O que é a Nova Ordem Mundial? Quem são seus planejadores? Quais são seus objetivos?
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
Uma Moeda Única Para um Mundo Unificado
Autor: Carl Teichrib, Forcing Change, Edição 12,
Volume 1.
"Uma economia global requer uma moeda global." — Paul Volcker,
ex-presidente da Reserva Federal dos EUA. [1].
"— Apóio totalmente a criação de uma moeda global."
Admirado, aguardei uma explicação.
"— Deste modo, os agricultores na África receberão o mesmo
pagamento que os agricultores na América do Norte, e os trabalhadores na Ásia
receberão o mesmo que os trabalhadores na Europa e em todo o resto do
mundo."
A perspectiva é interessante. Perguntei ao cavalheiro que
estava comigo à mesa: "— Você já estudou seriamente o sistema bancário ou o
papel histórico do dinheiro?"
A resposta negativa dele não me surpreendeu; afinal, igualdade
salarial e custos de produção não são exatamente questões monetárias, embora
afetem de algum modo a moeda. Portanto, passamos uma grande parte de nosso
horário de almoço analisando o relacionamento entre dinheiro, bancos e
poder.
Esta discussão provocativa que tivemos enquanto apreciávamos
uma sopa bem quente, ocorreu durante o encontro anual de uma organização cristã
de assistência social que tem um orçamento de muitos milhões de dólares. A
pessoa que estava comigo à mesa era um membro da diretoria que representava um
braço regional importante da organização. Claro, ele era apenas um homem em uma
grande estrutura administrativa, mas suas decisões — combinadas com as dos
outros membros — impactavam os projetos em todo o mundo. Assim, achei sua
declaração de apoio a uma moeda global muito mais preocupante, pois ali estava
um indivíduo envolvido na tomada de decisões econômicas importantes, mas que não
compreendia aquilo que apoiava.
Durante nosso almoço, ficou claro que ele não tinha compreensão
alguma sobre a incrível mudança de poder que ocorreria sob esse esquema, uma
mudança que efetivamente criaria um mestre global de proporções intocáveis. Tudo
o que ele podia ver era uma solução que seria um curativo em escala
internacional, "uma moeda global única" para tratar o problema da pobreza.
Refleti sobre essa conversa após retornar para casa, perplexo
com a facilidade com que uma pessoa com os motivos corretos estava disposta a
aderir a uma aventura arriscada em escala global. Pesquisando na seção sobre
bancos e economia em minha biblioteca, folheei alguns livros e documentos para
me aprofundar nesse assunto espinhoso. Encontrei diversas citações interessantes
nas páginas:
"A grande luta da história tem sido a luta pelo controle do
dinheiro. É quase tautológico afirmar que controlar a produção e distribuição do
dinheiro é controlar a riqueza, os recursos e os povos do mundo" — Jack
Weatherford, antropólogo e autor. [2].
"O controle do dinheiro e do crédito toca no coração da
soberania nacional" — A. W. Clausen, presidente do Bank of America, em
uma resposta à sugestão de criar um banco central global. [Clausen mais tarde
assumiu a presidência do Banco Mundial]. [3].
"Depois que um país abre mão do controle de sua moeda e do
crédito, não faz diferença quem são os deputados e senadores desse país." — W.
L. Mackenzie King, ex-primeiro-ministro do Canadá. [4].
Tudo isto faz surgir uma pergunta interessante: O mundo precisa
de um banco central global? Se você quiser criar uma moeda global única, então é
necessário uma estrutura bancária internacional armada com uma política
monetária em uma escala planetária. Essencialmente, o requisito para uma moeda
global única é um banco que tenha poder sobre todos os países, nações e línguas.
Paul Hellyer, um ex-membro do Parlamento canadense, criticou esse projeto em
1994, dizendo que sob esse sistema monetário e financeiro global, "os interesses
dos cidadãos e dos países individuais precisariam estar subordinados... aos
interesses das finanças internacionais." [5].
"... os países não poderiam mais seguir qualquer tipo de
política independente. A soberania sobre o mais poderoso de todos os
instrumentos econômicos seria entregue a um monstro internacional... Um banco
mundial administrado por uma elite de indivíduos selecionados e indicados para o
cargo e que coletivamente não presta contas a ninguém? Misericórdia!"
[6].
Sem que aquela pessoa com quem almocei soubesse, a ideia de uma
moeda global única tem sido debatida caladamente nos círculos bancários e
econômicos desde os tempos da Segunda Guerra Mundial. [7].
Em 1943, o economista americano Alvin Hansen sugeriu uma
abordagem econômica internacional para o problema da paz mundial. Embora o
interesse principal dele estivesse na promoção do pleno emprego e no
desenvolvimento dos países "atrasados" nos anos do pós-guerra, sua sugestão
baseava-se na criação de um Fundo Cambial Internacional junto com um Banco
Internacional. Esse Fundo "facilitaria o fornecimento de um câmbio adequado e,
especialmente, promoveria ajustes que levariam ao equilíbrio internacional..."
