A guerra, quase todo tipo de guerra, é primeiro de tudo uma
produção, uma peça de teatro com os mocinhos e bandidos definidos pelos governos
e pela mídia para o benefício das massas. A maior parte dos pontos principais no
enredo dos conflitos modernos não é genuína. Esses pontos são escritos e
encenados (como o Golfo de Tonkin, ou as armas de destruição maciça no Iraque),
mas tratamos o conto de fadas como se fosse realidade simplesmente porque a
história está sendo contada por algum executivo de uma grande empresa, que se
apresenta com um sorriso falso e vestido de terno e gravata na televisão.
Frequentemente, descobrimos após o fato que as guerras que testemunhamos nas
sombras escuras do nosso cinema cultural com pipoca engordurada e um enorme copo
de refrigerante nas mãos foram na verdade uma farsa. Ficamos com raiva, ficamos
lívidos e então continuamos com nossas vidas servis porque "o estrago já está
feito mesmo" e o que podemos fazer agora? Muito raramente na história a vasta
maioria das pessoas tem a capacidade ou a oportunidade de ver a guerra autêntica
que está acontecendo diante de seus olhos, entre os mestres sociais das
marionetes e aqueles que se libertaram de seus cordões.
Hoje, temos uma rara oportunidade de sair para fora do teatro,
para fora da encenação fabricada de um conflito particular que está se formando
no horizonte, e examinar a situação objetivamente antes que ela se desenvolva
por completo. Esse conflito é a "guerra cambial global" que está se tornando
cada vez mais agressiva e sendo preparada para implementação e consumo público
neste exato momento.
Por agora, a ameaça de uma guerra cambial em larga escala está
sendo apresentada como "mínima", porém potencialmente relevante. Na verdade, a
guerra se enraizou desde pelo menos 2008, logo após o colapso inicial da bolha
dos derivativos em hipotecas, quando o banco central privado chamado de Sistema
da Reserva Federal (Fed) reduziu as taxas de juros para quase zero e começou
abertamente a comprar a dívida do Tesouro dos EUA.
Somente no mês passado é que
a grande mídia finalmente começou a discutir as implicações mais amplas dessas
medidas, junto com as reações óbvias dos outros países, incluindo a
transformação das guerras comerciais em conflitos reais. Mas, nem tudo é o que
parece...
Como espero demonstrar de forma bem clara neste artigo, não
somente é a ameaça de guerra cambial totalmente desnecessária e sem sentido no
aspecto fiscal, mas ela é também fabricada para servir a um propósito além das
diretivas de política de qualquer nação soberana e tem o objetivo de beneficiar
somente uma pequena parcela da elite financeira.
A Guerra Cambial Não É Surpresa
A grande mídia tem ultimamente tratado o conceito de guerra
cambial como algo chocante e inesperado, como se tivesse caído do céu de repente
para causar estragos em economistas pobres e incautos. No artigo indicado a
seguir, o analista financeiro atribui a origem da frase "guerra cambial" ao
Ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, que avaliou a questão uma semana
atrás:
Espere um pouco! O quê?! Não sei exatamente quem cunhou o
termo, mas sei que não foi um sujeito chamado "Guido" na semana passada. Há
muitos anos que economistas e analistas alternativos (incluindo eu mesmo)
advertem sobre o assunto! Na verdade, o eminente economista chinês Song
Hongbing, que já morou e trabalhou nos EUA, escreveu um livro que se tornou
muito famoso na China, intitulado Currency Wars, publicado originalmente
em 2007:
Interessantemente, esse livro predisse o colapso de 2008 e
delineia como as elites bancárias do Ocidente estavam planejando usar diversas
implosões artificiais nacionais para introduzir uma moeda mundial. Mas, vamos
reservar o economista Song para mais tarde...
A chave aqui é que a ideia e o perigo dos conflitos cambiais
estão presentes e fomos advertidos repetidamente sobre eles muito antes de 2010.
