1. "Mudar de um conceito de Deus como detentor de
todo o poder soberano, governando a natureza, porém situado fora dela,
para uma concepção de Deus que está sob e em torno de todas as coisas,
sustentando e renovando a natureza e a humanidade juntas como uma
comunidade biótica criada."
2. "Mudar... para uma visão do mundo como um todo
vivo e orgânico, manifestando energia, espírito, instrumentalidade e
criatividade."
3. "Uma mudança de uma ética em que entidades
não-humanas na Terra, como os animais, plantas, minerais, água, ar e o
solo têm somente valor de uso utilitário... para uma visão de todas as
coisas como tendo intrinsicamente um valor a ser respeitado e celebrado
por serem aquilo que são."
4. "Uma mudança... para a Psicologia holística que
reconheça nós mesmos como totalidades psico-espirituais-físicas — em
interrelacionamento com o restante da natureza e como totalidades
psico-espirituais-físicas que são mutuamente interdependentes em uma
comunidade da vida."
5. "Mudança da visão que o domínio patriarcal é a
ordem da 'natureza'... para um reconhecimento que o domínio patriarcal é
a raiz das relações distorcidas...”
6. "Mudança do conceito de uma cultura superior (a
cristã, branca e ocidental) a ser imposta sobre todos os outros povos
para 'salvá-los' e 'civilizá-los', para o respeito pela diversidade das
culturas humanas em diálogo e mútuo aprendizado, superando a hierarquia
racista e defendendo particularmente as culturas nativas biorregionais
que estão à beira da extinção."
7. "Uma transição de uma política da sobrevivência
dos mais aptos, que aloca recursos e energia para os mais poderosos,
para uma comunidade política baseada na democracia participativa, na
tomada de decisão baseada na comunidade e a representação do bem-estar
de toda a biorregião na tomada de decisões." [12].
Encaixando-se bem com essas visões alternativas, Valores Espirituais e Culturais da Biodiversidade
apresenta a ideia de Gaia como um paradigma angular. Essa hipótese
favorecida "cientificamente" entrelaça vários conceitos coevolucionários
e da Mãe Deusa em torno de um princípio da Terra auto-organizada, [13]
formando uma fundação unida para servir ao chamado da interdependência
planetária. Por outro lado, em referência à ordem da natureza
judaico-cristã, conforme encontrada no primeiro capítulo de Gênesis, o
volume do UNEP defende a posição que "uma cultura construída com base no
'domínio da terra e dos animais que vivem nela' está condenada a
desaparecer." (Veja a seção "Pertencer à Gaia").
Portanto, não é surpresa ler que:
"... as religiões e culturas primitivas,
frequentemente imaginadas como constituindo uma única e mais antiga
forma de religião, têm constantemente funcionado como a contraparte
positiva ou negativa para a civilização e vida ocidentais. No período do
ambientalismo elas têm funcionado predominantemente como modelos
positivos, algumas vezes até paradisíacos, para uma sociedade e
cosmovisão ecologicamente sólidas. O período do ambientalismo coincide
com um período de pensamento de Nova Era..." [14].
Obviamente, o fundamento religioso para a vindoura
ética global, que está sendo criada para salvar o planeta da calamidade,
precisa ser construído com base nas cosmologias pagãs/orientais. O
Cristianismo, com seus padrões de desenvolvimento e consumo ocidentais,
seu domínio nas questões de gênero e da natureza, e sua mentalidade
cultural racialmente "superior" precisa desaparecer.
Mas, o Cristianismo, ou uma forma dele, pode ter seu
lugar na mesa internacional. De um modo metafórico, um ponto de
iluminação para ele foi ligado, junto com lugares reservados para as
outras fés monoteístas. Entretanto, dois requisitos simples, porém não
mencionados, precisam ser atendidos:
Primeiro, abandonar os aspectos fundamentalistas da
verdade bíblica, que estão repletos de discussões sobre pecado e
salvação, e rejeitar a exclusividade de Jesus Cristo. Em segundo lugar,
juntar-se ao mundo para a recriação de uma sociedade para que a
Fraternidade dos Homens e a Paternidade de Deus prevaleçam. Em outras
palavras, voltar suas costas para os princípios fundamentais e estreitos
da Bíblia e fazer parcerias para criar um mundo unificado, reconhecendo
que todas as religiões são expressões válidas do Cosmos Vivo. E não
importa realmente em que ordem isso seja feito, desde que o resultado
final de uma nova ética global seja alcançado.
