quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

EUA se preparam para guerra virtual

EUA se preparam para guerra virtual

Proliferação de vírus que ataca fábricas mostra necessidade de preparação

Proteger poços de água e reservatórios de grãos contra invasões inimigas é uma atividade tão antiga quanto a guerra. Na Idade Média, recursos vitais eram acumulados por trás das muralhas dos castelos, protegidos por fossos, pontes levadiças e cavaleiros armados de espadas afiadas. Hoje, os planejadores de segurança nacional dos Estados Unidos estão propondo que a infraestrutura crítica do século 21 (redes de energia, comunicações, água e serviços financeiros) seja protegida da mesma maneira contra invasores virtuais e outros inimigos.

Um estudo feito pela Reuters com base em entrevistas com militares, funcionários do governo e especialistas externos demonstra que as forças armadas norte-americanas estão se preparando para combates digitais de maneira ainda mais extensa do que deram a entender em público. E manter as indústrias essenciais do país em funcionamento é aspecto importante, mas controverso, da missão.

William Lynn, secretário assistente da Defesa norte-americano, diz que "as melhores defesas das redes militares terão pouca importância, a menos que nossa infraestrutura civil também seja capaz de resistir a ataques".

Qualquer grande conflito futuro, diz ele, envolverá inevitavelmente guerra cibernética que poderia bloquear redes de energia, transportes e serviços bancários, causando "imensos" problemas econômicos.

Mas nem todos concordam que as forças armadas deveriam proteger essas redes. Na verdade, alguns observadores do setor privado temem que transferir a responsabilidade para o Pentágono seja tecnologicamente difícil e possivelmente improdutivo.

Por enquanto, os defensores da ação do governo estão em vantagem. Os argumentos deles foram reforçados pela recente emergência do Stuxnet, um vírus de computador que se espalha por pendrives e outros dispositivos USB e infecta sistemas industriais.

Até agora, segundo empresas de segurança, o software já afetou aproximadamente 100 mil computadores em todo o mundo.

O mistério em torno da origem de um dos vírus de computador mais perigosos do mundo fica cada vez mais complicado - tanto quanto o vírus em si. Alguns especialistas em segurança dizem que o alvo do Stuxnet eram as fábricas nucleares iranianas, para dificultar os planos do país de ter uma arma nuclear.

O Stuxnet atingiu o Irã de forma especialmente forte, prejudicando o programa nuclear de Teerã, mas também causou problemas em outros locais. Rússia, China, Israel e outros países estão correndo para fechar as brechas de suas redes.

Autoridades norte-americanas têm demonstrado cada vez mais preocupação sobre supostas invasões russas e chinesas na rede de eletricidade, que depende da Internet para funcionar. Além de garantir a integridade dos computadores do Departamento de Defesa dos EUA, o comando poderia promover ataques por redes de computadores no exterior.

O mundo teve um relance sobre como pode se parecer uma guerra eletrônica em 2007, na Estônia, e na Geórgia, em 2008, quando ciberataques interromperam redes de comunicação durante conflitos com a Rússia.

Agora o Stuxnet está assumindo os holofotes das preocupações dos especialistas em segurança ao ser considerado como o primeiro caso descoberto de software invasivo projetado para sabotar controles industriais. A fabricante de antivírus Kasperky Lab diz que "o Stuxnet é um protótipo alarmante de uma ciberarma que levará a uma nova corrida armamentista no mundo".

– Desta vez será uma corrida por armas eletrônicas.

Copyright Thomson Reuters 2009




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