A razão por que a mídia está tentando pintar este tópico como uma surpresa,
embora muitos tenham advertido em alta voz sobre ele é simples: afastar a culpa
para longe dos bancos centrais e para longe do Sistema de poder. Uma livre
reescrita da história "em tempo real", por assim dizer.
Aqui está um pequeno segredo para prever o futuro e você não
precisa ser um adivinho com poderes psíquicos: apenas veja as estratégias e a
retórica que os globalistas usaram na última crise que criaram e então
aplique-as na próxima repetidamente. Funciona como mágica! Em 2008, à medida que
a crise do crédito avançava para assumir força total, os banqueiros
internacionais e os analistas da grande mídia em toda a parte começaram a dar de
ombros como se nada tivessem a ver com aquilo, como meninos de quatro anos de
idade que acabaram de saquear a jarra de biscoitos. "Como isto pôde acontecer?
Veio do nada! Precisamos criar uma comissão especial para investigar isto a
fundo... blablablá, mentiras, meias-mentiras, meias-verdades, etc." Este é o
mesmo tipo de distração que estamos começando a ouvir em termos de tensões
cambiais e de comércio que estão se desenvolvendo hoje. Em 2011, à medida que o
dólar americano caminhar para a completa desintegração, e o governo e a mídia
disseminarem propaganda sobre o desastre como algum tipo de Pearl Harbor não
previsto, apenas se lembre que certamente não é surpresa para os banqueiros
internacionais, mesmo se eles afirmarem ignorância.
A Inflação É Tão Engraçada Que Talvez Devêssemos Fazer Dela um Parque
Temático
Quase imediatamente após a crise de crédito se tornar visível,
os economistas do Sistema começaram a propor uma desvalorização do dólar. Aqui
está um artigo da revista Forbes, publicado em 2008, que finge ser
contrário aos banqueiros, mas depois delineia por que a inflação deliberada é
supostamente uma "cura para tudo", que é exatamente o tipo de desinformação de
que os banqueiros globais mais gostam:
1) O argumento que por meio da criação de dinheiro a partir do
nada o déficit público possa ser "apagado" e a única desvantagem é uma ligeira
redução no poder de compra, que pode então ser recuperado por uma retenção na
circulação do dinheiro por um curto período de tempo (é fácil assim,
certo?).
2) O argumento que por meio da desvalorização, as exportações
de um país se tornam mais competitivas e, assim, geram mais renda interna,
revitalizando a economia.
Os dois argumentos não têm lógica quando aplicados aos nossos
fundamentos econômicos particulares. A desvalorização da moeda para enfrentar a
dívida insustentável nunca na verdade equilibrou as contas de país algum. Como
no artigo da Forbes referenciado anteriormente, alguns analistas da
grande mídia sugerem que a Grande Depressão foi eventualmente terminada por meio
de "injeções controladas de liquidez" (estímulos) e por uma maior desconexão do
padrão ouro. Isto é altamente questionável, mas vamos dizer por um momento que a
inflação deliberada no fim daquela década realmente tirou os EUA da crise. A
comparação com a situação atual, no que se refere à desvalorização, não é
aplicável, pois os EUA não tinham em 1930 o nível de déficit público que têm
hoje. Na verdade, de 1920 a 1930, imediatamente antes do início da Grande
Depressão, o déficit público foi reduzido em cerca de 30%, e o dinheiro era
devido a governos aliados (amigos).
Em 2008, a dívida pública americana estava
se expandindo em velocidade sem precedentes na história e ainda está hoje. Além
disso, qualquer inflação que foi criada durante os anos 1930s e 1940s entrou na
economia geral, e não foi para os infindáveis socorros financeiros aos bancos e
também não para a compra constante dos títulos do próprio Tesouro dos EUA, como
está acontecendo atualmente.
No que se refere à dívida e a inflação, uma comparação
histórica mais exata seria com a Alemanha durante a República de Weimar, e o
colapso do marco alemão.