Apenas para garantir que o lugar à mesa seja ocupado, a assistência da comunidade internacional está sendo oferecida.
O Sábado Ambiental da ONU / Dia de Descanso da Terra
"Ele teve início no outono de 1986 quando alguns de
nós nos reunimos na sede da ONU em Nova York com líderes de várias
comunidades religiosas. Com orientação e apoio do Programa Ambiental das
Nações Unidas, começamos a desenvolver um projeto que informaria as
congregações norte-americanas sobre os sérios problemas ambientais que
estavam ameaçando a vida na Terra, de modo que pudéssemos trabalhar para
proteger essa magnífica obra do Criador."
"Em junho de 1987, nosso primeiro jogo de materiais
do Sábado Ambiental foi enviado para as congregações nos EUA e no
Canadá. O objetivo era criar um dia sabático para nosso afligido planeta
— um Dia de Descanso da Terra a ser celebrado anualmente pelas
comunidades religiosas..." [17].
Noel J. Brown, o diretor do UNEP durante o Sábado da
Terra de 1990, apresentou as razões mais profundas do que apenas
informar as congregações na América do Norte. Em uma carta datada de 28
de março de 1970, ele escreveu:
"Mais uma vez, o Programa Ambiental das Nações Unidas
(UNEP) tem a satisfação de convidá-lo para se unir a nós na celebração
do 'Dia de Descanso da Terra / Sábado do Meio Ambiente' em suas
cerimônias, rituais e orações..."
"... A necessidade de estabelecer uma nova base
espiritual e ética para as atividades humanas na Terra nunca foi maior —
já que a deterioração do nosso Lar Planetário torna a proteção do
ambiente humano um novo imperativo global." [18].
Menos de seis meses antes de sua carta se tornar
pública, Brown estava candidamente buscando a cumplicidade dos líderes
religiosos em sua tentativa de criar uma nova ética global. Considere as
seguintes declarações feitas enquanto o diretor do UNEP estava
visitando o Conselho Interfé de Los Angeles:
"Agora, precisamos trabalhar mais de perto com a
comunidade religiosa e espiritual. Precisamos criar um movimento
ecumênico — chamo-o de movimento 'eco-mênico' — no serviço da Terra. É
hora para nós pensarmos novamente, e pensarmos de um modo novo..."
"... Gostaríamos também de sugerir outros desafios
com os quais vocês que estão nas comunidades religiosas podem nos
ajudar. O primeiro é uma nova visão, e instituições de apoio, para nos
ajudarem a avançarmos nessa transição. Nós nas Nações Unidas não podemos
esperar solucionar os problemas do futuro somente com as instituições e
a mentalidade do passado. Precisamos de uma visão que englobe todos os
direitos humanos à liberdade, igualdade e condições de vida, e um meio
ambiente que prometa vida, dignidade e bem-estar. Precisamos de uma
legitimidade, uma nova ética e novas metáforas."
"... precisamos criar uma nova visão e uma instituição que possa nos ajudar a lidar com essas novas realidades."
"Uma das novas metáforas que estou ansioso para criar
e promover é a de um pacto — um novo pacto com a Terra. Vocês nas
comunidades religiosas podem nos ajudar a fazer isso."
"... Este é o desafio que está diante de todos nós, e
é por causa desse desafio que peço que vocês trabalhem conosco como
aliados. Podemos criar uma nova ordem e, para que possamos sobreviver,
de fato precisamos disso." [29].
[Nota: O Pacto da Terra completo pode ser encontrado adiante neste artigo.]
No tempo do evento de 1990, as denominações cristãs
com assento na junta interfé do Sábado Ambiental incluíam a Igreja
Batista Americana, a Igreja Episcopal Protestante, a Igreja Metodista
Unida e a Igreja Unida de Cristo. [20]. Além disso, um livro especial de
recursos de adoração à Terra foi preparado pelo UNEP para o Sábado,
adequadamente intitulado Only One Earth (Somente uma Terra).