[8].
"Equilíbrio internacional” nas taxas de câmbio efetivamente
significa a criação de um sistema de uma moeda mundial única. Hansen também
reconheceu a importância política desse movimento e vinculou o federalismo
mundial com sua estrutura monetária global "para a preservação da paz e a
promoção de saudáveis relações políticas internacionais." [9].
Naquele mesmo ano, o economista britânico John Maynard Keynes
elaborou um plano para a instituição de uma moeda global.
A proposta de Keynes foi apresentada durante a Conferência de
Bretton Woods, em 1944, um encontro de alto nível que resultou na criação do
Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial. Referenciando o conceito
monumental de Keynes, o ex-presidente da Reserva Federal, Paul Volcker,
escreveu:
"A proposta contemplava a criação de uma nova moeda
internacional sintética, separada do ouro que os países já possuíam em suas
reservas; o nome que Keynes propôs para a moeda, bancor, combinava a palavra
para banco com a palavra francesa para ouro" [10].
Por trás dos bastidores, os EUA também tinham uma proposta de
moeda mundial para o encontro de Bretton Woods, apresentada por Henry Morgenthau
Jr. e criada basicamente pelo funcionário do Departamento do Tesouro, Harry
Dexter White [que mais tarde seria acusado de ser um agente soviético]. Como a
ideia de Keynes, o plano americano previa uma unidade monetária global
experimental, chamada de unitas. [12]
Robert Mundell, um economista respeitado que mais tarde ficaria
conhecido como o "pai do euro", comentou as interações políticas que cercaram
esse evento de 1944:
"O presidente Franklin D. Roosevelt instruiu seu Secretário do
Tesouro, Henry Morgenthau Jr., a fazer planos para a instituição de uma moeda
global. Tanto os planos americanos e britânicos em Bretton Woods incluíam a
previsão de uma moeda global. O plano americano chamava a moeda de unitas; o
plano britânico a chamava de bancor. Ela nunca foi implementada por razões
políticas que tinham de ver com a política interna dos EUA. Meses após a
conferência, os americanos retiraram sua proposta de uma moeda global e quando
os britânicos, como Lord Robbins nos diz, trouxeram a questão de volta, 'os
americanos mudaram de assunto'. Em 1944 haveria eleições presidenciais e forças
isolacionistas e o próximo Congresso poderiam resistir a uma ideia que poderia
ser interpretada como um sacrifício de certo grau da soberania."
[13].
Embora as iniciativas de White e de Keynes tenham ruído em
1944, elas plantaram as sementes da ideia bem fundo nos solos da economia e do
sistema financeiro internacionais.
Por volta do fim dos anos 1960s, a ideia de uma unidade
monetária mundial começou a germinar. Em 1968, Robert Mundell foi levado a um
Comitê Conjunto do Congresso dos EUA. Fazendo uma apresentação intitulada "Plano
para uma Moeda Mundial", Mundell foi bem direto: "É clara a direção em que
precisamos ir. Precisamos construir, a partir de todos os ativos atualmente
usados pelas autoridades monetárias, uma nova moeda mundial." [14].
No Fundo Monetário Internacional (FMI), uma nova iniciativa que
teve início de 1966 foi ratificada em 1969: os Direitos Especiais de Saque
(chamados de SDRs, de Special Drawing Rights) [15]. Baseada em uma cesta
de moedas (hoje, os SDRs são constituídos com base no dólar americano, no euro,
na libra britânica e o iene), acreditava-se que essa unidade contábil
eventualmente se tornaria um tipo de moeda de reserva
internacional.
David Rockefeller, quando era presidente do banco Chase
Manhattan, compreendeu o potencial dos SDRs em um sistema monetário reorganizado
globalmente. Ao falar diante do Clube Imperial do Canadá, em 1971, ele
recomendou a criação de uma Comissão Internacional para regular "o
relacionamento monetário, comercial e de investimentos em todo o mundo".
"Essa Comissão poderia se dedicar a uma redefinição das
paridades monetárias oficiais em termos de uma nova unidade monetária
internacional, talvez os SDRs. Ela também poderia considerar a reforma do papel
dos ativos de reserva internacionais dos bancos centrais."
[16].
Rockefeller esperava que o conceito avançasse rapidamente,
antes que o "vírus do protecionismo que faz os países se virarem para dentro" e
o "nacionalismo autodestrutivo" reduzissem o "espírito da cooperação e da
solidariedade internacionais". [17].
