FBI não acompanha explosão de crimes com hipotecas
Carlos Drummond
De São Paulo
Em junho, o FBI ordenou aos seus escritórios localizados em 26 áreas dos Estados Unidos com grande incidência de crimes ligados ao mercado de hipotecas de baixa qualidade (subprime), que se concentrassem nas investigações desses casos. Naquele momento, apenas 150 agentes trabalhavam em 1.300 delitos do tipo. Uma quantidade irrisória diante dos 38 mil casos registrados no primeiro semestre, total 31% maior do que no mesmo período de 2007, ano em que houve 47 mil registros de atividades suspeitas nesse mercado, estopim da crise econômica que atinge os Estados Unidos e o resto do mundo.
Os crimes no mercado de hipotecas se espalham há mais de dois anos nos Estados Unidos, com especial intensidade nos estados da Flórida, Geórgia, Califórnia, Nevada, Arizona, Texas, Nova Iorque, Ohio, Michigan, Illinois, Indiana e Minessota. O FBI tem 12 mil agentes e 56 escritórios.
O senador Joseph Biden, do Partido Democrata e membro da Comissão de Justiça, notou que, nos últimos anos, 2.400 agentes do FBI foram mobilizados para combater o terrorismo. Ou seja, 16 vezes mais do que a quantidade de integrantes da equipe disponível até junho para investigar fraudes que estão na base do que talvez sejam o maior colapso social dos Estados Unidos e a mais grave crise mundial desde 1929.
A desproporção do efetivo em relação ao tamanho do problema chama a atenção quando se sabe que, em janeiro deste ano, 14 empresas, incluindo alguns dos maiores bancos do mundo, estavam sob investigação do FBI por possíveis fraudes contábeis, empréstimos securitizados fora das regras, financiamentos irregulares e tráfico de informações privilegiadas no mercado de hipotecas. A informação, divulgada pelo jornal The Guardian e pela Reuters, dava conta de que a agência investigava tanto as empresas que securitizaram os empréstimos como os bancos de investimento que compraram esses produtos, assim como as instituições que desenvolveram e as que concederam as hipotecas subprime.
Bear Stearns, Goldman Sachs e Morgan Stanley anunciaram que estavam cooperando com as investigações. De acordo com a Reuters, o banco suíço UBS também estava sendo investigado.
A crise explodiu quando centenas de bilhões de dólares em empréstimos para aquisição de residências foram entregues a pessoas que sabidamente não tinham condições de honrá-los. Elas ficaram com o "mico", isto é, com empréstimos impossíveis de pagar. Muitas perderam as suas casas também.
As fraudes envolvem desde bancos de investimento até instituições especializadas em crédito imobiliário e intermediários de vários tipos. As punições da Justiça, até o momento, atingiram apenas os pequenos intermediários desse mercado.
A importância aparentemente pequena que o FBI tem dado ao problema faz com que se multipliquem as críticas, em blogs e chats da internet, às ligações entre o governo Bush e Wall Street, tidas como comprometedoras.
Não chega a surpreender, entretanto, que a vista grossa de Washington favoreça crimes corporativos. Em primeiro lugar, houve uma política econômica que os ensejou. Não por acaso, alguns internautas dos Estados Unidos pedem a punição de Bush e do ex-presidente do FED, Alan Greenspan, que, com a derrubada da taxa de juros americana para 1%, em junho de 2003, deu início à ciranda financeira que viria desembocar no desastre atual. A atitude de leniência de Washington em relação a Wall Street seria, portanto, uma questão de coerência. Em uma frase que pretende resumir o que ocorre, o internauta M. T. N. Mike dispara: "criminosos profissionais estão investigando criminosos profissionais. Isso certamente não é uma falha do melhor governo que o dinheiro conseguiu comprar".
Carlos Drummond é jornalista. Coordena o Curso de Jornalismo da Facamp.--http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI3234273-EI6609,00-FBI+nao+acompanha+explosao+de+crimes+com+hipotecas.html
Nota: Será que uma crise de tal magnitude, em que as maiores instituições financeiras americanas estão envolvidas, poderia acontecer sem que o FED e outras instituições fiscalizadoras tivessem conhecimento? É difícil de acreditar.
Há inúmeras fontes que dizem há bastante tempo que o Governo Mundial só seria possível depois de várias crises globais, e uma crise financeira é uma dessas crises planejadas para a implantação do governo único da Nova Ordem Mundial.
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