Focalizando a mudança do atual paradigma religioso rumo a um novo modo ecológico de pensar, Somente uma Terra
foi um livro repleto de textos para meditação, orações e canções para
uso congregacional. Até sugestões para o serviço de adoração estavam
incluídas, como mostram os excertos a seguir:
Sermão:
- "Descreva a crise. Use dados científicos. Destaque a urgência da situação."
- "Fale do relacionamento essencial Terra-seres humanos. O que é? Qual é nossa responsabilidade nisto?
- "Aponte para várias fontes de inspiração: para as escrituras,
para a sabedoria, para a espiritualidade e para a própria Terra. Mostre
como todas elas são importantes e estão interligadas."
O Serviço:
- "Enfeite seu santuário com fotografias da Terra vista do espaço, e com outras imagens da Terra."
- "Convide oradores ou 'representantes' de outras espécies, como plantas e animais."
Vá Além:
- "Nos serviços normais, insira uma porção que enfoque a reverência e cuidado pela Terra."
- "Organize uma cerimônia interfé."
- "Organize um concerto ou festival Sábado Ambiental..."
- "Escreva cartas para os líderes nacionais ou regionais de sua fé, incentivando-os a tomarem atitudes." [21]
Para os líderes religiosos que estavam assim
inclinados, as igrejas poderiam participar nas diversas meditações e
reflexões listadas. Orações hindus, budistas, judaicas, indígenas,
islâmicas e cristãs foram sugeridas, todas com uma entonação mística
e/ou centrada na Terra. Na capa do livro de adoração para o Sábado do
UNEP havia o Pacto da Terra, um tipo de "tratado do cidadão" que poderia
ser copiado e distribuído para os adoradores (veja a seção "O Pacto da
Terra".).
A resposta ao Sábado Ambiental de 1990, o ano de lançamento de Somente uma Terra,
foi digna de nota. Não somente muitas igrejas e grupos participaram
dessa jornada "A Terra em primeiro lugar", estimados em 25.000 por Leigh
Eric Schmidt, mas isto acrescentou ímpeto real rumo à aceitação de uma
teologia ambiental. Além disso, ao longo dos anos, o programa, de acordo
com John Kirk, produziu "mais de 130.000 projetos religiosos e
ecológicos... em todo o mundo." [22].
O Sábado Ambiental nunca alcançou a tremenda
popularidade geral do Dia da Terra, em 22 de abril. Mas, ele não foi
destinado para o público geral. Em vez disso, o programa Sábado
Ambiental tinha um alvo específico: líderes religiosos e espirituais,
igrejas e denominações inteiras.
No ano de 2000, Somente Uma Terra foi remodelado e relançado como Somente uma Terra: Um Livro de Reflexão e Ação. Na página 3 dessa nova edição ampliada, o subsecretário-geral da ONU Klaus Töpfer ofereceu algumas palavras de ecosabedoria:
"Entramos em uma nova era. Uma era onde todos teremos
de assinar um novo acordo com nosso meio ambiente... e entrar na
comunidade maior de todos os seres vivos. Um novo sentido de nossa
comunhão com o planeta Terra precisa entrar em nossas mentes." [23].
Hoje, a ecoespiritualidade de Nova Era está avançando
rapidamente dentro da comunidade cristã, influenciando organizações
paraeclesiásticas, congregações locais e até a liderança de
denominações inteiras. Para catalogar a situação somente na América do
Norte seria necessário um livro inteiro para listar todos os ministérios
e igrejas que adotaram essa ideologia, seja por ingenuidade ou por
concordância.
Vendo a escrita na parede, Robert A. Sirico,
presidente do Instituto Acton, redigiu as seguintes palavras com relação
ao Sábado da Terra, paganismo e a aceitação dessas ideias pelos líderes
religiosos:
"Considere a 'confissão' dos pecados ambientais
oferecida pelo Conselho Nacional de Igrejas: 'Somos responsáveis por uma
imensa poluição na terra, nas águas e nos céus... Estamos matando os
céus: a atmosfera global se aquece com os gases químicos e a camada de
ozônio é destruída."