Embora os SDRs não tenham alcançado o status que David
Rockefeller previu, o uso deles cresceu nos anos recentes. Hoje, o Banco de
Compensações Internacionais — que faz o papel de banco central para os bancos
centrais — detalha seus lucros anuais e dividendos em SDRs. Em 2005, a Argentina
anunciou que os pagamentos de sua dívida externa seriam feitos nessa unidade de
cesta de moedas do FMI. [18]. Comentando sobre os SDRs, o presidente da
Associação da Moeda Única Global escreve: "Algum dia, as quatro moedas na cesta
serão transformadas em uma, a Moeda Global Única, e os SDRs desaparecerão."
[19].
De fato, a criação dos SDRs no fim dos anos 1960s parecia abrir
a porta para mais discussões sobre uma moeda global. Isto foi evidente durante
uma conferência em 1969 promovida pelo Banco da Reserva Federal de Boston, em
que os participantes deliberaram a ideia de um mundo unificado dentro dos
confins do Sistema da Reserva Federal dos EUA. Duas citações desse evento nos
ajudam a entender um pouco o teor do debate:
"Permitam-me deixar a oposição de lado e tratar algo mais
positivo, começando com o melhor e o pior do sistema monetário internacional. O
primeiro melhor, em meu julgamento, é uma moeda mundial com uma autoridade
monetária mundial" [20; Charles P. Kindleberger.].
"Sou um utopista. Gostaria de ver um mundo com uma única moeda.
Ao contrário do Sr. Kindleberger, gostaria de ver o mundo sem uma autoridade
monetária central... Uma autoridade monetária mundial é uma autoridade
politicamente irresponsável que não tem uma relação representativa com os povos
do mundo. Na melhor das hipóteses, seria uma ditadura benevolente de
'especialistas' escolhidos de uma forma arbitrária e sujeitos somente de forma
muito indireta a qualquer processo político efetivo. Uma moeda mundial com uma
autoridade mundial é, acredito, o pior-melhor e não o primeiro melhor, tanto em
termos políticos quanto econômicos. Por outro lado, uma moeda única para o mundo
unificado sem uma autoridade monetária seria um sistema bastante bom..." [21;
Milton Friedman].
O Dinheiro Mundial e a Necessidade de Crises
Durante meados dos anos 1970s, a discussão sobre a criação de
uma moeda mundial foi obscurecida pela nova agenda global de estabelecer uma
"ordem econômica internacional". O objetivo: colocar em jogo um efetivo regime
socialista internacional, completo com a transferência de riqueza do primeiro
mundo para os cofres das nações em desenvolvimento e o fortalecimento de um
sistema de governança global de orientação socialista. [22].
Embora uma moeda global única não estivesse tipicamente
associada com essa agenda, a emissão e distribuição do crédito internacional era
frontal e central. E esse sistema de crédito requer um mecanismo de controle —
algo como um Banco Central Global.
Em um discurso intitulado "Ganhos para Todos em um Novo Mundo",
feito diante do Comitê Conjunto de Economia do Congresso dos EUA, o
secretário-geral da Comunidade Britânica de Nações, Shridath Ramphal
declarou:
"O crédito é o lubrificante central em um sistema econômico...
É por isto que um dos principais objetivos na nova ordem econômica internacional
que os países em desenvolvimento estão agora buscando é um sistema internacional
de crédito..." [23].
Embora o conceito de uma moeda única tenha reaparecido durante
meados dos anos 1970s, foi Richard Cooper, professor da Universidade de Harvard
e membro do Conselho das Relações Internacionais (o CFR, de Council on
Foreign Relations) que reacendeu o debate nos anos 1980s. Durante outra
conferência do Banco da Reserva Federal de Boston, desta vez em 1984. Cooper
virou as mesas ao delinear um esquema revolucionário para uma nova organização
do sistema monetário internacional.
"Apresentei um esquema alternativo radical para o próximo
século: a criação de uma moeda comum para todas as democracias industriais com
uma política monetária comum e um Banco de Emissão conjunto para determinar essa
política monetária... Esta proposta é radical demais para o futuro imediato, mas
pode fornecer uma 'visão', ou um objetivo, que possa guiar os passos
intermediários..." [24].
O plano de Cooper era radical, propondo uma moeda mundial por
volta do ano de 2010. Outros participantes da conferência, como Lord Eric Roll
(então presidente da casa bancária Warburg & Co.) e Ariel Buira (então
vice-diretor do Banco do México) comentaram favoravelmente o plano de Cooper, e
Buira observou que "as objeções a esse esquema parecem ser em grande parte de
natureza política." [25].
No verão de 1984, o CFR publicou a proposta de Cooper em sua
revista Foreign Affairs. Desde então, outros economistas expressaram
apoio à criação de uma moeda global única. Considere algumas citações:
1998: "… a transição para uma moeda única para todo o mundo
poderá acontecer com uma rapidez que surpreenderá a muitos. O mundo pode
facilmente fazer a transição das quase 200 moedas que existem hoje para somente
uma única moeda em uma década e daqui a vinte e cinco anos, os historiadores se
perguntarão por que levou tanto tempo para eliminar a Babel de moedas que
existiam no século 20." — Bryan Taylor, economista-chefe do Global Financial
Data. [26].
