O que é a Nova Ordem Mundial? Quem são seus planejadores? Quais são seus objetivos?
domingo, 27 de outubro de 2013
As Operações Psicológicas e a Manipulação das Massas — Um Guia Básico Sobre a Propaganda Global
Autor: Carl Teichrib, Forcing Change, Edição 2, Volume 1.
"O cidadão deve ser moldado para se adequar à forma de governo em que vive." — Aristóteles, Política, Livro 8. [1].
"Nunca antes na história humana tantos tiveram um
acesso tão fácil a tanto poder potencial para tantos propósitos
diferentes." — In Athena's Camp: Preparing for Conflict in the Information Age. [2].
"Operações psicológicas" não é uma expressão
tipicamente encontrada no vocabulário do público geral. Essa expressão é
um termo militar que se refere a uma operação de informações destinada
especificamente a mudar o comportamento e as atitudes de um grupo-alvo.
Em termos militares, esse grupo é formado por combatentes inimigos e/ou a
população geral de um país inimigo.
Hoje, vivemos em uma época em que as informações são
consideradas centrais para a manutenção do poder político e econômico, o
que coloca a abrangência das operações psicológicas muito além das
aplicações exclusivamente militares. Embora isto não seja
fundamentalmente novidade — as informações e sua alavancagem sempre
foram instrumentos de poder — a maioria das pessoas não tem uma
compreensão da importância da manipulação e da capacidade de persuasão
das informações.
Na forma mais ampla, as operações psicológicas estão
intimamente vinculadas à sua prima: a propaganda das informações. De
fato, a distinção entre as duas é tênue e na literatura (incluindo os
documentos militares) essas duas ciências estão intimamente
interligadas.
Peter Kenez, autor de The Birth of the Propaganda State, escreveu:
"Para discutir a questão de forma sensata, precisamos
abandonar a esperança de encontrar uma definição da propaganda que seja
precisa, que cubra todos os atos da propaganda e somente propaganda, e
que seja utilizável, independente do tempo e do espaço. Em vez disso,
precisamos aceitar a definição mais ampla possível: a propaganda não é
nada mais do que a tentativa de transmitir valores sociais e políticos
na esperança de afetar a mente e as emoções das pessoas e, desse modo,
modificar o comportamento." [3].
Um antigo documento das forças armadas canadenses sobre operações psicológicas, intitulado Psychological
Operations — First Draft (Operações Psicológicas — Primeiro Rascunho), postula uma posição similar:
"As operações psicológicas (chamadas no jargão
militar de PsyOps, ou também de OPs) são um termo genérico usado para
cobrir todos os aspectos das atividades psicológicas e é definido como:
atividades psicológicas planejadas em tempos de paz e de guerra, direcionadas
contra audiências inimigas, amigas ou neutras, de modo a influenciar as
atitudes e o comportamento que afetam o alcance de objetivos políticos e
militares." [4] [itálicos adicionados]. Fazendo uma ponte entre os
dois conceitos de informações, esse documento canadense diz
explicitamente: "A propaganda é um instrumento básico das operações
psicológicas." [5].
Ao ressaltar o valor da propaganda como o instrumento
principal das operações psicológicas, é importante considerar o papel e
o uso da "mensagem". Uma seção extraída do documento militar canadense
referido anteriormente diz: "A mensagem de propaganda é uma comunicação
com o propósito de produzir uma ação e uma atitude. Antes de poder
realizar seu propósito, ela precisa ser ouvida pelo receptor designado
(o alvo). Em resumo, a mensagem precisa ser recebida, compreendida,
aceita como verdadeira, oferecer uma solução e produzir um resultado
desejado."
Com base em uma política, nas informações coletadas
pelos serviços de Inteligência, um alvo, temas, e uma avaliação dos
resultados desejados, o propagandista compõe sua mensagem. Ele precisa
construir e transmitir sua mensagem no tempo correto para que, mesmo em
competição com muitos outros materiais que estão sendo apresentados ao
alvo, a mensagem seja ouvida. O alvo precisa compreender a mensagem e
interpretá-la da forma desejada pelo propagandista.