"Os cientistas dizem que a maioria dessas
preocupações é exagerada. Mas, vamos apenas dizer que sejam verdadeiras.
No máximo, elas são questões técnicas que precisam ser tratadas por
especialistas nos setores público e privado. Elas não deveriam ter uma
relevância espiritual de longo alcance. Ninguém está no inferno por ter
usado um tubo de aerossol para aplicar laquê no cabelo."
"Somente se aliviarmos nosso barco dos ensinos
tradicionais é que poderemos concordar com as palavras de celebração da
ecologia do Conselho Nacional de Igrejas, que dizem o seguinte em uma
das orações propostas: 'Precisamos dizer, fazer e ser tudo o que for
possível para alcançar o objetivo do Sábado Ambiental... Não podemos
deixar nossa mãe morrer. Precisamos amá-la e restaurá-la.'"
"Descrever a Terra como nossa mãe viva constitui uma
forma pagã de adoração à terra, ou se aproxima perigosamente disso. Um
Sábado Ambiental não é um objetivo cristão, embora as Nações Unidas
tenham um programa para promovê-lo. Também não devemos tentar criar uma
'eco-igreja'..."
"O relato do Gênesis sobre a criação fornece
evidência teológica suficiente para rejeitarmos a teologia verde. Depois
de ter criado o homem e a mulher à Sua imagem, Deus disse: 'Frutificai
e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os
peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se
move sobre a terra.' [Gênesis 1:28]."
"A Terra não recebeu domínio sobre as pessoas. Nós é
que temos almas que carecem de salvação; as rochas, rios, esquilos e o
salmão não têm. Recebemos os dons da razão e da revelação; as plantas e
os animais não. Existem modos certos e errados de exercermos domínio
sobre a natureza, que a consciência bem estruturada pode discernir."
[24].
Encerrando este artigo, acho que seria prudente considerarmos as palavras de Samantha Smith em seu livro Goddess Earth
(A Deusa Terra), publicado em 1994. Uma crítica da ecoespiritualidade,
ela expôs os aspectos centrais dessa questão e suas perturbadoras
implicações para o Cristianismo:
"Grande parte do ativismo social e ambiental nas
igrejas hoje está baseado nas crenças socialistas promovidas em nome da
'mordomia', que engloba tudo, desde justiça social até a apaixonada
proteção à Terra. A Teologia Verde negligencia as ordens de Deus para
ocuparmos a Terra e dominá-la, mas, ao mesmo tempo, cuidando de sua
beleza e de seus recursos. Em vez disso, ela quer fazer os cristãos
acreditarem que seu chamado mais enobrecedor é servir à Terra
'interconectada'. Ao fazerem isso, eles caem nas mãos dos verdes pagãos,
que desejam que a Terra tenha domínio sobre o homem." [25].
Notas Finais
1. Robert A. Sirico, "Despoiler or
Problems-Solver”, Acton Institute, 1994,
http://www.acton.org/ppolicy/editorials/sirico/despoiler.html.
2. Esta entrevista pode ser encontrada no vídeo-documentário "Earth’s Two-Minute Warning", Jeremiah Films, 1997.
3. Cultural and Spiritual Values of Biodiversity: A Complementary Contribution to the Global Biodiversity Assessment (UNEP, 1999), pág. 446.
4. Idem, pág. 447. [Veja a Caixa 11.4: "Towards a Global Environmental Ethic"].
5. Global Biodiversity Assessment (UNEP, 1995), pág. 839.
6. Idem, pág. 839.
7. Cultural and Spiritual Values of Biodiversity, pág. 448-449.
8. As Declarações de Assis podem ser encontradas na publicação do UNEP intitulada Only One Earth: A Book of Reflection for Action (UNEP, 2000).
9. Cultural and Spiritual Values of Biodiversity, pág. 451.
10. Idem, pág. 453.
11. Idem, pág. 457.
12. Idem, págs. 459-460.
13. Para literatura que suporte a hipótese de Gaia, veja James Lovelock, Gaia: A New Look at Life on Earth (Oxford University Press, 1979/1995) e Lawrence E. Joseph, Gaia: The Growth of an Idea
(St. Martin’s Press, 1990). Dois livros que expõem criticamente a
ecoespiritualidade do movimento ambientalista, incluindo os conceitos de
Gaia, são Michael S. Coffman, Saviors of the Earth? (Northfield, 1994) e Samantha Smith, Goddess Earth (Huntington House, 1994).