A Alemanha entrou em sua própria Grande Depressão com dívidas
pesadas, que eram devidas a diversos países (muitos deles hostis) após tomar
emprestado mais do que seus meios permitiam para sustentar seus constantes
esforços de guerra (isto soa familiar para você?). A República finalmente seguiu
uma política de inflação fabricada, acreditando que poderia imprimir dinheiro
para cumprir suas obrigações e sofrer somente perdas mínimas no valor da moeda.
O problema foi que a Alemanha assumiu, exatamente como alguns nos EUA hoje
assumem, que os credores continuariam a aceitar a moeda em estado de implosão
como meio de pagamento. Em vez disso, os credores começaram a rejeitar o
pagamento em moeda fiduciária (moeda criada a partir do nada) e começaram a
exigir o controle da infraestrutura e dos recursos minerais e energéticos do
país. Carvão, aço, madeira, etc. foram confiscados e usados para honrar os
pagamentos da dívida. A produção e a capacidade industrial na Alemanha foram
destruídas. A impressão de dinheiro continuou apenas para manter o governo
respirando e, em pouco tempo, ninguém no mundo queria receber marcos, nem mesmo
o próprio povo alemão.
Hoje, os economistas da grande mídia estão fazendo as mesmas
suposições insensatas que foram feitas na Alemanha durante o período da
República de Weimar. Será se países como a China, Japão ou Rússia continuarão a
aceitar dólares como pagamento se os EUA continuarem a inflacionar sua moeda? Ou
será se tratarão os EUA como outra República de Weimar, deixarão de aceitar o
dólar e se livrarão de seus títulos do Tesouro Americano para reduzir suas
perdas? Talvez eles exijam o controle da infraestrutura e dos recursos naturais
como compensação.
Tenha em mente que investir em um país que abandonou sua
própria moeda, a própria base de sua economia, é como dar um grande e forte
abraço a um leproso; a simples ideia causa aversão nas pessoas! O ponto aqui é
não devemos esperar que países para os quais os EUA devem dinheiro continuem a
aceitar o dólar como uma moeda viável.
A afirmação que as exportações florescerão com um dólar mais
fraco é igualmente ingênua.
Como a Alemanha durante a República de Weimar, a
capacidade industrial americana foi lançada na sarjeta, porém de uma maneira
ligeiramente diferente. A terceirização deixou os EUA com uma economia baseada
70% em serviços, dependente não da produção e da poupança, mas do consumo
sustentado por uma dívida sempre crescente. A maior parte das indústrias
americanas foi transferida e está sendo operada no exterior, utilizando mão de
obra de trabalhadores estrangeiros que recebem baixos salários. Eu fico
imaginando o que os economistas da grande mídia esperam que os EUA exportem
quando ocorrer uma severa depreciação da moeda americana. E mesmo que os EUA
consigam reconstruir algo que se assemelhe a uma base industrial em menos de uma
década, por que países como a China comprariam produtos americanos se podem
facilmente fabricá-los em volumes muito maiores e a um custo menor? Todo o
conceito parece absurdo (e é)!
Por exemplo, o artigo a seguir, sobre os relatórios de vendas
internacionais da Alcoa, tenta afirmar que as exportações do fabricante de
alumínio estão crescendo por causa da desvalorização do dólar; depois, o artigo
se contradiz totalmente ao mostrar que os lucros estão na verdade CAINDO por
causa do dólar mais fraco:
A única exportação que os EUA têm e que os outros países ainda
desejam é o dólar como moeda de reserva mundial, porém agora o banco central e o
governo americanos estabeleceram o propósito de terminar com isto! Recentemente,
a Reserva Federal começou abertamente a propor um estímulo maior, admitindo que
seu verdadeiro OBJETIVO é de fato a inflação:
A insinuação aqui é que a inflação "ainda" está para acontecer,
quando na verdade ela já está em progresso agora. Os banqueiros centrais até
aqui desconsideraram o dramático aumento do ouro nos últimos meses, dizendo que
o ouro não é um indicador confiável da inflação e que seu aumento se deve à
maior demanda, não à desvalorização do dólar. A alta procura pelo ouro como uma
moeda alternativa deve ser suficiente para deixar qualquer um preocupado com
relação à segurança do dólar. O ouro também está se valorizando com relação às
outras moedas; entretanto, ele está quebrando os recordes com relação ao
dólar!