Uma mensagem de propaganda precisa despertar ou
estimular necessidades. Ela precisa provocar uma ação ou produzir a
atitude desejada pelo propagandista. Isto requer que a mensagem diga ao
alvo como satisfazer suas necessidades — seguindo o curso de ação
desejado pelo propagandista. Isto, por sua vez, requer que as ações
(incentivadas abertamente, ou de forma implícita) sejam apropriadas e
importantes para o alvo. De modo a obter a atenção ou a atitude
desejada, a mensagem precisa, na opinião do alvo, oferecer a melhor
solução (ou a única solução lógica) para a solução do problema enfocado
ou em atender às necessidades do alvo.
Essencialmente, o propagandista precisa tomar todas
as medidas necessárias para garantir que a ação que ele deseja seja
bem-sucedida e que a ação que ele não deseja tenha a mínima oportunidade
de chamar a atenção do alvo, isto é, que ela falhará. [6].
Isto é significativo, pois demonstra a moldagem
intencional de um grupo (uma sociedade) por meio da disseminação de
informações específicas, a mensagem, para atingir determinados objetivos
no alvo. Além disso, esse relacionamento mensagem-alvo normalmente não é
aparente para a audiência. A vagueza situacional não está sempre
presente, mas tipicamente o grupo-alvo desconhece as influências
externas que estão em operação, moldando as opiniões, crenças, valores e
atitudes.
Operações Psicológicas e Influência Interna
Uma admissão interessante dos alvos das operações
psicológicas militares pode ser encontrada em uma publicação produzida
pelo Programa de Pesquisa de Comando e Controle (CCRP), que opera
vinculado ao gabinete do Assistente do Secretário de Defesa dos EUA. Ao
discutir a importância do suporte público para as operações militares,
especificamente após a Batalha de Mogadishu, em 1993, em que 18
militares americanos morreram, os autores do relatório dizem:
"Após a Somália, 'os corações e mentes' a serem
conquistados ao montarmos essas operações não são apenas aqueles no país
em questão — o alvo tradicional das operações psicológicas. Eles agora
incluem, talvez até de forma predominante, os corações e mentes do povo e
do Congresso americano." [7].
Isto é tremendo. Como Peter Kenes nos lembra: "... a
propaganda frequentemente significa dizer menos do que a verdade,
enganar a população e mentir..." [8]. Embora o exemplo acima possa ou
não ter um vínculo direto com mentir ou "enganar a população", ele
ilustra o aspecto da política pública de "persuasão", colocando em jogo
questões de ética e de governança.
São inúmeras as questões éticas relacionadas com a
persuasão do público. Em um relatório publicado em 2005, o Serviço de
Pesquisa do Congresso dos EUA examinou ações das agências do Poder
Executivo e descobriu diversos exemplos de atividades com informações
controversas. Agências tão diversas quanto a Receita Federal, o
Departamento de Política e Controle de Narcóticos, a Previdência Social,
o Departamento da Educação, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos e
a Agência de Proteção Ambiental foram todos apontados por empregarem
campanhas com informações altamente questionáveis. Muitas dessas
campanhas tinham o objetivo de promover as posições do governo.
Entretanto, no caso da Comissão Federal das Comunicações, descobriu-se
que esse órgão estava especificamente promovendo os aparelhos de
televisão digital — junto com grandes interesses empresariais que se
beneficiariam com as vendas desses aparelhos. [9].
Embora as vendas de televisores seja algo trivial em
termos de atividades de propaganda, isto ilustra o quão aceita e
firmemente estabelecida a manipulação das informações se tornou.
Infelizmente, isto também levanta a validade da desconfiança geral da
população no governo.
Reconhecendo o dilema do efeito bumerangue da
enganação como um instrumento da política, especialmente no que se
refere às preocupações maiores, um relatório do Colégio de Guerra do
Exército dos EUA observou:
"Como os governos praticaram o engano envolvendo
questões tão importantes quanto a segurança nacional, é difícil para
muitos na mídia e no público em geral, desconsiderarem totalmente a
possibilidade que os anúncios do governo possam ser desinformação...