2001: "Quando o VISA foi criado vinte e cinco anos atrás, os
fundadores viram que o mundo necessitava de uma moeda global única para as
operações cambiais. Tudo o que fizemos a partir de uma perspectiva global foi
tentar colocar uma peça após a outra para cumprir essa visão global. [27] —
Sarah Perry, diretora do Programa Estratégico de Investimentos do VISA.
2004: "… para a economia do mercado global prosperar nas
próximas décadas, uma moeda global parece ser a concomitante lógica." — Martin
Wolf, comentarista de assuntos econômicos do jornal Financial Times, e
ex-economista sênior do Banco Mundial. [28].
Em 2007, o Conselho das Relações Internacionais apresentou
novamente a ideia de um sistema monetário global ao publicar em sua edição de
maio/junho da revista Foreign Affairs um artigo intitulado "O Fim das
Moedas Nacionais". Nota: na capa, o artigo foi chamado de "Um Mundo, Moedas
Demais".
Benn Steil, diretor de Economia Internacional no CFR, escreveu
que os sistemas monetários nacionais deviam ser abandonados, "pois o
desenvolvimento econômico fora do processo de globalização não é mais
possível..." [29]. Falando de forma ainda mais sucinta, "O nacionalismo
monetário é simplesmente incompatível com a globalização." [30]. E, "de modo a
se globalizarem com segurança, os países devem abandonar o nacionalismo
monetário e abolir as moedas indesejadas..." [31].
A conclusão é esta. Steil identifica exatamente a fissura
potencial na economia mundial que pode nos levar a uma nova estrutura
financeira: o enfraquecimento do dólar americano em nível global. Nas últimas
décadas, o dólar americano se tornou a moeda global inquestionável e os países
de todo o mundo precisam possuir dólares para poderem comprar e vender em vários
mercados internacionais, especialmente no mercado do petróleo. Steil
escreve:
"... o status privilegiado atual do dólar como moeda global não
é uma concessão dada pelos céus. Essencialmente, o dólar é apenas outra moeda
suportada pela fé que os outros a aceitarão de boa vontade no futuro em troca
das mesmas coisas valiosas que ela comprou no passado. Isto coloca uma grande
responsabilidade sobre as instituições do governo dos EUA para validar essa fé.
Infelizmente, essas instituições estão falhando em assumir essa
responsabilidade. A política fiscal imprudente dos EUA está solapando a posição
do dólar ao mesmo tempo que seu papel de dinheiro global está se expandindo."
[32].
Reconhecendo o possível cenário de perda de valor do dólar,
Steil aponta para a crescente preocupação com os bancos centrais da China e de
outros países que possuem uma grande reserva em dólares. Tenha em mente que a
China sozinha detém mais de um trilhão de dólares em suas reservas e rumores
vindos do Oriente sobre a substituição dessas reservas começaram a causar
agitação nos mercados.
Embora Steil não faça a pergunta, ela se torna dolorosamente
óbvia: O que acontecerá se a China e outros países "temerem a insustentável
leveza de suas reservas"? O que acontecerá com a economia mundial se os bancos
centrais começarem rapidamente a se desfazer de suas reservas em dólares?
Tudo isto enfatiza uma realidade estratégica que pode ser
resumida em três palavras: Crise representa oportunidade. Como o mandachuva das
finanças A. W. Clausen disse certa vez: "Novos sistemas político-econômicos
abrangentes entre os povos quase sempre aparecem após uma conquista ou uma crise
comum..." [33].
Robert Mundell também vê a crise como um ponto de partida para
a mudança. Em uma palestra em maio de 2007, ele relatou: "A reforma monetária
internacional se torna possível em resposta a uma necessidade sentida ou devido
à ameaça de uma crise global."
Esse ganhador do Prêmio Nobel também apontou seu dedo para o
possível evento de gatilho, dizendo que "a crise global teria de envolver o
dólar" e que uma moeda internacional seria vista como "uma contingência" para um
desastre global do dólar. [34].
Com uma crise similar em mente, Benn Steil oferece aquilo que
parece ser uma solução altruísta. De modo a evitar a crise, todos os países
precisam abrir mão de sua soberania antes que o problema se torne
insuperável.
"Os governos precisam rejeitar a noção fatal que a
nacionalidade requer que eles criem e controlem o dinheiro usado em seu
território. Moedas nacionais e mercados globais simplesmente não combinam;
juntos, eles formam uma mistura mortal de crise monetária e tensão geopolítica e
criam pretextos para o nocivo protecionismo." [35].