14. Cultural and Spiritual Values of Biodiversity, pág. 497.
15. Gar Smith, "World Environment Day & the Earth Sabbath",
The Edge, Instituto Earth Island, 2 de junho de 2006. A página do Instituto Earth Island, que inclui cópias on-line de
The Edge, pode ser encontrada em
http://www.earthisland.org.
16. Leigh Eric Schmidt, "From Arbor Day to the Environmental Sabbath: Nature, Liturgy, and American Protestantism", The Harvard Theological Review, Vol. 84, No. 3. (Jul., 1991), págs. 317-318.
17. Carta de John J. Kirk, conforme reimpressa em Only One Earth: A Book of Reflection for Action (UNEP/Interfaith Partnership for the Environment, 2000), pág. 5.
18. Esta carta foi reproduzida em sua inteireza no livro de recursos de adoração do Sábado Ambiental do UNEP, Only One Earth, (1990).
19. Noel J. Brown, "We Appeal to You",
comentários feitos para o Conselho Interfé de Los Angeles, 2 de novembro
de 1989. Este discurso pode ser encontrado em
http://www.context.org/ICLIB/IC24/Brown.htm.
20. Schmidt, The Harvard Theological Review, pág. 318-319.
21. UNEP, Only One Earth (1990). A numeração de página estava ausente no documento original.
22. Carta de John J. Kirk, conforme reimpressa em Only One Earth: A Book of Reflection for Action (UNEP/Interfaith Partnership for the Environment, 2000), pág. 5.
23. Only One Earth: A Book of Reflection for Action (UNEP/Interfaith Partnership for the Environment, 2000), pág. 3.
24. Robert A. Sirico, "Despoiler or
Problems-Solver", Acton Institute, 1994,
http://www.acton.org/ppolicy/editorials/sirico/despoiler.html
25. Samantha Smith, Goddess Earth: Exposing the Pagan Agenda of the Environmental Movement (Huntington House, 1994), pág. 198.
Pertencer a Gaia
O texto a seguir foi extraído de Cultural and Spiritual Values of Biodiversity
(Valores Culturais e Espirituais da Biodiversidade), pág. 449. Ele foi
redigido por William N. Ellis e Margaret M. Ellis. Todo o negrito e
colchetes estão no original.
Pertencemos ao Emaranhado-de-seres — à Terra — à Gaia.
Pertencer é o protovalor a partir do qual todos os outros valores são derivados.
Pertencemos à fisiosfera, à biosfera e à ideosfera.
Pertencemos à Gaia.
Como diziam os aborígenes: "Somos posse da terra, não proprietários da terra.".
Como o chefe Seattle dizia: "Não podemos possuir a terra, somos parte da terra."
Pertencemos e somos inseparáveis da nossa cultura — uns dos outros — de Gaia.
Somos interdependentes com tudo o que existe.
Pertencer é um fato científico; e pertencer é mais do que um fato científico.
Pertencer não é meramente 'ser membro de', mas estar sujeito a — estar em parceria — ser responsável por alguma coisa.
Pertencemos – e somos responsáveis – pelo emaranhado de seres — o universo — a Terra — Gaia.
Pertencer à Gaia significa reconhecer que estamos envolvidos no
emaranhado de seres — que nosso bem-estar é dependente do bem-estar de
Gaia — o bem-estar uns dos outros. Se destruirmos Gaia, estamos
destruindo a nós mesmos.
Pertencer implica 'cooperação' – trabalhar com o que existe — com Gaia — o emaranhado de seres.
Pertencer implica em 'comunidade'. Somos responsáveis por Gaia. Somos responsáveis uns pelos outros.
Pertencer implica em 'Amar'.
Não podemos separar o amor (agape) do fato que pertencemos a Gaia.
Amamos porque precisamos amar para preservar Gaia — para preservar a nós mesmos — para preservar o emaranhado de seres.
