aquecimentos progressivos que tornarão o planeta inabitável em poucas décadas. Num curto espaço de tempo, catástrofes naturais tomariam conta do mundo.

Não houve nenhuma grande catástrofe natural, mas seus anúncios apocalípticos continuam. A mentalidade religiosa se reveste, contudo, de uma roupagem científica. Agem religiosamente e procuram lhe conferir um ar de cientificidade.
O mal — Note-se que essas previsões do desastre final têm um foco determinado, um objetivo que estrutura sua ação política: o capitalismo. Ou seja, o fim do mundo é conseqüência do pecado, do fato de as pessoas viverem e agirem segundo os valores de uma sociedade baseada na economia de mercado, no direito de propriedade e no ganho, denominado pejorativamente de lucro.
Os ecorreligiosos se estruturam em ONGs nacionais e internacionais respaldadas militantemente pelos movimentos sociais. Observe-se que estes, por exemplo, são apoiados, inclusive organizativamente, pela Igreja Católica e, em menor medida, pela Luterana.

A pobreza franciscana admirável nos religiosos,
se imposta à sociedade em nome do anticapitalismo
vai produzir uma miséria monstruosa
No Brasil, a CPT e o Cimi verbalizam, mesmo, essa postura profética, advogando pela eliminação da propriedade privada como o grande mal. O MST e organizações afins seguem a mesma posição. A propriedade privada e a economia de mercado seriam responsáveis pela pobreza e pelo desastre ambiental.
Uma vez o capitalismo eliminado, o mal, extirpado, o fim do mundo não se consumaria e o socialismo/comunismo ocuparia o seu lugar. A catástrofe ambiental, o apocalipse, seria evitada.
Note-se que símbolos do mal são o agronegócio e a produção de energia.
As lutas desses ambientalistas e movimentos sociais se estruturam segundo essas bandeiras. Na verdade, pretendem aumentar a pobreza com alimentos mais caros, o que poderia tornar a vida humana insustentável no planeta.
Querem que se produza menos, quando há mais bocas no mundo para ser alimentadas. Defendem uma energia mais cara, combatendo Belo Monte, que oferecerá energia renovável e barata. Posicionam-se contra as plantações de cana-de-açúcar e a produção de etanol, outro exemplo de energia renovável.

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Os ecorreligiosos têm, também, a versão dos ambientalistas chiques, que adotam essas posições em nome do politicamente correto. Gostam de aparecer como corretíssimos, em seus carros poluidores, utilizando celulares e vivendo em grandes apartamentos e mansões. Não deveriam ler jornais nem livros, nem utilizar papéis de qualquer espécie, pois são feitos de celulose, oriunda de florestas plantadas. Não se esqueçam de que o agronegócio é símbolo do mal.
Salvação — A salvação está, no entanto, à mão de todos os que seguirem os profetas. Basta lutar contra o capitalismo, desrespeitar a propriedade privada, organizar-se militantemente contra as hidrelétricas, invadir grandes propriedades, pois, assim, o novo mundo estará ao alcance de todos.
Outro mundo é possível, eis o lema que é a todo momento realçado. Todos os habitantes do planeta se deveriam dispor à conversão para a vida simples e primitiva, aquela que ganha, inclu-sive, a forma utópica — e falsa — da solidariedade originária.
Abandonem a civilização e nos sigam: nós somos o caminho, a floresta originária, o destino.
Fonte: Verde: A cor nova do comunismo

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