Portanto,
como a soberania sobre a moeda deve ser obliterada?
Steil afirma candidamente que o mundo precisa se reagrupar em
torno de três unidades monetárias regionais: o dólar, o euro e uma nova moeda
asiática. [36]. Essa proposta espelha o trabalho de Robert Mundell, que tem
viajado por todo o mundo e participado como palestrante em conferências sobre
uma nova unidade monetária internacional baseada no dólar americano, no euro e
no iene. Segundo o plano de Mundell, essas três moedas formariam a base de uma
"unidade monetária mundial", chamada de DEY e o Fundo Monetário Internacional
seria seu gerente — essencialmente substituindo o programa dos SDRs. [37].
A Importância das Regiões Monetárias
A implementação do plano de Mundell pode não estar tão
distante, pois grandes blocos monetários, liderados pelo sucesso da Europa com o
euro, estão se formando em diversas partes do globo. As nações da América do
Sul, do Sudeste Asiático e da África estão todas procurando criar zonas
monetárias regionais. O Oriente Médio também está seguindo o mesmo caminho. Na
verdade, em 2010, se tudo ocorrer de acordo com o plano, o Conselho de
Cooperação do Golfo — que é constituído por diversos países do Oriente Médio,
incluindo o Kuwait e a Arábia Saudita — terá seu próprio sistema monetário
regional. Dubai, a cidade que cresce mais depressa em todo o mundo, também é
membro desse Conselho. [38].
A América do Norte também está buscando a integração das
moedas. Há vários anos que o conceito de um sistema monetário norte-americano
surgiu nos círculos dos bancos centrais, sendo amero o nome sugerido para a nova
moeda continental. [39]. E, se não for o amero, então alguns acreditam que o
dólar deva se tornar uma moeda trinacional. Em maio de 1999, a economista Judy
Shelton sugeriu para o Comitê da Câmara Sobre Bancos e Serviços Financeiros a
dolarização da América do Norte. [40]. Da mesma forma, outros estão examinando
as opções monetárias para o continente e o ímpeto para um novo sistema econômico
regional que vincule o Canadá, os EUA e o México está crescendo em
intensidade.
Mas, como os blocos monetários regionais contribuem para a
criação uma moeda global única? Morrison Bonpasse, presidente da Associação da
Moeda Global Única (SGCA, de Single Global Currency Association), um
grupo de economistas que trabalha para a criação de uma moeda internacional,
responde à pergunta: "As uniões monetárias do século 21 e aquelas que vieram do
século 20, são os marcos no caminho para o futuro e para a União Monetária
Global." [41].
Bonpasse desenvolve melhor o ponto:
"Graças ao sucesso da União Europeia e outras uniões
monetárias, sabemos agora como criar e manter os 3-Gs: uma União Monetária
Global, com um Banco Central Global e uma Moeda Global Única." [42].
"O mundo está pronto para começar a se preparar para uma Moeda
Global Única, exatamente como a Europa se preparou para o euro e os países do
Golfo Árabe estão se preparando para uma moeda comum. Após o objetivo de uma
Moeda Global Única estiver estabelecido por países que representam uma proporção
significativa do PIB mundial, então o projeto pode ser buscado como seus
predecessores regionais." [43].
Essencialmente, o modelo regional se torna uma etapa
intermediária para a criação de uma moeda mundial. Entretanto, o problema do
nacionalismo persiste. Discutindo esse "problema", Bonpasse escreve:
"A tarefa pode ser definida de forma bem simples: como fazer a
transição das atuais 147 moedas para uma só? Desenvolver a vontade política para
superar a força residual do nacionalismo é o maior desafio para o movimento para
um mundo dos 3-Gs."
"Como ocorreu com a implementação do euro, a economia e
política da união monetária estão inextricavelmente ligadas uma com a outra e a
lógica de ambas aponta para o mundo dos 3-Gs."
"A questão agora não é se o mundo adotará uma Moeda Global
Única, mas quando? E quão tranquila, barata e planejada OU quão difícil, cara e
caótica será a jornada?" [44].
Para os internacionalistas, a soberania nacional é o obstáculo
predominante. Para um Banco Central Global e uma moeda mundial existirem,
algumas outras estruturas políticas precisarão ser formadas. Robert Mundell
compreendeu esse problema político ao fazer uma apresentação em 2003 intitulada
"O Sistema Monetário Internacional e a Questão de uma Moeda Mundial". A resposta
dele foi franca: "Uma moeda global única não poderá ser instituída sem um
governo global. Impor uma moeda única envolveria grandes problemas de
organização." [45].
Entretanto, essa realidade não impede a SGCA e outros de mente
similar de fazerem seus planejamentos progressivos. Com Bonpasse afirma: "É hora
de buscar seriamente o objetivo de uma Moeda Global Única, gerenciada por um
Banco Central Global e dentro de uma União Monetária Global." [46].