Isto indica que a desvalorização do dólar, não apenas a procura
pelo metal, está contribuindo diretamente para a inflação.
O ouro não é o único produto que está subindo de preço por
causa do dólar mais fraco. Quase todos os outros produtos, incluindo os cereais,
estão subindo muito de preço. Como o economista Peter Schiff indicou em um vídeo
recente, todo o entusiasmo com os índices atuais das bolsas de valores são
vazios quando você considera que a maioria das commodities está com um
desempenho superior às ações por causa da inflação. Quem investiu em arroz,
cobre ou até mesmo algodão, ganhou mais dinheiro no mês passado do que quem
investiu em ações:
O preço dos cereais está explodindo agora diante do dólar mais
fraco. Muitos mercados de commodities têm "limites de trava" que permitem
somente certa percentagem de aumento por dia.
Uma vez que essa percentagem seja
atingida, as negociações são interrompidas.
Dê uma olhada em quantos cereais
estão atingindo seus limites de trava ao mesmo tempo:
O acentuado aumento nos preços das commodities esteve
sob o radar por um bom tempo, mas qualquer pessoa que faça compras na mercearia
sabe do que estou falando. Quantos de nós viram os preços dos produtos nos
supermercados aumentar, não caírem, nos dois últimos anos? Outros fatores a
considerar: os varejistas estão absorvendo custos mais altos no atacado de modo
a manter os preços na prateleira sob controle para evitar a perda da clientela,
porém isto não vai durar muito tempo. Em breve, eles começarão a perceber que a
"recessão" está durando muito mais do que eles foram levados a acreditar e, se
continuarem a absorver os custos crescentes, terão de fechar as portas. Outro
problema é o fato que os salários estão caindo nos EUA ao mesmo tempo em que os
preços estão subindo! O governo se recusou a conceder aumentos para os
aposentados neste ano para compensar a inflação e, provavelmente, fará o mesmo
no próximo ano.
Esta é a primeira vez desde 1975 que a Previdência Social não
corrigiu as aposentadorias diante dos custos crescentes:
A inflação ESTÁ acontecendo e mesmo assim a Reserva Federal
quer deliberadamente criar mais? O quanto mais é suficiente para o Fed? Se eles
realmente querem corrigir a economia, então produzir elevações nos preços em um
ambiente de nível de emprego volátil e com salários em declínio parece ser uma
forma engraçada de tratar o problema. É interessante que existe outro paralelo
com a República de Weimar aqui. O governo alemão naquele tempo negava
ferrenhamente que a inflação estava destruindo a economia até o momento em que o
colapso total ocorreu. Será se os EUA realmente vão dar as boas vindas para esse
tipo de evento?
Conclusão: os especialistas são estúpidos de primeira classe e
os bancos centrais mentem. Extrema inflação conjugada com uma dívida pública
impagável é uma coisa má, não boa. É como um parente embriagado que arruína sua
festa de aniversário e faz todas as crianças chorarem. Não se deve convidar este
tipo de problema a vir à sua casa.
Em uma Corrida Para Baixo, Todos Perdem
É impressionante o quão abruptamente tantos países em todo o
mundo consideraram ou executaram políticas de desvalorização. A intervenção na
moeda é o furor do momento! O governo do Japão interveio no iene (com pouco
sucesso) e declarou que continuará a fazer isso no futuro próximo:
O Banco da Inglaterra provavelmente continuará com as medidas
de estímulo e desvalorização da libra, exatamente como a Reserva Federal está
fazendo com o dólar americano:
A Reserva Federal ainda vai anunciar se acelerará as medidas de
estímulo nos EUA, mas o consenso é que ela fará isso.
