segunda-feira, 30 de julho de 2012

O que é o ambientalismo? 4, 1ª parte – De Woodstock ao niilismo: toma corpo o movimento verde


O que é o ambientalismo? 4, 1ª parte – De Woodstock ao niilismo: toma corpo o movimento verde

Rio+20 o longo caminho desde Woodstock
Foto Marcello Casal Jr-ABR


Dando continuidade à série sobre a história do movimento ambientalista, abordamos finalmente, o período mais recente desse movimento.

Mais precisamente desde o início dos anos 70, marcados pela explosão hippy e as transformações operadas no catolicismo em virtude da aplicação do Concílio Vaticano II.

Julgamos que poucas visões de síntese desse período histórico tão denso e decisivo do movimento ambientalista foram tão ricas em documentação quanto o trabalho do jornalista Robert James Bidinotto, “Ambientalismo, o inimigo da liberdade nos anos 90”.

Bidinotto adquiriu nomeada escrevendo para o “Reader’são Digest” sobre questões ligadas à justiça criminal, ao ambientalismop e à filosofia. No artigo que reproduzimos a continuação ele reúne felizmente exigência crítica e uma linguagem ágil mas respeitosa que torna accesível o intrincado assunto.

Tentamos tirar excertos do longo trabalho de Bidinotto. Mas, no fim julgamos mais prudente conservá-lo quase na integridade e dividí-lo em três post sucessivos. A riqueza de dados justifica a opção.

O artigo original em inglês pode ser compulsado na integra neste endereço: Robert James Bidinotto, “Environmentalism: Freedoms Foe for the 90s” (“The Freeman”, November 1990 • Volume: 40 • Issue: 11)
Ambientalismo, o inimigo da liberdade nos anos 90

Filhos de Rousseau

Por ocasião do primeiro “Dia da Terra”, em 1970, alguns jovens, intimidados pelo ritmo e pela complexidade da vida moderna, procuraram uma solução: revoltar-se ou retirar-se. Destruir “o sistema” ou retirar-se para as alturas das Montanhas Rochosas do Colorado.

Filhos de Rousseau, eles pregavam a bondade inerente à natureza intocada, e à emoção indisciplinada; a influência corruptora da razão, da cultura e da civilização; a igualdade econômica e a participação democrática em pequena escala; a infalibilidade mística da vontade coletiva e o sacrifício do indivíduo ao grupo.

Unia-os o ódio contra o inimigo comum: o americano moderno e a sociedade capitalista.
Woodstock, 1969, estado de Nova York
Enquanto a maioria de seus contemporâneos moderados se tornavam arquitetos, contadores e vendedores de automóveis, um pequeno conjunto de líderes — o resíduo Rousseauneano da geração Woodstock — nunca superou seu fundamental alheamento e hostilidade cultural.

Nunca tiveram o menor interesse pelos valores básicos aceitos pelo comum das pessoas. Durante vinte anos, permaneceram em efervescência nas bordas da sociedade. Agora, como abutres sentindo um animal ferido, apertam o cerco em torno de uma cultura vulnerável.

Este pequeno grupo de fanáticos estabelece as premissas morais do movimento ambientalista de hoje.

Ao contrário das opiniões de muitas pessoas decentes que se qualificam como ambientalistas, ou mesmo a maioria daqueles que entram em grupos ambientalistas, o quadro de liderança não está primariamente interessado em ar puro, terras, água, recursos abundantes, ou em resolver controvertidas reivindicações sobre seu uso.

Eles têm um programa bem diferente.

Antes de continuar, devo esclarecer um ponto muito importante. Estou adotando enfaticamente uma postura de não contestação ante o fato de que as preocupações com o meio-ambiente sejam triviais ou errôneas.
A poluição, o uso exagerado de vários recursos naturais, o lixo tóxico, e outros tópicos relacionados com a preservação do meio-ambiente são legítimos.

Entretanto esses problemas aparecem, não devido a um fracasso do sistema de mercado livre, mas do fracasso em aplicar, em primeiro lugar, os princípios da economia de mercado à administração das fontes de recursos naturais.
Rio+20: cultos esotéricos em evento paralelo
Eles veem a cruzada ambientalista, não como uma maneira de reformar a sociedade moderna, mas de escapar dela e de obliterá-la. Estes pagãos e Druidas contemporâneos marcham sob a bandeira dos “Estilos de Vida Verdes” e do “biocentrismo”.

Um ambientalista itinerante dirige círculos de estudos nos quais os participantes são incentivados a rememorarem seu alegado processo de evolução, rolando pelo chão e imaginando como foram suas vidas quando eram folhas mortas, lesmas ou musgo.

Outros Ecologistas Radicais preferem “ações diretas” contra alvos corporativos ou governamentais, nas quais incluem desde atos teatrais de desobediência civil, até declarados atos de terror, sabotagem e violência.

Dirigem grupos como Greenpeace [Paz Verde], Earth First! [Terra primeiro!], Sea Shepherds [“Pastores do Mar”], Rainforest Action Network [Rede de ação pela floresta tropical], People for the Ethical Treatment of Animals [O povo pelo tratamento ético dos animais], e Animal Liberation Front [“Frente para a Libertação dos Animais”].

Os Verdes, por outro lado, são os herdeiros políticos da Nova Esquerda. Desfilando sob as bandeiras da “Política Verde” ou da “Ecologia Social”, professam ao menos uma preocupação aparente pelos valores humanos e pela cultura moderna.

Mas sua meta é uma sociedade socialista e redistributiva, que eles afirmam ser a verdadeira serva da natureza e a única esperança para a sociedade.

Os mais cordatos dentre eles aderem aos vários partidos e grupos Verdes. Os mais pragmáticos e sofisticados, juntam-se a grupos mais respeitáveis, com certa fachada, como o Natural Resources Defense Council [Conselho para a Defesa dos recursos naturais], o Environment Defense Fund [Fundo para a defesa do meio-ambiente], o Sierra Club [Clube Sierra], o Wilderness Society [Sociedade pela Vida Selvagem], o Worldwatch Institute [Instituto de Vigilância do mundo], a União dos Cientistas Preocupados, e até mesmo a Agência de Proteção do Meio-ambiente dos Estados Unidos e outras agências reguladores co-irmãs.
Protesto de Greenpeace no Mexico
Apesar de todos os seus atritos, ambos campos se complementam mutuamente.

Os Ecologistas Radicais dão o tônus moral e a direção espiritual: eles inspiram, radicalizam e recrutam. Por outro lado, os Verdes transformam esses elementos “crus” em poder político: propostas, força de trabalho, candidatos e, finalmente, em leis.

Ambas facções — e em particular os grupos de contra-cultura de “ação direta” — têm crescido rapidamente.

Os mais radicais, entretanto, têm-se expandido muito mais que os antigos grupos da grande corrente liberal, como Nature Conservancy [“Conservação da Natureza”], a National Wildlife Society [Sociedade Nacional pela Vida Selvagem], a National Audubon Society [Sociedade Nacional Audubon] a Humane Society [Sociedade Humana] e a National Wildlife Federation [Federação Nacional da Vida Selvagem].

Estes últimos têm-se esforçado por se manter a passo com os primeiros, radicalizando-se cada vez mais devido às competitivas solicitações do mercado ambientalista, e à própria lógica da ética ambientalista.
Fonte: Verde: a cor nova do comunismo
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