Image via CrunchBaseParem a Google antes que seja tarde demais
Por Bill Snyder, da InfoWorld/EUA
Justamente quando o mundo respirava aliviado por ter detido a Microsoft em sua escalada ao poder, descobrimos que existe outra ameaça.
Você se lembra dos tempos em que a Microsoft era chamada de companhia que iria dominar o mundo? Hoje a percepção de que isso possa acontecer diminui sensivelmente. Em seu lugar surge uma preocupação com outro nome: Google.
A dominância imposta pela empresa então presidida por Bill Gates no ambiente de computadores desktop e a tentativa de ganhar a web com base no uso do Internet Explorer forma acontecimentos terrivelmente importantes para o universo e para o mercado da tecnologia.
Como resultado dessa intervenção, a empresa foi tolhida em suas investidas pelo Departamento de Justiça dos EUA, por comissões de Justiça da Europa e, mais recentemente, pelos próprios consumidores à medida que estes adotam cada vez mais soluções na nuvem e em dispositivos móveis.
O sistema operacional desktop deixou de ser o centro das atividades digitais; longe de querer afirmar que ele - o conjunto CPU + monitor + periféricos - morreu, é preciso reconhecer que a tecnologia avançou a passos largos.
Um universo multipolarizado por entidades como a Apple, a MS e o Facebook e - quem sabe, a mais importante delas - Google determina a maneira de nossas interações na via digital.
Mas, se procurarmos definir o que manda na computação da atualidade, chegaremos à conclusão de que é a busca.
Justamente o ambiente sem competidor para a Google. Da combinação entre a publicidade digital e a busca nasce o Windows de hoje em dia.
A busca domina nossa satisfação no uso da web, ao passo que a publicidade virtual responde pelo único modelo de negócios viável até o momento.
Quando, em julho de 2010, a Google adquiriu a ITA por 700 milhões de dólares - negociação que ainda aguarda a chancela por parte de entidades federais norte-americanas – o assunto chegou a merecer destaque na seção editorial do The New York Times, causando um “distúrbio na força”.
Quando os dinossauros vagavam na Terra
Só para contextualizar – caso você ainda não estivesse por aí na década de 80 – saiba como a Microsoft costumava agir.
Dia sim dia não, Bill Gates investigava novas tecnologias emergentes e avaliava se elas não deveriam ser incorporadas ao DOS, o antecessor do Windows. Caso positivo, a MS agregava essa tecnologia de compressão de discos ou de gerenciamento de arquivos ao sistema operacional.
Esse comportamento deflagrou uma diminuição do número de concorrentes e algumas melhoras nos sistemas proprietários da MS.
Assim que Gates se deu conta de a Internet ser o próximo cume a conquistar, não hesitou em fundir o sistema operacional ao navegador da companhia. Foi quando o Departamento de Justiça dos EUA deu um basta, processando a empresa e eventualmente obrigando-a a desvincular os dois produtos.
Lembramos que a Microsoft reagiu à decisão com o argumento de que tal desvinculação iria afetar o funcionamento do sistema Windows. Um discurso que segue à risca a retórica de todo organismo monopolizador na tentativa de convencer o mundo acerca das impossibilidades intrínsecas a medidas que dificultem a adesão de seus tentáculos em todas as esferas da existência humana. “Nós dominamos porque é bom para todos”, sabe?
É importante deter a Google antes que seja tarde demais?
E, justamente quando achávamos ter dado conta da ameaça oferecida pela Microsoft, surge a Google e sua expansão agressiva. As manobras da Google refletem seu desespero em sentar-se ao volante.
Basta lembrar o fiasco causado pelo smartphone da empresa, o Nexus One. O caso foi uma demonstração óbvia do despreparo da Google em atuar no mercado mobile. A operação com o Nexus One deve ter custado um bocado de dinheiro e de tempo à empresa, mas serviu para mostrar-lhe que iniciativas daquela natureza merecem mais avaliação.
Mas a série de tentativas da Google em entrar em todos os ambientes de nossas vidas não cessaram com o Nexus.
Houve ainda os papelões da Google TV e do Google Wave.
De maneira segura, pode-se dizer que a Google tropeçou mais do que caminhou em 2010.
E isso é sorte nossa. Se a empresa tivesse logrado sucesso em entrar para outros segmentos do mercado poderia, perfeitamente, ocupar a cadeira antes aquecida pelos dirigentes da Microsoft com resultados negativos para todos os usuários da internet, independente de sua localização.
Agora, o turismo
Goste ou não, a publicidade digital é o sangue que bombeia vida para dentro da web. A Google ser proprietária do software da ITA, usado por grandes empresas do segmento de turismo, anuncia tempos negros para organizações concorrentes, tais como a Kayaz e a Orbitz.
Ao mesmo tempo em que erradica a concorrência, também diminui a liberdade de escolha por parte dos consumidores.
Em longo prazo isso vai reduzir as inovações e determinar condições de competição cruéis.
Na linha dos argumentos publicados pelo Times, o que pode acontecer é uma repetição do que sucedeu a compra do MapQuest pela Google, que começou a inserir suas próprias informações no sistema o que levou a MapQuest ao esquecimento.
A mesma lógica pode ser transferida a outros segmentos de mercado – inclusive aqueles preocupados com outras soluções que não apenas turismo online. A união de serviços de localização via redes sem fio à busca abrem as portas para modelos de negócios sem precedentes. Se a Google atacar esse mercado não se sabe o que pode acontecer nesse segmento.
É importante limitar a atuação da Google, sem lhe tirar os méritos e sem intencionar acabar com a empresa.
Se ela intenciona travar uma batalha pela dominância nesse segmento, essa disputa deve se dar na esfera proverbial.
O que é a Nova Ordem Mundial? Quem são seus planejadores? Quais são seus objetivos?
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