Logicamente, há pouca
indicação que o Fed tenha parado com as injeções de liquidez feitas desde o
início da crise de crédito, de modo que não compreendo por que tanto entusiasmo.
O que é claro é a óbvia tendência para múltiplas implosões de moedas em um
esforço fútil de lutar por uma participação nas exportações que não existe.
Esta "corrida para baixo" nas moedas é vendida para o público
como necessária por causa da interdependência, a mesma interdependência que foi
essencialmente forçada sobre nós nas últimas décadas pelos interesses
empresariais globalistas.
Simultaneamente, esses mesmos interesses globalistas
estão rotulando a guerra cambial como "protecionismo".
Bem, qual dos dois é o
culpado? A interdependência ou o protecionismo?
O globalismo criou uma atmosfera econômica em que as massas
assumem que nenhum país pode sobreviver sem que outros sirvam de apoio, mas o
que acontece quando esses países individuais não conseguem nem mesmo suportar
suas próprias situações financeiras, muito menos as dos outros? O fato é que a
interdependência é uma fraude.
Veja a coisa da seguinte forma: imagine que você more em uma
casa ampla com vários colegas que ajudam a pagar o aluguel. Alguns de seus
colegas são, infelizmente, artistas ainda não reconhecidos e que passam fome, ou
caronistas, que vivem à custa dos outros e que não ajudam a pagar as despesas.
De modo a sobreviver, eles sugam o sangue das pessoas que os carregam nas
costas. Isto é globalismo, ou interdependência.
Agora, qualquer pessoa sensata procuraria encontrar colegas
mais responsáveis para compartilhar uma situação financeira, ou estão se mudaria
da casa e procuraria viver de forma independente. No entanto, de acordo com os
globalistas, você não tem o direito de se mudar e morar sozinho. Você não tem a
permissão de se tornar independente. Como um locatário que tem a capacidade de
mantê-lo acorrentado ao imóvel, ou você vive na propriedade dele ou não viverá
em parte alguma. Você precisa ficar preso naquela casa, naquela situação
financeira, com um bando de réprobos que se comportam como crianças, e fazer
aquilo funcionar para o resto de sua vida. Por que você precisa disto? Os
globalistas nunca explicam direito, mas aparentemente, esta é a "ordem natural
das coisas" e o isolacionismo é "falta de espírito esportivo".
Portanto, você
está preso nesta casa de horrores. Quais são suas opções?
A) Ameaçar os colegas preguiçosos com represálias financeiras,
retendo os fundos, produtos, etc. (Isto é o que os globalistas chamam de
"protecionismo".) Entretanto, se você não assumir a parcela dos seus colegas,
não completará o valor do aluguel e colocará tudo sob o risco de colapso,
arrastando todos para o abismo de viver sem teto e na perdição.
B) Tornar-se você também um caronista e viver à custa dos
outros. (Isto é basicamente o que os EUA e muitos outros países fizeram ou estão
começando a fazer. Por que trabalhar para se manter se você pode simplesmente
tomar empréstimos e gastar de acordo com a vontade de seu coração? Desde que os
outros colegas continuem contribuindo com as despesas, tudo estará bem para
você. No entanto, eles poderão se tornar protecionistas e parar de pagar. Neste
caso, o que você e os demais caronistas farão?
C) Assassinar os colegas, enterrá-los sob o piso e guardar as
coisas para você somente. (Guerras e violências ocorrem o tempo todo por causa
de disputas comerciais.)
D) Continuar como o trouxa que paga as contas de todos os
caronistas. (Ninguém faz isto por muito tempo, incluindo os países.
Eventualmente, eles se voltam para as opções A, B, ou C.)