Como seria um Banco Central Global? A comparação mais provável
que podemos fazer hoje seria com o Banco de Compensações Internacionais (chamado
de BIS, de Bank for International Settlements), uma instituição
virtualmente impérvia. Aqui estão alguns pontos a considerar com relação à
natureza intocável do BIS:
O BIS é "imune a toda tributação", incluindo "todos tributos
sobre o capital do Banco, reservas ou lucros..." [47].
A sede do BIS, os escritórios de suas filiais e qualquer
edifício que esteja sendo usado pelo BIS são invioláveis pelos agentes dos
governos nacionais, incluindo a polícia nacional. [48] (Tente argumentar que seu
lar e sua empresa são "invioláveis" para qualquer autoridade pública e veja o
que acontece!).
Os funcionários do BIS têm imunidade diplomática internacional,
incluindo imunidade contra prisão, "exceto em casos flagrantes de infrações
criminais". A diretoria de funcionários do BIS têm diversos outros privilégios,
incluindo benefícios tributários e de imigração com os quais a pessoa mediana
somente pode sonhar. [49].
A agência do BIS na China tem uma
cláusula especialmente poderosa:
"O Banco não estará sujeito a qualquer forma de supervisão
financeira ou bancária e não estará obrigado a implementar qualquer forma de
norma contábil, ou seguir qualquer forma de requisito de licenciamento ou de
registro." [30].
Outro exemplo possível é o Banco Central Europeu, que também
está equipado com imunidades e privilégios especiais — incluindo a independência
da influência e instrução políticas. [51]. Vendo a escrita na parede, o
estrategista em geopolítica Edward Luttwak escreveu em 1998:
"As autoridades não eleitas do Banco Central Europeu assumirão
total e exclusivo controle sobre a política monetária de todos os países-membros
a partir da formação formal da União em 1 de janeiro de 1999. Imune a qualquer
interferência democrática, o Banco estará livre para interferir quando quiser em
tudo o que se refira a dinheiro em todos os países-membros..."
[52].
É disto que o mundo precisa? É isto o que o mundo quer? Um
Banco Central Global que atue como o rei do mundo? Infelizmente, pouquíssimas
pessoas compreendem o poder e influência exercidas pelos bancos centrais. Steven
Solomon, em seu livro sobre os bancos centrais, detalha essa realidade em seu
cenário mais amplo:
"As impressões digitais dos banqueiros centrais estão em toda a
parte por trás das manchetes financeiras diárias: a elevação e queda das taxas
de juros, as subidas e descidas do dólar, e o resgate emergencial do mercado
acionário em colapso de um país em crise. Entretanto, eles próprios são
raramente vistos ou compreendidos, exceto por uma elite minoritária."
[53].
Em seguida, Solomon descreve os banqueiros centrais globais, e
o BIS em particular, como uma "Maçonaria internacional" — um clube de amigos que
tem suas negociações escondidas atrás do véu de transações especializadas,
jargões técnicos e uma incrível influência.
Por incrível que pareça, a Associação da Moeda Global Única
(SGCA) sugere que o Banco Central Global operará "com governança aberta", em que
"cada decisão será exposta na Internet para os olhos de bilhões de pessoas".
[54]. O argumento contra essa visão de transparência é massacrante demais:
utilizando os bancos centrais atuais e históricos como um modelo, é evidente que
um Banco Central Global estará fora do alcance das pessoas.
Com relação à sede para o Banco Central Global, Bonpasse sugere
Basileia, Zurique ou Genebra. "A Suíça tem uma reputação de solidez monetária e
situar o BCG na Suíça poderá ser o incentivo necessário para que esse país
ingresse como membro da União Monetária Global." [55].
"A estrutura governante do BCG deve ser relativamente fácil de
criar, dados os modelos disponíveis e bem-sucedidos da Reserva Federal dos EUA,
do Banco Central Europeu, do Fundo Monetário Internacional, do Banco Mundial,
das Nações Unidas e de organizações associadas, como a Organização Mundial da
Saúde. Nem todos estão satisfeitos com as estruturas de todas essas
organizações, mas esta é uma questão política negociável..."
[56].
Ele está correto: é uma questão política. Isto foi evidente
para Richard Cooper quando ele apresentou a ideia de um Banco Central Global e
uma moeda global na conferência do Banco da Reserva Federal de Boston, em
1984:
"A ideia está longe de ser politicamente viável no presente.
Devido à necessidade de uma real cessão da soberania monetária, serão
necessários muitos anos de consideração até que as pessoas se acostumem com a
ideia."
Entretanto, naquela época Cooper propôs um cronograma
específico para começar a encarar essa ideia seriamente:
"Este regime de moeda única é radical demais para ser imaginado
dentro de um futuro próximo. Todavia, ele não é tão radical para 25 anos no
futuro..." [57]. Da mesma forma, a SGCA tem uma data em mente: 2024.