Qualquer pessoa envolvida em operações de enganação, ofensiva ou
defensivamente, deve estar ciente das questões de credibilidade
inerentes neste assunto. Frequentemente, há mais em risco do que uma
vantagem política ou militar temporária." [10].
Há muita coisa em risco, incluindo a credibilidade de
longo prazo das estruturas civis básicas. Isto é inerentemente
verdadeiro com relação à propaganda que foi inicialmente colocada em
ação para inverter os valores sociais e os comportamentos internos
porque, uma vez que o mecanismo tenha se estabelecido no fulcro da vida
civil, sua influência pode persistir por muito tempo após o programa
oficial terminar. Em outras palavras, um efeito bola de neve pode
continuar até que a má informação seja rebatida por vozes mais sensatas,
até que ela se autodestrua sob a inércia de suas próprias enganações,
ou até que o resultado original da operação psicológica — ou uma
variação dele — seja alcançado.
Infelizmente, o alcance da propaganda frequentemente
infecta todos os níveis da sociedade, com consequências na integridade
civil de longo prazo. Essa corrosão na credibilidade pode, por sua vez,
afetar de forma adversa o sistema educacional, os serviços da imprensa e
da mídia, as funções policiais e militares, os papéis das igrejas e dos
seminários e vários ofícios de autoridade pública. Além disso, todas
essas instituições não somente têm o potencial de serem usadas via
operações psicológicas, mas em casos particulares podem na verdade
utilizar a propaganda como um modo de fazerem avançar seus próprios
planos. [Nota: A Forcing Change procurará documentar esta realidade; em artigos futuros destacaremos exemplos específicos de planos.]
Se a propaganda tem um ângulo positivo, é durante os
tempos de guerra real em que as operações psicológicas são usadas
diretamente para combater países inimigos, incluindo táticas enganosas
no campo de batalha. [11]. Entretanto, essa forma de enganação está
rigidamente conectada com uma luta imediata de vida ou morte. É o uso da
propaganda como um instrumento de transformação interna que é muito
mais preocupante.
O Modelo Soviético
A partir de uma perspectiva política interna, três
grandes potências no século 20 fizeram um tremendo esforço para moldar
suas sociedades nacionais por meio da manipulação das informações. A
União Soviética, a Alemanha Nazista e a China Comunista estabeleceram
cada uma delas agências específicas para criar e disseminar propaganda. É
aqui que podemos começar a compreender verdadeiramente o significado
das operações psicológicas: a sutil e sistemática corrosão dos valores
centrais.
O professor David E. Powell, autor de Antireligious Propaganda in the Soviet Union: A Study of Mass Persuasion (Propaganda Antirreligiosa: Um Estudo da Persuasão das Massas), revelou o cerne da estrutura transformacional soviética:
"O Partido tentou destruir os padrões tradicionais de
autoridade e de relacionamentos que considerava inadequados para o
mundo moderno e desenvolver no lugar deles um novo conjunto de devoções.
O Partido decidiu moldar os valores de todo um povo por meio de um
programa gigantesco de educação e doutrinação... Ele tentou modificar a
visão dos adultos e inculcar nos jovens, que têm menos preconceitos e
atitudes menos arraigadas, as visões que ele considerava serem as
corretas." [12].
"A 'socialização política' é o processo pelo qual as
pessoas adquirem seus padrões e suas crenças políticas. Ela envolve uma
ampla variedade de instituições e indivíduos, desde os pais e
professores até a imprensa, os tribunais e as forças armadas."
"Por meio do contato com esses agentes
socializadores, as pessoas modificam ou descartam os antigos valores,
assimilam novos valores, ou reforçam suas noções pré-existentes." [13].
"Em seu esforço de reestruturar a cultura política e
transformar um povo religioso em um povo ateísta, os líderes soviéticos
tentaram socializar e ressocializar toda a população." [14].
Se você está fazendo a si mesmo a pergunta: "Como
isto se encaixa no mundo atual?" — está fazendo a pergunta errada. A
questão real é: existem forças em operação no nosso atual sistema
nacional e global que estão tentando "moldar os valores de toda uma
população por meio de um programa gigantesco de educação e
doutrinação..."?
