Fique de olho: a internet das coisas é a próxima rede social
Por: Ricardo Murer
Desde seu início, a internet é chamada de “rede mundial de computadores”. Felizmente, ela é bem mais do que computadores conectados. Com o estabelecimento das redes sociais, a internet começou a ser reconhecida como rede de “pessoas” conectadas.
Além dos PCs que estão plugados na rede e os celulares (perto de 1 bilhão), todos os anos novos objetos “entram na rede” por meio de tecnologias inovadoras, como RFID (Radio-frequency Identification), WI-FI e Bluetooth, que dão aos objetos a capacidade de se comunicar. Nos últimos anos, entretanto, objetos do nosso cotidiano começaram a receber camadas de informação (software) e sensores, permitindo que fossem além da simples transmissão de dados. Hoje, esses “objetos inteligentes” “sentem” e “reagem” ao ambiente de forma independente, sem que tenhamos que dar qualquer ordem ou comando. Estamos entrando na era da “Internet das Coisas”.
Conectados em rede
Segundo o professor Michael Nelson da Universidade de Georgetown Communication, Culture & Technology e Diretor de Tecnologia Internet da IBM, “dentro de 5 a 10 anos vamos ter mais de 100 bilhões de objetos conectados em rede”. Segundo ele, nossa dificuldade em mensurar o tamanho do mercado da “Internet das Coisas” pode ser comparada à dificuldade de medir o mercado de plásticos em 1940. Naquele tempo era difícil imaginar que o plástico poderia ser usado em praticamente todas as coisas.
O mesmo acontece hoje em relação aos objetos sobre os quais estamos aplicando uma camada de informação digital, processadores ou sensores. Esta nova área tem sido chamada de “internet das coisas”. Mas, afinal, o que é “internet das coisas”?
Entre as diversas ideias e conceitos, a melhor definição para “internet das coisas” seria: uma rede aberta e abrangente de objetos inteligentes que têm capacidade de se auto-organizar, compartilhar informações, dados e recursos, reagindo e agindo diante de situações e mudanças no ambiente.
“Blogjects”
Nessa mesma linha, Julian Bleecker, fundador do Near Future Laboratory, criou o termo “blogjects” para descrever objetos que blogam. Já o escritor Bruce Sterling cunhou o termo “spimes” para descrever “um objeto de identificação única, consciente de sua localização, de seu ambiente, que faz sua própria inicialização, autodocumentação e lança para fora dados sobre si mesmo e seu meio ambiente em grandes quantidades”.
Esse novo universo digital de “coisas conectadas” redefine nossa relação com os objetos ao nosso redor, pois ela não ocorre somente por utilidade (como é hoje), mas também por uma iniciativa e vontade própria do objeto. Uma relação que pode ser com pessoas ou com outros objetos inteligentes, sem nossa interferência ou comando. Outra rede social conectada a “nossa” rede social, repleta de novas possibilidades, capaz de alterar significativamente nossas vidas, como compramos produtos, curtimos nosso lazer e vivemos em sociedade.
Mas imaginar objetos conectados de forma invisível, trocando informações entre si, não é novidade. Em 1999, o professor Neil Gershenfeld, do MIT, publicou seu livro “Quando as Coisas Começam a Pensar” (When Thinks Start to Think), onde descrevia os princípios da “Internet das Coisas”.
Além disso, uma das tecnologias mais usadas hoje para conectar objetos, a RFID não é também algo novo, tendo sido descoberta pelo físico escocês Robert Alexander Watson-Watt em 1935 e usada durante a 2ª Guerra Mundial. A tecnologia RFID é considerada essencial para essa nova revolução na medida em que permite adicionar objetos sem qualquer tipo de eletrônica ou circuito digital à rede.
No cotidiano
Isto já ocorre, por exemplo, com livros, carros e roupas. Ao cobrirmos diferentes áreas de nosso cotidiano com rede sem fio e adicionarmos “tags” RFID aos objetos, estamos promovendo não só o controle e o monitoramento deles nas cadeias de valor e estoque, mas também sua conectividade, inter-comunicação e compartilhamento.
A proliferação de “objetos inteligentes em rede” está também orientando as práticas da engenharia civil e da arquitetura naquilo que hoje é chamado de “prédios inteligentes”.
Edifícios com sensores e dispositivos conectados por uma rede IP são capazes de “sentir’ o ambiente interno e externo, adaptando ventilação, iluminação, uso de água, escadas rolantes e elevadores de acordo com parâmetros sustentáveis para consumo de energia.
Na área de entretenimento, já faz algum tempo que consoles Nintendo DS e Sony PSP já podem acessar redes sem fio e um Kernel Linux, permitindo integrações com outros dispositivos. Quando pensamos na segurança de nossa casa, já podemos instalar câmeras de vídeo, áudio e detectores de movimento integrados, capazes de enviar para nosso celular alertas sobre invasores e notificar centrais de polícia.
Num futuro próximo, o virtual e o real coexistirão numa versão mais sofisticada do que hoje chamamos de realidade aumentada. Nesse novo espaço de interação, objetos inteligentes, agentes e avatares autônomos serão nossos colegas de trabalho, empregados virtuais ou simplesmente mais um amigo dentro do Facebook. A “Internet das Coisas” é a próxima rede social. E já é uma realidade.
Ricardo Murer
É graduado em Computação (USP) e mestre em Comunicação (ECA/USP). Autor do livro “Interactive-se”, é especialista em novas tecnologias e mídias interativas. Atualmente, é Diretor de Tecnologia e Inovação da AgenciaClick Isobar e membro do Internet of Things Council. @rdmurer / http://rdmurer.blogspot.com
Fonte: http://www.idgnow.com.br
O que é a Nova Ordem Mundial? Quem são seus planejadores? Quais são seus objetivos?
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