As culturas construídas com base em valores diferentes de pertencer estão condenadas à autodestruição.
Uma cultura construída com base em "dominar a terra e todos os animais que vivem nela' está condenada a desaparecer.
Uma cultura baseada no interesse mesquinho está condenada a se desintegrar.
Uma cultura baseada na 'sobrevivência dos mais aptos' não sobreviverá.
Para ser estável e sustentável, uma cultura precisa estar baseada na
cooperação, comunidade, responsabilidade, amor, honestidade, cuidado e
os demais valores que estão implicados e interligados uns com os outros e
com pertencer.
Não podemos mais nos separar de senso de pertencer — de Gaia — e
continuar sendo uma cultura viável, da mesma forma como um átomo de
oxigênio não pode se separar dos átomos de hidrogêncio e manter as
qualidades da água.
[Conforme apresentado em Only One Earth, UNEP, 1990]
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Pacto Pela Terra
Um Tratado do Cidadão para uma Segurança Ecológica Coletiva
Preâmbulo
Nós, o povo da Terra, nos alegramos com a beleza e as
maravilhas da terra, dos céus, das águas e da vida em toda sua
diversidade. A Terra é nosso lar e nós a compartilhamos com todos os
outros seres vivos.
Todavia, estamos tornado a Terra inabitável para a
comunidade humana e para muitas formas de vida. O solo está se tornando
estéril, os céus poluídos e a água contaminada. O clamor das pessoas
cuja terra, ganha-pão e saúde estão sendo destruídos é ouvido em todo o
mundo. A própria Terra está nos chamando para despertar.
Nós e todos os seres vivos dependemos da Terra e uns
dos outros para nossa existência, bem-estar e desenvolvimento comuns.
Nosso futuro coletivo depende de um reexame de nossas pressuposições
mais básicas sobre o relacionamento da humanidade com a Terra.
Precisamos desenvolver princípios e sistemas comuns para moldar esse
futuro em harmonia com a Terra.
Os governos sozinhos não podem proteger o meio
ambiente. Como cidadãos do mundo, aceitamos responsabilidade em nossas
vidas pessoais, profissionais e comunitárias para proteger a integridade
da Terra.
Princípios e Compromissos
Em acordo uns com os outros e em nome de toda a comunidade da Terra, nós nos comprometemos com os seguintes princípios e ações:
• Relacionamento com a Terra: Todas as formas
de vida são sagradas. Cada ser humano é uma parte integral e singular
da comunidade de vida da Terra e tem uma responsabilidade especial de
zelar pela vida em todas suas diversas formas. Portanto, agiremos e
viveremos de modo a preservar os processos naturais da vida da Terra e
respeitar todas as espécies e seus habitats. Trabalharemos para evitar a
degradação ecológica.
• Relacionamento uns com os Outros: Cada ser
humano tem o direito a um ambiente saudável e de poder obter os frutos
da Terra. Cada um também tem um dever contínuo de trabalhar para o
alcance desses direitos para as gerações presente e futuras.
Portanto, com a preocupação que toda pessoa tenha
alimento, moradia, ar puro, água potável, educação, emprego e tudo o
mais que é necessário para desfrutar a plena medida dos direitos humanos
— trabalharemos para um acesso mais equitativo aos recursos da Terra.
• Relacionamento Entre Segurança Econômica e Ecológica:
Como a vida humana está enraizada nos processos naturais da Terra, o
desenvolvimento econômico, para ser sustentável, precisa preservar os
sistemas que suportam a vida na Terra.
Portanto, usaremos tecnologias que protejam o meio
ambiente e promoveremos que elas se tornem disponíveis para as pessoas
em todas as partes da Terra. Quando estivermos em dúvida sobre as
consequências dos objetivos econômicos e das tecnologias sobre o meio
ambiente, concederemos uma margem adicional de proteção à natureza.
• Governança e Segurança Ecológica: A proteção
e aprimoramento da vida sobre a Terra requer sistemas legislativos,
administrativos e judiciários nos níveis locais, regionais e
internacionais apropriados. Para serem eficazes, esses sistemas precisam
dar autoridade legal, ser participativos e baseados em informações
abertas.