O Clube de Roma, uma organização influente de
indivíduos proeminentes de todo o mundo, já admitiu em 1976 que faz
avançar um programa de mudança global, principalmente por meio de
agências especializadas inseridas dentro da comunidade internacional.
"No nível mais alto das questões mundiais,
instituições internacionais precisam formar os principais agentes da
transformação planejada. Os esforços a serem feitos pelas instituições
nos níveis mais altos podem ser vistos como 'meios' que podem ser
mobilizados para alcançar os fins desejados. Isto implica que as
instituições controlam diversos 'volantes' que podem ser usados para
guiar a mudança por meio de esforços de indivíduos e instituições
menores. Todavia, o controle que as instituições podem exercer não é
ilimitado, mas bem determinado pela estrutura de poder em que elas
operam."
"No caso das instituições poderosas, os meios à
disposição estão frequentemente organizados em políticas. Como tais, as
políticas podem se referenciar à operação atual da ordem socioeconômica
ou à ação destinada a executar uma ação planejada na ordem existente.
Portanto, elas podem ser direcionadas para reforçar ou transformar o status quo internacional." [15].
Isto toca na raiz: a transformação global gerenciada e
se encaixa com a grande visão de Mikhail Gorbachev. Como o
ex-presidente da União Soviética escreveu no ano 2000: "Novas abordagens
são necessárias, novas orientações em pensamento e ação. Precisamos
fazer a transição para uma nova civilização global." [16].
De modo a ver como a propaganda para uma "nova
civilização" está sendo feita em nosso contexto moderno, precisamos
analisar exemplos de transição. Existem muitos desses exemplos, porém as
limitações de tempo e de espaço somente nos permitirão destacar
rapidamente um caso em vista: o movimento ambientalista internacional
como um agente para a reestruturação global.
O Ambientalismo como uma Operação Psicológica
Há várias décadas que a comunidade internacional e
grupos ambientalistas de lóbi vinculados clamam por grandes mudanças na
forma como nosso mundo funciona. Isto inclui não somente uma
reestruturação econômica e política, mas também a remodelagem dos
sistemas individuais de crenças, atitudes e comportamentos. Portanto,
uma nova ética global está sendo apresentada e promovida, uma ética que
envolve uma cosmovisão neopagã com um ethos (NT: Ethos,
na Sociologia, é uma espécie de síntese dos costumes de um povo. O
termo indica, de maneira geral, os traços característicos de um grupo,
do ponto de vista social e cultural, que o diferencia de outros. Seria
assim, um valor de identidade social. Fonte: Wikipedia) construído com
base em ornamentos estratégicos (veja na segunda citação do IISD abaixo
uma admissão deste fato). Sem qualquer surpresa, em uma campanha de
operação psicológica, a juventude e a "educação" estão colocados bem no
alto da lista de planos. Afinal, de modo a alterar radicalmente a
sociedade, precisamos "inculcar nas pessoas mais jovens" as visões
planetárias corretas.
Considere as seguintes citações, todas extraídas do
Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (IISD, página
na Internet em http://www.iisd.org),
uma das mais prestigiosas organizações ambientalistas que operam nos
círculos globais de governança. Observe o seguinte: o IISD é uma
"organização privada e governamental", um órgão financiado pelo governo
canadense e que tem a aparência de autonomia, porém foi criado para
fazer avançar ações políticas nacionais e internacionais, financiadas em
grande parte com o dinheiro dos impostos pagos pela população. [17].
Ao ler os materiais do IISD, observe os elementos de
operações psicológicas direcionados para a mudança dos valores
nacionais e globais e os meios de alcançar essa transformação. A
propaganda não é difícil de detectar. Algumas citações especialmente
audaciosas precisam ser lidas duas ou três vezes para que você consiga
compreender o alcance total que elas têm.
"Nas campanhas pelo meio ambiente, durante
qualquer 'ciclo de atenção para um problema', há uma fase em que o
problema precisa ser estrategicamente exagerado de modo a estabelecê-lo
firmemente em um plano de ação." [18].
"A educação tem sido avançada como
significativa para produzir mudanças nas atitudes, comportamentos,
crenças e valores... De modo a redirecionar o comportamento e os valores
rumo à mudança institucional para o desenvolvimento sustentável, existe
a necessidade de investigar as opções estratégicas com relação às
filosofias educacionais, ao âmbito para a propagação e adoção, e aos
grupos mais provavelmente susceptíveis à mudança." [19].