Sob a interdependência forçada, a única pessoa que continua por
cima é o locatário. Todos os demais se tornam igualmente pobres. A ilusão,
novamente, é que precisamos permanecer interdependentes. Por que não nos
tornarmos autossuficientes como país e nos recusamos a brincar neste jogo? Por
que não deixar a casa disfuncional, dar adeus ao locatário e construir sua
própria casa que realmente funcione? Por que um bando de banqueiros da elite
pode rotulá-lo de "isolacionista"? Que diferença faz? A alternativa é um planeta
de parasitas que sugam o sangue uns dos outros em uma distopia global cada vez
mais destrutiva e desbalanceada. Algumas vezes, as pessoas simplesmente não se
dão bem umas com as outras.
Forçá-las a conviver contra as vontades delas não é
uma receita para a paz ou para a estabilidade econômica, mas sim para o
desastre.
A Perpetuação do Mito da Guerra Cambial
Em qualquer batalha épica, seja real ou no cinema, duas coisas
muito importantes são necessárias: um herói e um vilão. Caso contrário, o
público simplesmente perde o interesse. A guerra cambial que está sendo forçada
sobre nós não é diferente.
Geralmente, na guerra cada lado tende a ver a si
mesmo como o "herói" e outro lado como o "vilão", independente de suas posições
morais.
Entretanto, isto realmente não importa para as elites que estão no
controle do volante, desde que elas derivem os benefícios que desejam com o
conflito.
Por exemplo, embora as tensões da desvalorização ainda não
tenham se acumulado para a tensão total na disputa entre a China e os EUA, é
fácil ver como o cenário está sendo armado em ambos os lados do Pacífico para a
perpetuação do mito do herói contra o bandido. O povo americano e o povo chinês
estão sendo cuidadosamente condicionados a verem o outro como a única fonte da
crise econômica que está prestes a se desdobrar.
Noam Chomsky começou a distribuir uma série de artigos
intitulados, estranhamente, China and the New World Order (A China e a
Nova Ordem Mundial). Você pode ler as duas primeiras partes aqui:
Agora, antes que qualquer pessoa no Movimento da Liberdade
comece a ficar entusiasmado com o fato de Chomsky finalmente ter acordado para a
natureza criminosa dos bancos centrais, preciso adverti-lo que ele não abriu os
olhos para coisa alguma. Na verdade, sua última série de artigos continua e
suporta a fábula que o "imperialismo" americano e traições do tipo Darth Vader
são a causa-raiz de todos os problemas e desconforto que existem sobre a face do
planeta. Na visão de Chomsky, o domínio americano é a "Velha Ordem Mundial", uma
ordem contra a qual a China (a heroína) está se posicionando, junto com outras
economias emergentes. A "Nova Ordem Mundial", de acordo com Chomsky, é a solução
para as décadas de tirania norte-americana.
Admito que sou há muito tempo um admirador da obra de Chomsky
sobre linguística generativa, mas no que se refere às suas visões políticas, ele
sempre foi bidimensional.
Chomsky certamente ignora o fato que o Partido Comunista Chinês
deve seu poder aos interesses ocidentais que apoiaram Mao e sua revolução por
meio dos esforços do general Joe Stillwell, que deveria estar ajudando os
nacionalistas. Mas, vamos agora esquecer a história e os fatos e viver o
"agora". O problema com a visão de Chomsky é que ela não somente desconsidera a
história, ela desconsidera totalmente o papel do globalismo e dos bancos
centrais! Não foram os imperialistas americanos somente que contribuíram para o
dínamo do colapso econômico que testemunhamos atualmente. Isto não é "carma"
financeiro. O colapso é resultado de ações praticadas pelas elites empresariais
dos EUA, pelas elites europeias, pelas elites da América do Sul e da América
Central e até mesmo pelas elites asiáticas. A palavra operativa aqui é "elites".