Portanto, trabalharemos pela aprovação de leis que
protejam o meio ambiente e promoveremos o respeito a elas por meio de
ação educacional, política e jurídica. Faremos avançar políticas de
preservação em vez de somente reagir aos danos causados ao meio
ambiente.
Declarando nossa parceria uns com os outros e com
nossa Terra, damos nossa palavra de honra que seremos fiéis aos
compromissos aqui assumidos.
Dia Mundial do Meio Ambiente: Anfitriões e Temas
Nota: As listas seguintes foram geradas a partir das informações encontradas nas páginas do UNEP na Internet:
Países Anfitriões das Celebrações do Dia Internacional do Meio Ambiente:
2007 — Tromsø, Noruega
2006 — Argel, Argélia
2005 — San Francisco, EUA
2004 — Barcelona, Espanha
2003 — Beirute, Líbano
2002 — Shenzhen, República Popular da China
2001 — Torino, Itália e Havana, Cuba
2000 — Adelaide, Austrália
1999 — Tóquio, Japão
1998 — Moscou, Federação Russa
1997 — Seul, República da Coreia
1996 — Istanbul, Turquia
1995 — Pretória, África do Sul
1994 — Londres, Grã-Bretanha
1993 — Pequim, República Popular da China
1992 — Rio de Janeiro, Brasil
1991 — Estocolmo, Suécia
1990 — Cidade do México, México
1989 — Bruxelas, Bélgica
1988 — Banguecoque, Tailândia
1987 — Nairóbi, Quênia.
Temas nos Dias Internacionais do Meio Ambiente:
2006 — Derretimento do Gelo — um Tópico Quente?
2006 — Desertos e Desertificação — Não nos Esqueçamos das Regiões Áridas!
2005 — Cidades Verdes — Plano para o Planeta!
2004 — Procurados! Mares e Oceanos — Vivos ou Mortos?
2003 — Água — Dois Bilhões de Pessoas Estão Morrendo por Ela!
2002 — Dê uma Chance à Terra
2001 — Conecte-se com a Rede Mundial da Vida
2000 — O Milênio do Meio Ambiente: Tempo de Agir
1999 — Nossa Terra — Nosso Futuro — Apenas Salve-os!
1998 — Pela Vida na Terra: Salvemos Nossos Mares
1997 — Pela Vida na Terra
1996 — Nossa Terra, Nosso Hábitat, Nosso Lar
1995 — Nós, os Povos: Unidos pelo Meio Ambiente Global
1994 — Uma Terra, uma Família
1993 — Pobreza e Meio Ambiente: Rompendo o Círculo Vicioso
1992 — Somente uma Terra, Cuidar e Compartilhar
1991 — Mudança Climática: Necessidade de uma Parceria Global
1990 — Crianças e o Meio Ambiente
1989 — Aquecimento Global, Advertência Global
1988 — Quando o Meio Ambiente É Colocado em Primeiro Lugar, o Desenvolvimento É Duradouro
1987 — Meio Ambiente e Abrigo: Mais do Que um Teto
1986 — Uma Árvore pela Paz
1985 – Juventude: População e o Meio Ambiente
1984 — Desertificação
1983 — Gestão e Acondicionamento do Lixo Tóxico: Chuva Ácida e Energia
1982 — Dez Anos Depois de Estocolmo (Renovação das Preocupações Ambientais)
1981 — Lençóis Freáticos: Produtos Químicos Tóxicos na Cadeia Alimentar Humana
1980 — Um Novo Desafio para a Nova Década: Desenvolvimento sem Destruição
1979 — Somente um Futuro para Nossas Crianças — Desenvolvimento sem Destruição
1978 — Desenvolvimento sem Destruição
1977 — Preocupação Ambiental com a Camada de Ozônio; Perda de Terras e Degradação do Solo
1976 – Água: Recurso Vital para a Vida
1975 — Assentamentos Humanos.
Autor: Carl Teichrib, artigo original em http://www.forcingchange.org, Volume 6, Edição 1.
Revisão: http://www.TextoExato.com
A Espada do Espírito: http://www.espada.eti.br/unep.asp
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