"... um novo modo de fazer as coisas é
claramente necessário. Os objetivos da educação e do treinamento
precisam ser redefinidos e os critérios de sucesso mensurados em termos
de avanços para o próximo nível... Uma transição precisa ocorrer: em
abordagem, do ensino ao aprendizado; nos parâmetros do aprendizado,
desde os limites da sala de aula ou do centro de treinamento até os
elementos dos contextos socioculturais, políticos e ambientais; e no
método, de responsivo ou pior, passivo, para pró-ativo e participativo."
[20]. [Nota do Editor: Isto é a criação de ativistas.].
"Os jovens estão também bem-posicionados para
lutarem por mudanças [no meio ambiente e pelo desenvolvimento
sustentável]. Em sua maioria, eles são significativamente menos
dependentes do sistema econômico, o que lhes dá espaço para protestar. O
protesto deles é mais prontamente reconhecido como sincero e isento de
interesses mesquinhos em comparação com os protestos provenientes de
outros setores sociais. Como produtos da engenharia educacional e social
e como herdeiros deste planeta, eles têm o direito de serem ouvidos.
Estando ligadas por instituições educacionais, as ideias florescem
facilmente e fincam raízes." [21].
"... como se diz, se o mundo deve realmente
mudar, então a inspiração para essa mudança não pode vir da sociedade
moderna, que está baseada na ideologia econômica, social e política do
Ocidente. A inspiração tem de vir daqueles que veem o mundo e sua
população em sua beleza holística, e não de pessoas que internalizaram
os valores violentos, materialistas e individualistas que a sociedade
adquiriu ao longo da história. Como jovens, é nossa luta nos libertarmos
da doutrinação da sociedade moderna..." [22].
"A tarefa da educação no futuro imediato é
ajudar a ativar uma ética de sensibilidade planetária que nos ajude a
praticar as disciplinas que nos protejam das atrações da nossa cultura
mórbida de bens e produtos... Temos de revisar completamente nossa
compreensão ocidental do que deva ser um habitante do planeta Terra,
nossa história humana e a história ocidental, pois nossa nova situação
revela a verdadeira realidade daquilo que temos feito." [23].
"Precisamos passar para um senso de realidade
e de valores centrado no homem para um senso centrado na Terra.
Precisamos agora reconhecer a comunidade maior de toda a Terra, e não a
comunidade humana, como normativa com relação à realidade e aos
valores." [24].
Finalmente, o IISD sugere que uma parte do processo
educacional de transformação sustentável global requer que o grupo-alvo
"sinta-se como mestre de suas próprias ideias..." [25]. Isto é uma
operação psicológica clássica.
Lidando com a Propaganda
O exemplo acima, extraído do movimento ambientalista,
é somente um em uma longa lista de iniciativas que flertam com a
propaganda, ou que a usam explicitamente. O discurso sobre o aquecimento
global contém muita manipulação de informações, incluindo filmes de
propaganda, como O Dia Depois de Amanhã e Uma Verdade Inconveniente.
Da mesma forma, aspectos do movimento pelos direitos humanos giram em
torno da propaganda da "cidadania global", o que é uma pena, pois
existem preocupações com direitos humanos que são legítimas. [26].
Lamentavelmente, parece que para qualquer lado que
você olhe, existe uma inclinação intencional de desafiar e transformar
seus valores centrais. Como Peter Kenez escreveu: ".... é inútil
reclamar e denunciar a propaganda, pois ela é uma parte integral do
mundo moderno." [27]. De fato, parece ser.
Para o indivíduo, o perigo real das operações
psicológicas vai além do fato de sermos bombardeados constantemente
pela manipulação das informações. Existe um risco mais fundamental que
está escondido. Além disso, esse perigo se expressa de duas maneiras
para o indivíduo:
1) Ignorar ou marginalizar o assunto, proclamando as
operações psicológicas como uma teoria conspiratória ou descartá-la como
uma acusação paranóica. Seguir essa abordagem é ignorar
intencionalmente as lições vitais da história, a natureza humana e as
estruturas do poder social.