Quer Chomsky perceba ou não, ele está treinando seus leitores a associarem a
frase "Nova Ordem Mundial" com anti-imperialismo! Isto é risível, pois os
globalistas que frequentemente usam essa mesma frase para descrever seus
objetivos de um controle econômico e social centralizado são qualquer coisa
MENOS anti-imperialistas.
Você se lembra de Song Hongbing e seu livro "Guerras Cambiais"
que mencionamos anteriormente? Bem, a visão dele é quase idêntica a de
Chomsky!
Em seu livro publicado três anos atrás, ele descreve a história
da elite bancária global, predizendo que ela acionaria um colapso econômico de
modo a destruir o dólar americano e lançar uma nova moeda global. Parece que ele
fez sua lição de casa, exceto que no mesmo livro ele delineia como a China não é
parte deste plano, mas um alvo inocente.
O livro "Guerras Cambiais" foi um sucesso na China em 2008 e
Song foi até indicado como uma das pessoas "mais poderosas da China" pelo site
de notícias econômicas Bloomberg:
Após lerem o livro de Song, milhões de chineses estão agora sob
a ilusão que seu governo, que foi trazido à existência pelos interesses
globalistas e que institui políticas globalistas, de algum modo não é parte da
guerra cambial criada pelos globalistas e que a China está na realidade sob
ataque das elites ocidentais que trabalham por meio dos EUA.
Impressionante. Se
eles apenas compreendessem que seu próprio governo está tão envolvido na
fabricação do colapso quanto o governo americano, poderíamos não estar
discutindo a possibilidade de uma guerra cambial.
Por fim e certamente menos importante, há a marionete do
Sistema Paul Krugman, que parece nunca perder tempo quando existe uma mentira
que precisa ser disseminada:
Neste artigo, Krugman regurgita todos os pontos de discussão da
grande mídia que poderíamos esperar que delineiam os assim chamados benefícios
de aplicar sanções à China. Nem uma vez esse mercenário sente a necessidade de
mencionar que a China também tem a capacidade de liquidar suas reservas em
títulos do Tesouro dos EUA, causando um efeito dominó no mercado que aniquilaria
o dólar. Krugman é outro exemplo vivo de que você não precisa ser inteligente ou
nem mesmo honesto para receber o Prêmio Nobel de Economia.
Aqui vemos um coro crescente de vozes insinceras na China e nos
EUA todas cantando "lutar, lutar, lutar, lutar", sem apresentarem qualquer razão
concreta ou racional por que deveríamos lutar.
Não Leve um Canivete Para uma Luta com Armas de Fogo
Por que não iniciar uma briga comercial com a China? O governo
chinês é notoriamente contrário às liberdades, certo?
Infelizmente, o governo
americano não está muito atrás, de modo que uma elevada base moral está fora de
questão. Além disso, economicamente, os EUA têm tudo a perder e a China tem tudo
a ganhar.
A China substituiu os EUA em termos de mercados de exportação.
O bloco comercial ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático) está sendo
muito lucrativo para a economia chinesa, crescendo 55% na primeira metade deste
ano:
Já disse isto um milhão de vezes e vou dizer novamente: a China
NÃO precisa mais dos EUA. Fico admirado ao ver que os economistas da grande
mídia ainda repetem a bobagem que a China depende dos mercados de consumo nos
EUA. Isto não é mais verdade.
A China tem dívidas limitadas, trilhões de dólares em superávit
cambial em moeda estrangeira, e uma capacidade industrial gigantesca. A única
fraqueza é, na verdade, a moeda. A inflação está desmedida na China,
especialmente nos alimentos e na moradia. O yuan tem poder de compra limitado,
tornando a vida dos cidadãos chineses difícil.
Eventualmente, eles terão de
permitir a valorização de sua moeda se esperam manter uma base de consumidores
mais forte. Assim, por que eles até aqui não permitiram que o yuan subisse?
Parece ser uma grande contradição... mas na verdade é uma decisão
deliberada.
