Península Antártica, onde fica a Ilha de Ross: generalizar dados ao continente todo é erro primário |
O título bate no realejo do aquecimento climático planetário que vem sendo abandonado em países mais bem informados: “Degelo na Antártida aumentou 10 vezes em 600 anos”. O subtítulo acentua o alarme: “derretimento intensificou-se na segunda metade do século XX, diz estudo”.
O artigo se apoia numa pesquisa publicada pela revista Nature Geoscience. Ela é de autoria dos cientistas Nerilie J. Abram, Robert Mulvaney, Eric W. Wolff, Jack Triest, Sepp Kipfstuhl, Luke D. Trusel, Françoise Vimeux, Louise Fleet e Carol Arrowsmith, patrocinados pela grande Universidade Nacional da Austrália.
O leitor que passa rápido sobre matéria tem ali tudo para sair impressionado pelo aquecimentismo catastrofista: a Antártica toda estaria derretendo em proporções desusadas, notadamente desde a intensificação do desenvolvimento industrial no século XX.
O estudo, entretanto, concentrou-se num local específico, a ilha James Ross, que fica fora do Círculo Polar Antártico, no norte da Península Antártica, e em partes da Antártica ocidental.
A contrapelo da NASA
Talvez se precavendo de críticas e para salvar a imagem de imparcialidade, a página da “Veja” acrescenta um link: Leia também: Nasa afirma que camada de gelo encolhe no Ártico, mas se expande na Antártida.
Em meio a imensas oscilações interanuais e locais, o gelo da Antártica está crescendo 1% cada década. A linha amarela indica a média da expansão invernal. Podem se apreciar diminuições na Antártica Ocidental (à esquerda) e expansões em muitos outros pontos |
A matéria da NASA afirma, em concordância com numerosos e vastos estudos sobre a Antártica, que “houve um aumento geral na camada de gelo marinho na Antártida, que é o contrário do que acontece no Ártico”, segundo Claire Parkinson, cientista do Centro Goddard da NASA. “Entre 1978 e 2010, a extensão da Antártida cresceu 17 mil quilômetros quadrados por ano”, acrescentou ela.
No post “Alarma mundial porque uma pedra de gelo se derrete num copo. Enquanto isso, um elefante entra no salão” apresentamos mais dados sobre o crescimento da superfície gelada da Antártica. Esse aumento desde 1979 supera a superfície do Estado de Texas (676.586,95 km²), deixando bem atrás a superfície de Minas Gerais: 586.528 km².
O título de “Veja” passa a ideia de que o oposto aconteceu nos últimos seis séculos. E, por meio de uma generalização improcedente, precipita o leitor na confusão e no erro.
Generalizações indevidas – provocadas talvez pela vontade do jornalista de fazer bonito para os responsáveis da redação ou de manifestar seu militantismo ideológico ambientalista – são frequentes no catastrofismo climático. Em qualquer caso, o resultado se soma à ofensiva antiocidental, anticivilizatória e anti-humana.
Balanço mal feito
A apresentação de “Veja” omite um dado indispensável para que o leitor não saia enganado. O aumento local anual das temperaturas e a rapidez do consequente degelo devem ser comparados com o fenômeno correlato e também anual do congelamento no inverno das superfícies que vão derreter no verão seguinte.
Mas o artigo de “Veja” funciona como um balanço contábil que só tem uma coluna: a de que mais gosta o “contador”.
O estudo citado pela NASA não cai neste erro primata: “A Antártida – diz – é um continente rodeado de águas abertas, que permitem ao gelo marinho expandir-se durante o inverno, mas que também oferecem menor proteção durante a temporada de degelo. A maior parte do gelo da região cresce e retira-se a cada ano, resultando em uma pequena quantidade de gelo perene na área”.
Antártica: oscilações do gelo entre setembro (inverno) e fevereiro (verão). |
Mas o artigo de “Veja” transfere os dados da ilha de Ross para a Antártica toda! E ainda sugere que o impacto pode ser planetário através do aumento (aliás, nunca verificado) do nível dos mares!
Estudo ponderado desfaz pânico
Entrementes, um outro estudo publicado na mesma revista Nature Geoscience explica a causa dos fenômenos detectados na Ilha de Ross, descartando o alarmismo preconcebido.
O esclarecedor estudo “Recent climate and ice-sheet changes in West Antarctica compared with the past 2,000 years”, foi elaborado por uma equipe muito mais numerosa liderada pelo pesquisador Eric J. Steig, do Quaternary Research Center and Department of Earth and Space Sciences, da Universidade de Washington, Seattle, EUA.
Este trabalho concluiu que:
Congelamento da superfície marítima no inverno é cada vez maior |
2) trata-se de alterações imprevisíveis de origem insuficientemente estudada até agora;
3) que alterações dessas vêm acontecendo há pelo menos 2.000 anos (e, portanto, não têm relação com o aquecimento global antropogênico); e por fim conclui:
4) que esta variabilidade representa uma fonte de incerteza permanente em tudo quanto se pode dizer sobre o derretimento do gelo na Antártica ocidental.
“Se pudéssemos olhar para essa região da Antártica nos anos 1940 e 1830, encontraríamos que o clima regional se assemelhava muito ao do dia de hoje, e acho que encontraríamos os glaciares se derretendo essencialmente como o fazem hoje” – comentou Eric Steig, líder desse trabalho ponderado e esclarecedor.
Em resumo, o derretimento no verão da Antártica é mais um sinal de que nada de anormal está acontecendo em matéria de derretimento!
“O análise apresentado mostra que o recente derretimento nessa área (Península Antártica), que causou recentemente uma boa dose de histeria nos círculos alarmistas, de fato é normal” [“Antarctic ice sheet melt 'not that unusual', latest ice core shows”]
“Tudo como d’antes no quartel de Abrantes”
Mais um estudo – “A synthesis of the Antarctic surface mass balance during the last 800 yr” – elaborado pelos pesquisadores italianos M. Frezzotti, C. Scarchilli, S. Becagli, M. Proposito e S. Urbini, do ENEA (Agenzia Nazionale per le nuove tecnologie, l’energia e lo sviluppo sostenibile) de Roma; do Departmento de Química da Universidade de Florença e do INGV (Istituto Nazionale di Geofisica e Vulcanologia) de Roma, chegou por outras vias à mesma conclusão desmistificadora do alarmismo.
Alarmismo enganador: fenômenos mal aduzidos para tentar justificar o aquecimentismo são perfeitamente normais e há milênios! |
Mais ainda, o tamanho das geleiras antárticas está aumentando, com o crescimento das geleiras no Leste do continente compensando e superando as perdas das geleiras no Oeste.
Dado importante sonegado no “balanço de coluna única” do artigo de “Veja”: a velocidade do congelamento no inverno está num máximo comparável com a velocidade de derretimento no verão.
Conclusão dos cientistas italianos: não há prova alguma de estarmos diante de algo diferente de um ciclo natural!!!
“Tudo como d’antes no quartel de Abrantes” na Antártica!
E também no método de tapeação do alarmismo aquecimentista.
Fonte: Verde: a cor nova do comunismo
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