2) Acreditar que existe um bicho-papão em cada
esquina. O caminho da paranóia é tão autodestrutivo quanto marginalizar o
assunto; é um caminho que coloca ênfase excessiva no medo, ao mesmo
tempo que ignora a lógica e a razão.
Portanto, como nos salvaguardamos das operações
psicológicas e da propaganda e de outras táticas de enganação com
informações — principalmente ao lidarmos como os paradigmas da
transformação social?
Um modo é fazer perguntas que nos levem a refletir,
como: Existe um desafio aos meus valores, atitudes e crenças naquilo que
estou vendo, ouvindo ou experimentando? Em que o desafio está baseado e
como a mensagem está me incentivando a reordenar meus princípios? Como
as informações que estou recebendo se sustentam quando confrontadas pela
lógica, pela história e pelo conhecimento? Agendas mais sutis e mais
profundas aparecem subitamente ao pesquisar o objetivo superficial da
mensagem? A mensagem e o significado das informações estão me induzindo a
conformar meu comportamento para aceitar ou rejeitar um determinado
plano, produto ou processo?
Nem sempre é fácil identificar um pacote de operação
psicológica/propaganda bem-projetado. Entretanto, as questões acima
ajudam a formular a análise crítica necessária. Como afirma Joseph. W.
Caddell, ao escrever para o Colégio de Guerra do Exército dos EUA: "Uma
metodologia abrangente para lidar com a enganação nunca será escrita.
Este é um campo nebuloso, em constante mutação e de proporções
virtualmente infinitas." [28].
Mesmo assim, Caddell, escrevendo principalmente para
uma audiência militar, oferece algumas orientações básicas a serem
usadas na batalha contra a enganação:
"Quanto mais você souber sobre seus adversários e
sobre os eventos que estão se desdobrando, melhor preparado estará para
enfrentar a enganação... Nunca dependa de um número limitado de fontes
de informações ou de um número limitado de metodologias de coleta de
informações. Quanto mais fontes você conhecer, mais difícil será para
alguém manipular informações fora do contexto. Quanto mais uma pessoa
sabe, mais provavelmente ela conseguirá detectar uma fabricação."
"O conhecimento também deve incluir o conhecimento
sobre si mesmo. Reconheça os vieses e pressuposições que você, sua
organização e sua cultura possuem. Acautele-se da 'imagem no espelho' —
sempre que alguém assume que os outros se comportarão de uma maneira
similar à forma como ele mesmo faria, está abrindo a porta para o
autoengano." [29].
Tudo isto parece elementar e, em grande parte, é
mesmo. É claro que as tecnologias usadas para transmitir a mensagem
estão sempre sendo atualizadas, mas os conceitos fundamentais permanecem
os mesmos. Não nos esqueçamos também que a arte e a ciência da
propaganda são tão antigos quanto os atos de mentir e de manipular e,
embora os veículos usados para disseminar uma mentira ou para
influenciar uma audiência possam mudar com o tempo e a tecnologia, as
ações básicas continuam as mesmas.
Caddell reforça esta afirmação. Ao discutir as
aparentemente simples contramedidas para enfrentar a enganação, com o
conhecimento e a análise sólida, ele encerra fazendo o seguinte
comentário:
"Estas observações podem parecer todas autoevidentes
até para um estudante casual da enganação. Portanto, alguém pode se
perguntar por que essas afirmações óbvias precisam ser repetidas. A
resposta é simples. Nas operações bem-sucedidas de enganação, o agente
perpetrador espera que uma ou mais dessas observações autoevidentes
sejam negligenciadas." [30].
Observação: Dois documentos-fontes usados neste artigo podem ser encontrados na área restrita do site Forcing Change:
Psychological Operations: First Draft.
Deception 101: A Primer on Deception.
Notas Finais
1. Aristóteles, Política, Livro 8, Parte 1.
2. Brian Nichiporuk e Carl H. Builder, Societal Implications, In Athena’s Camp: Preparing for Conflict in the Information Age (Santa Monica: RAND/National Defense Research Institute, preparado para o Gabinete do Secretário de Defesa, 1997), pág. 295.