O Banco Central da China emitiu títulos denominados em yuan nos
dois últimos anos, fortalecendo a reputação do yuan como uma possível moeda de
reserva nos círculos internacionais. Os títulos em yuan estão agora praticamente
em paridade com os títulos do Tesouro dos EUA:
O yuan está sendo preparado para uma considerável valorização,
mas há uma coisa que resta para os chineses fazerem: despejar no mercado os
títulos do Tesouro dos EUA. Esta é uma proposição difícil.
O despejo desses
títulos neste momento poderia parecer um antagonismo, ou até mesmo um ataque,
deixando a China no papel de "vilã", não como "heroína". Não seria útil se os
EUA fizessem uma provocação que desse à China uma justificativa para se livrar
dos títulos do Tesouro dos EUA?
Aqui entram os banqueiros centrais dos EUA e
suas hordas de propagandistas da guerra cambial, criando a oportunidade perfeita
para a China derrubar o dólar, e para outros interesses o substituírem.
A razão por que tantas pessoas se tornaram confusas com a
questão cambial China/EUA é porque elas não estão olhando para o quadro grande,
o método que está por trás da loucura...
Que Confluência Impressionante de "Coincidências", Disseram os
Globalistas
As coincidências, por sua própria natureza, devem ser
inerentemente imprevisíveis. Por que, então, os economistas alternativos e os do
Movimento da Liberdade conseguiram diversas vezes predizer os movimentos do
mercado que normalmente seriam chamados de coincidentes? Porque não existem
coincidências, especialmente em uma economia tão manipulada quanto a que existe
nos EUA.
A questão que todos precisam fazer para si mesmos é: nestas
perfeitas tempestades de destruição, quem se beneficia mais?
Veja todos os
fatores que precisam se encaixar para produzir uma guerra cambial entre a China
e os EUA; uma implosão global do crédito maior do que qualquer coisa já vista
antes, uma total reengenharia da economia chinesa em direção ao consumo no
espaço de três anos, a emissão de títulos denominados em yuan com a ampla ajuda
das empresas globais, a solidificação final do bloco comercial ASEAN no espaço
de um ano, a redução da taxa de juros para quase zero nos EUA, a impressão de
dólares fiduciários na forma da flexibilização quantitativa nos dois últimos
anos e o anúncio global de intervenções simultâneas nas moedas. São muitos
eventos sem precedentes em um curto espaço de tempo. A súbita proposta para que
o FMI passe a atuar como um supervisor global e "polícia da moeda" é apenas a
cobertura do bolo:
Polícia da moeda? O que isto significa exatamente? Vamos
perguntar ao próprio FMI:
"'Ações adicionais são necessárias urgentemente para reforçar o
papel e a eficácia da instituição como um organismo global para a vigilância
macro-financeira e colaboração nas políticas', o comitê diretor do FMI disse em
um comunicado."
Portanto, a solução para a crescente guerra cambial fabricada
pelos bancos centrais é dar aos banqueiros centrais maior poder para
supervisionar e regular todas as moedas? O que o G-20 pensa sobre isto? Eles
acharam a ideia excelente!
O FMI está sendo colocado não como um juiz nas disputas
cambiais, mas como um árbitro e regulador. Este papel ainda não se materializou
e, provavelmente, não se materializará até que várias moedas tenham implodido,
incluindo o dólar americano, mas o fim do jogo está claro; haverá o
descarrilhamento do dólar e o FMI intervirá e assumirá o controle da questão
para o bem maior.
Quem se beneficiará? Os banqueiros internacionais e as elites
que estão no comando do FMI, que receberão mais poder econômico centralizado que
já foi obtido na história da humanidade. Isto, junto com a recente admissão do
FMI que quer que os SDR (Direitos Especiais de Saque) se tornem a nova moeda de
reserva mundial, revela claramente, sem dúvida, que uma guerra cambial será uma
maldição para a soberania nacional, para a vida financeira e para as liberdades
do homem comum, e que dará um ímpeto acelerado na promoção do globalismo.
Imagine isto.
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