Admirável Mundo Transnacional Progressista Novo
Desde
o fim da Guerra Fria, progressistas transnacionais têm estabelecido
leis internacionais - leis supranacionais, realmente - que nenhum
eleitor pode rejeitar ou mesmo alterar.
Os ataques de 11 de Setembro acordaram alguns americanos -- não todos -- para a ameaça representada pelas interpretações totalitárias do Islã. John Fonte, acadêmico do Hudson Institute, há muito tem se preocupado com outra ideologia que provavelmente não é menos perigosa para os povos livres.
Ela
tem nomes que soam ora vagamente utópicos, como “governança
global”, ora idiotas demais para gerar preocupação, como
“progressismo transnacional”. Mas em seu novo livro, “Sovereignty
or Submission”,
Fonte explica como essa ideologia, que é amplamente aceita na Europa
e, cada vez mais, dentre as elites dos Estados Unidos, está
sub-repticiamente minando a democracia liberal, o autogoverno, o
constitucionalismo, a liberdade individual, e até mesmo o
internacionalismo tradicional - as relações entre Estados-nação
soberanos. Trocando em miúdos, enquanto os jihadistas clamam por
“Morte ao Ocidente!” os progressistas transnacionais estão
silenciosamente promovendo o suicídio civilizacional.
Isso
pode não ser o que eles pretendem. Em teoria, eles estão apenas
reconhecendo a “interdependência global” e argumentam que
“problemas globais requerem soluções globais”. Na prática,
todavia, seu projeto é o de transferir o poder político e econômico
das mãos dos cidadãos dos Estados-nação, e seus representantes
eleitos, para a ONU, burocratas não-eleitos, juízes, advogados e
ONGs. Essas pessoas e instituições irão deter não apenas
autoridade transnacional (poder “além” das nações), mas também
“autoridade supranacional” (poder “sobre” as nações).
Transnacionais
não são tanto antidemocráticas, mas pós-democráticas. Eles
acreditam que, no século 21, a democracia deveria ser atualizada
para incluir a defesa de “princípios universais de direitos
humanos” que, é claro, eles irão enumerar e definir. Eles não
falam em abdicar, mas de “compartilhar” a soberania
“coletivamente”. O resultado, afirmam, será uma nova era de
“autoridade global” que produzirá “justiça global” sob um
“Estado de Direito global”.
De
fato, desde o fim da Guerra Fria, progressistas transnacionais têm
estabelecido leis internacionais - leis supranacionais, realmente -
que nenhum eleitor pode rejeitar ou mesmo alterar. Uma maneira de
realizar isso é elaborar um tratado e exercer pressão internacional
para fazer com que o presidente dos Estados Unidos o assine e o
Senado americano o ratifique. Então, juízes -- que, freqüentemente,
vêm de países não-democráticos -- em cortes transnacionais
interpretam o tratado para fazê-lo parecer o que quer que eles
queiram. Não há cortes de apelação.
E se
os Estados Unidos rejeitam o tratado ou concordam com ele apenas em
parte ao emitir “ressalvas”, os transnacionais declaram que os
Estados Unidos estão submetidos de qualquer maneira - sob algo que
chamam de “lei internacional costumeira” e à qual, insistem, até
mesmo a Constituição Americana está “subordinada”.
É
sobre essa base que é construído o argumento de que os Estados
Unidos estão violando a Convenção de Genebra ao se negar a
classificar terroristas da Al-Qaeda como prisioneiros de guerra -- a
despeito do fato de que os Estados Unidos nunca concordou em conceder
status tão honorável a combatentes foras-da-lei.
Curiosa
e ameaçadoramente, transnacionais têm trabalhado de mãos dadas com
islamitas para atingir objetivos como a proibição global da
“islamofobia” -- o que representaria um cerceamento histórico da
liberdade de expressão.
John
Fonte dedica um capítulo inteiro a Israel, um assunto no qual os
islamitas e os transnacionais também possuem opinião compartilhada.
Israel, ele escreve, tornou-se “o alvo principal de progressistas
transnacionais que procuram expandir a autoridade global na
determinação de leis de guerra. Se precedentes da lei internacional
pudessem ser estabelecidos contra as políticas de segurança
israelenses, esses precedentes poderiam ser usados mais tarde para
subordinar as políticas de defesa dos Estados Unidos à lei global
definida pelos transnacionalistas.”
Facções
desse movimento, incluindo grandes fundações como a Fundação
Ford, ONGs importantes como a Human Rights Watch, e setores da
União Européia, são “cúmplices na campanha global islamita para
deslegitimar Israel como um Estado de apartheid através da
estratégia de ‘boicotes, desinvestimento e sanções’.” Fonte
observa que Israel “é a mais vulnerável das democracias
independentes do mundo, alvo constante dos defensores da governança
global como um substituto para os Estados Unidos ou o Estado
democrático independente em geral.”
O
sonho dos progressistas transnacionais, John Fonte conclui, é que os
americanos aceitem “o admirável mundo novo da governança global”,
concordem voluntariamente em “compartilhar” sua soberania com os
outros, e demonstrar “liderança” ao submeter-se a um “regime
legal supranacional global. Com efeito, a larva americana é
transformada em uma borboleta global.”
Algum
dos candidatos à presidência em 2012 compreende isso? Algum deles
possui as habilidades necessárias para fazer disso uma pauta –
perguntar aos eleitores se eles querem preservar o que Alexis de
Tocqueville chamou, admirado, da distinta “soberania do povo” da
América, ou se eles preferem compartilhar sua soberania com outros
ao redor do mundo, incluindo ditadores e islamitas?
Minha
opinião é que a maioria dos americanos -- não todos -- não querem
se submeter, não querem que o século 21 seja uma era
pós-democrática e pós-americana. Mas com o ano de eleição se
aproximando, agora seria uma excelente hora para começar o debate e
descobrir.
Clifford D. May é presidente da Foundation for Defense of Democracies, um instituto político focado em segurança nacional e política externa.
Publicado na National Review.
Fonte:
www.midiasemmascara.org
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