Em retrospecto, o cronograma de Cooper parece bastante preciso:
Vinte e cinco anos após 1984 nos traz a 2009 e hoje a ideia de uma moeda global
única está ganhando força por meio de organizações como a SGCA e por meio de
importantes proponentes, como Robert Mundell. Além disso, o Banco de
Compensações Internacionais tem publicamente considerado o potencial para uma
moeda única para o mundo construída em torno dos agrupamentos regionais. [59].
Mas, tudo isto irá ajudar o agricultor na África, ou trazer
igualdade salarial para os trabalhadores de todo o mundo?
Provavelmente não. Entretanto, isto dará poderes sem
precedentes a um cartel bancário internacional, de um tipo que nunca foi visto
ou experimentado antes. Como um crítico do sistema bancário global escreveu
certa vez: "Dinheiro é dinheiro e bancos são bancos; e nenhum dos dois reconhece
qualquer lealdade que não produza juros compostos." [59].
"E faz que a todos, pequenos e grandes,
ricos e pobres, livres e servos, lhes seja posto um sinal na sua mão direita, ou
nas suas testas, para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que
tiver o sinal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome. Aqui há sabedoria.
Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é o número de um
homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis." [Apocalipse
13:16-18].
Notas Finais
1. Como citado por Morrison Bonpasse, The Single
Global Currency (Single Global Currency Association, 2006), pág. 264.
2. Jack Weatherford, The History of Money (Crown
Publishers, 1997), pág. 246.
3. A. W. Clausen, em uma entrevista em 1979 com o
Freeman Digest, "International Banking", pág. 21.
4. William Lyon Mackenzie King, em um programa de rádio,
2 de agosto de 1935. Citação impressa no livro de Walter Stewart, Bank
Heist (Harper Collins, 1997), pág. 71.
5. Paul Hellyer, Funny Money (Chimo Media, 1994),
pág. 57.
6. Idem, pág. 57-58.
7. Paul Volcker levanta
este ponto em seu livro (ele é coautor), Changing Fortunes: The World’s Money
and the Threat to American Leadership (Times Books, 1992), pág. 9. O coautor
de Volcker foi Toyoo Gyohten. Veja também, Morrison Bonpasse, The Single
Global Currency (Single Global Currency Association, 2006).
8. Alvin Hansen, Economic Organization for Peace, impresso
em Beyond Victory, editado por Ruth Nanda Anshen (Harcourt, Brace and Co.,
1943), pág. 104.
9. Idem. pág. 106.
10. Paul Volcker and Toyoo Gyohten, Changing Fortunes: The
World’s Money and the Threat to American Leadership (Times Books, 1992),
pág. 9.
11. Veja Sacred Secrets: How Soviet Intelligence Operations
Changed American History, Jerrold and Leona Schecter (Brassey’s Inc., 2002).
12. Morrison Bonpasse, The Single Global Currency (Single
Global Currency Association, 2006), pág. 153.
13. Robert Mundell, "The Case for a World Currency", Journal of
Policy Modelling, #27, pág. 458.
14. Citado em The Single Global Currency (Single Global
Currency Association, 2006), pág. 155.
15. Brian Tew, The Evolution of the International Monetary
System, 1945-81 (Hutchinson, 1977/82), pág. 131.
16. David Rockefeller, "The World Monetary System: A Pattern for
the Future", The Empire Club Addresses, 1971-1972 (The Empire Club Foundation,
1972), pág. 135. Este discurso foi feito em 16 de dezembro de 1971.
17. Idem, pág. 135-136.
18. Morrison Bonpasse, The Single Global Currency (Single
Global Currency Association, 2006), pág. 154.
19. Idem, pág.154.
20. Charles P. Kindleberger, falando em uma conferência da Reserva
Federal. "The International Adjustment Mechanism", Federal Reserve Bank of
Boston, 1969, Conference Series 2, pág. 105.
21. Milton Friedman, "The International Adjustment Mechanism",
págs. 18, 117.
22. Para mais sobre isto, veja o livro de Philip C. Bom, The
Coming Century of Commonism: The Beauty and the Beast of Global Governance
(Policy Books, 1992).
23. Shridath Ramphal, "Gains for all in a new order", discurso
feito diante do Comitê Econômico Conjunto do Congresso dos EUA. "One World to
Share: Selected Speeches of the Commonwealth Secretary-General", 1975-9
(Hutchinson Benham, 1979), pág. 88.
24. Richard N. Cooper, "Is There a Need for Reform?" Discurso
feito em uma conferência do Banco da Reserva Federal de Boston, em maio de 1984.
Veja The International Monetary System: Forty Years After Bretton Woods
(Federal Reserve Bank of Boston, 1984), pág. 37.