3. Peter Kenez, The Birth of the Propaganda State: Soviet Methods of Mass Mobilization, 1917-1929 (Cambridge: Cambridge University Press, 1985), pág. 4.
4. Publicado sob a autorização do Chefe da
Casa Militar, (Departamento de Defesa Nacional do Canadá),
Quartel-General do Comando Móvel, Psychological Operations – First Draft, CFP 315(5), 1988, pág. 1-1.
5. Idem, págs. 1-3.
6. Idem, págs. 3-14/3-15.
7. Kevin Avruch, James L. Narel, e Pascale Combelles Siegel, Information Campaigns for Peace Operations (DoD C4ISR Cooperative Research Program/Command and Control Research Program, 2000), pág. 14.
8. Peter Kenez, pág. 2.
9. Relatório para o Congresso, Serviço de Pesquisa, Public Relations and Propaganda: Restrictions on Executive Agency Activities (CRS, 8 de fevereiro de 2005).
10. Joseph W. Caddell, Deception 101 – Primer on Deception (Carlisle, PA: Strategic Studies Institute, US Army War College, 2004), pág. 5.
11. Para um texto sobre o assunto, veja o livro de Jonathan Gawne, Ghosts of the ETO: American Tactical Deception Units in the European Theater, 1944-1945 (2002).
12. David E. Powell, Antireligious Propaganda in the Soviet Union: A Study of Mass Persuasion (Cambridge: MIT Press, 1975), pág. 1.
13. Idem, pág. 5.
14. Idem, pág. 6.
15.Reshaping the International Order: A Report to the Club of Rome (New York: E. P. Dutton, 1976), pág. 100.
16. Mikhail Gorbachev, On My Country and the World (New York: Columbia University Press, 2000), pág. 73.
17. Para um histórico do IISD, incluindo o
suporte inicial dado pelo governo do Canadá e pela província de
Manitoba, veja IISD Timeline, http://www.iisd.org/about/timeline.asp.
Para ver o financiamento governamental de fontes canadenses e de outros
governos, incluindo os EUA e países europeus, veja o relatório anual do
IISD de 2005-2006. A tabulação dos fundos gerados pelos impostos dados
ao IISD desde sua formação em 1990 chegam às dezenas de milhões de
dólares. A página na Internet do IISD apresenta os relatórios anuais
desde 1996. O autor deste artigo também possui em seu arquivo cópias
impressas dos relatórios de anos anteriores a 1996.
18. Robin Mearns, Environmental
Entitlements: Towards Empowerment for Sustainable Development,
Empowerment for Sustainable Development: Toward Operational Strategies (Winnipeg: International Institute for Sustainable Development/Fernwood Publishing, 1995), pág. 51.
19. Naresh Singh e Vangile Titi, Empowerment for Sustainable Development: An Overview” Empowerment for Sustainable
Development: Toward Operational Strategies, pág. 27.
20. Gretchen Goodale, Training in the
Context of Poverty Alleviation and Sustainable Development, Empowerment
for Sustainable Development: Toward Operational Strategies, pág. 83.
21.Youth Sourcebook on Sustainable Development (Winnipeg: International Institute for Sustainable Development, 1994), pág. 60.
22. Idem, pág. 79.
23. Budd Hall e Edmund Sullivan, Transformative
Education and Environmental Action in the Ecozoic Era, Empowerment for
Sustainable Development: Toward Operational Strategies, pág. 102.
24. Idem, págs. 102-103.
25. Naresh Singh e Vangile Titi, Empowerment for Sustainable Development: An Overview, pág. 19.
26. O autor deste relatório já participou de
diversas conferências sobre os direitos humanos e testemunhou a
propaganda em primeira mão.
27. Peter Kenez, pág. 4.
28. Joseph W. Caddell, Deception 101, pág. 15.
29. Idem, págs. 15-16.
30. Idem, pág.16.
Autor: Carl Teichrib, artigo original em http://www.forcingchange.org, Edição 2, Volume 1.
Revisão: http://www.TextoExato.com A Espada do Espírito: http://www.espada.eti.br/manipulacao.asp
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