quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

A queda dos governos árabes rumo à nova ordem mundial: EUA apoiou secretamente os líderes rebeldes


As revoltas na África do Norte começam a ter contornos mais definidos.

Hoje o diário britânico Telegraph dedica amplo espaço aos acontecimentos, como óbvio.

Mas não deixa de informar acerca dum aspecto mais obscuro: os Estados Unidos não só sabiam da revolta em preparação, como também ajudaram de forma activa ao longo de três anos.

E tudo isso enquanto o ainda Presidente Mubarak era elogiado como um fiel aliado na critica zona do Médio Oriente.

Vamos ler o artigo:

O apoio secreto dos Estados Unidos aos líderes rebeldes
A divulgação de informações, contidas na diplomacia segreda dos EUA revelada anteriormente por WikiLeaks, mostram funcionários norte-americanos que pressionaram o governo egípcio para a libertação dos dissidentes que tinham sido detidos pela polícia. Mubarak, que está a enfrentar o maior desafio à sua autoridade ao longo dos seus 31 anos no poder, ordenou ao exército para ocupar as ruas do Cairo ontem, enquanto os tumultos eclodiam em todo o Egipto.[...]

William Hague, o Ministro dos Negócios Estrangeiros [da Grã Bretanha, NDT], pediu ao governo egípcio para atender às “exigências legítimas dos manifestantes”.

Hillary Clinton, o secretário de Estado dos EUA, disse que estava “profundamente preocupada com o uso da força” para reprimir os protestos.
Numa entrevista para o canal de notícias americano CNN, transmitida amanhã, David Cameron disse: “Eu acho que precisamos de reforma do País. Quero dizer, nós apoiamos a reforma e o progresso na maior reforço pela democracia, os direitos civis e do Estado de Direito”.

O governo dos EUA tem sido um apoiante do regime do Presidente Mubarak. Mas os documentos revelados mostram que a América estava a oferecer apoio aos activistas pró-democracia no Egipto, apesar de elogiar Mubarak publicamente como um importante aliado no Médio Oriente.

Numa comunicação diplomática secreta, do dia 30 de Dezembro de 2008, Margaret Scobey, o embaixador dos EUA no Cairo, registou que os grupos de oposição estavam alegadamente a elaborar planos secretos para a “mudança de regime”, a ter lugar antes das eleições, previstas para Setembro deste ano.

O memorando, que o embaixador Scobey enviou ao Secretário de Estado dos EUA, em Washington, foi marcado como “confidencial” e era intitulado “Visita nos EUA do activista do grupo 06 de Abril e mudança de regime no Egipto”
Nele, o activista afirmava:

“Várias forças da oposição tinham concordado em apoiar um plano não escrito para uma transição em direcção duma democracia parlamentar, programando uma presidência enfraquecida, um ministro e um parlamento com poderes alargados antes das eleições presidenciais de 20110.”

A fonte da embaixada disse que o plano era “tão delicado que nem podia ser escrito”.

O embaixador Scobey perguntou-se se tal plano “irrealista” poderia ter funcionado.

No entanto, os documentos mostram que o activista tinha sido abordado por diplomatas dos EUA e que recebeu amplo apoio para a sua campanha pró-democracia por parte de funcionários em Washington.

A embaixada ajudou o activista presenciar uma reunião para jovens activistas em New York, que foi organizada pelo Departamento de Estado dos EUA.
Funcionários da embaixada do Cairo alertaram Washington de que a identidade do militante deveria ter sido mantida em segredo, porque poderia ter enfrentado retaliações uma vez regressado no Egipto. Inclusive, ele já teria sido torturado por três dias pela segurança do Estado egípcio, depois de ter sido preso por ter participado num protesto alguns anos atrás.

Os protestos no Egipto estão a ser impulsionados pelo movimento da juventude 06 de Abril, um grupo de Facebook que tem atraído principalmente os membros jovens e educados da oposição a Mubarak. O grupo tem cerca de 70.000 membros e usa sites de redes sociais para orquestrar protestos e relatar as próprias actividades.

Os documentos divulgados pela WikiLeaks revelam que os funcionários da Embaixada dos EUA estiveram em contacto regular com o activista ao longo de 2008 e 2009, considerando-o uma das fontes mais confiáveis na informação sobre os abusos dos direitos humanos.

Estados Unidos. E Wikileaks. Ainda uma vez.

A presença activa dos EUA na mudança de regime em curso faz nascer dúvidas acerca da espontaneidade do movimento não apenas egípcio mas também no da Tunísia, da Argélia, do Yemen.

E que dizer dos protestos na Turquia, na Índia, na Albânia ou na China? Todos naturais, tudo “vontade do povo”?
Ou estamos perante uma nova aplicação do lema divide et impera, técnica que a CIA tão bem conhece?

Depois Wikileaks.
Pouco antes das revoltas começarem, eis que a criatura de Julian Assange revela como os Estados Unidos, afinal, sempre estiveram ao lado dos bons.

Ainda uma vez, a divulgação de documentos confidenciais, que em teoria poderia ter provocado problemas aos Estados Unidos, acaba com o tornar-se uma mais valia.

Sem Assange, teria sido muito mais complicado para os Estados Unidos demonstrar a participação na “libertação” do Egipto, sobretudo tendo em conta as boas palavras dedicada ao Presidente Mubarak.

E mesmo que as já citadas revoltas nos outros Países não tenham visto o apoio directo de Washington, os Estados Unidos poderão agora apresentar-se como os paladinos da liberdade, os que ajudaram os povos muçulmanos reprimidos a abater os ditadores.

Mas agora é muito mais simples, Wikileaks é testemunha.
Começa a ser mais claro o efeito dominó das revoltas na África do Norte.
Começa a ser mais claro o papel de Wikileaks.

Fonte: http://www.informacaoincorrecta.blogspot.com/

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