25. Ariel Buira, Discussion, idem. pág. 45.
26. Citado em The Single Global Currency, pág. 230.
27. Sarah Perry, diretora do Programa de Investimentos
Estratégicos do VISA, conforme reimpresso em The Single Global Currency
(Single Global Currency Association, 2006), pág. 7.
28. Martin Wolf, escrevendo para o Financial Times, 3 de
agosto de 2004. Também citado em The Single Global Currency, pág. 216.
Wolf também declarou: "Este é um mundo que é improvável que eu verei. Mas,
talvez meus filhos ou meus netos verão."
29. Benn Steil, "The End of National Currency", Foreign
Affairs, maio/junho de 2007, pág. 95.
30. Idem, pág. 89.
31. Idem, pág. 84.
32. Idem, pág. 93.
33. A. W. Clausen, em uma entrevista de 1979 com o Freeman
Digest, "International Banking", pág. 23.
34. Robert Mundell, "A Decade Later: Asia New Responsibilities in
the International Monetary System", apresentação feita em Seul, Coreia do Sul,
em 2-3 de maio de 2007.
35. Benn Steil, "The End of National Currency", Foreign
Affairs, maio/junho de 2007, pág. 84.
36. Idem, pág. 95.
37. Robert Mundell, "A Decade Later: Asia New Responsibilities in
the International Monetary System", apresentação feita em Seul, Coreia do Sul,
em 2-3 de maio de 2007.
38. Para mais informações sobre a formação dos blocos regionais,
veja o relatório do Banco de Compensações Internacionais, "Regional Currency
Areas and the Use of Foreign Currencies", setembro de 2003.
39. Veja meu artigo na edição do Outono de 2007 de Hope for the
World Update a respeito da formação da união monetária da América do Norte.
Para mais informações sobre este tópico, confira a edição de julho de 2007 de
Forcing Change (http://www.forcingchange.org).
40. Veja o testemunho de Judy Shelton diante do Comitê Sobre
Bancos e Serviços Financeiros da Câmara, Oitiva Sobre a Estabilidade das Taxas
de Câmbio nas Finanças Internacionais, 21 de maio de 1999.
41. Morrison Bonpasse, The Single Global Currency (Single
Global Currency Association, 2006), pág. 134.
42. Idem, pág. 229.
43. Idem, pág. 281.
44. Idem, pág. 229.
45. Robert A. Mundell, "The International Monetary System and the
Case for a World Currency", Leon Kozminski Academy of Entrepreneurship and
Management and TIGER, Distinguished Lectures Series Number 12, Varsóvia,
Polônia, 23 de outubro de 2003.
46.The Single Global Currency, pág. 282.
47. Carta de Constituição do Banco de Compensações Internacionais,
ponto 6. BIS, Textos Básicos, págs. 4-5.
48. Veja o Acordo Entre o Conselho Federal Suíço e o Banco de
Compensações Internacionais, Artigo 3. Textos Básicos, págs. 36-37. Veja "Host
Country Agreement with China", Artigo 4, Textos Básicos, pág. 55-56; e o "Host
Country Agreement with Mexico", Artigo 5, Textos Básicos, pág. 74-75.
49. Veja o Acordo Entre o Conselho Federal Suíço e o Banco de
Compensações Internacionais, Seção II, Textos Básicos, págs. 42-48.
50. Veja "Host Country Agreement with China", Artigo 3, Textos
Básicos, pág. 55.
51. Veja "Privileges and Immunities of the European Central Bank",
ECB Legal Working Paper Series, No.4, junho de 2007. Veja também "The Monetary
Policy of the ECB", Banco Central Europeu, 2004, pág. 12.
52. Edward Luttwak, Turbo Capitalism: Winners and Losers in the
Global Economy (HarperCollins, 1998/99), pág. 200-201.
53. Steven Solomon, The Confidence Game: How Unelected Central
Bankers are Governing the Changed World Economy (Simon & Schuster,
1995), pág. 13.
54.The Single Global Currency, pág. 213.
55. Idem, pág. 294.
56. Ibid. pág. 295.
57. Richard N. Cooper, "Is There a Need for Reform?" Discurso
feito em uma conferência promovida pelo Banco da Reserva Federal de Boston, em
maio de 1984. Veja "The International Monetary System: Forty Years After Bretton
Woods" (Federal Reserve Bank of Boston, 1984), pág. 34.
58. Veja "BIS 75th Annual Report", pág. 151.
59. Cliff Ford, Blood, Money, and Greed (Western Front,
1998), pág. 50.
Autor:
Carl Teichrib, artigo original em http://www.forcingchange.org, Edição 12, Volume 1. evisão: http://www.TextoExato.com A Espada do
Espírito: http://www.espada.eti.br/moedas.asp
Nenhum comentário:
Postar um comentário