terça-feira, 4 de setembro de 2012

A escravidão consentida

Image representing Google Chrome as depicted i...Image via CrunchBase
A atual e futura escravidão têm este caráter: serão buscadas por desejo dos próprios escravos.

O jornal Le Figaro traz uma matéria que dá alguns detalhes da briga existente entre a Apple e a Google: Apple lance une application de plan face à Google Maps. Nela, o jornal francês apresenta a guerra que há, entre essas duas empresas de tecnologia, na busca de adquirir mais força no desenvolvimento de aplicativos que possuem a capacidade de colher dados de seus usuários. 


Em princípio, essa parece uma clássica batalha comercial. Com os dados em mãos, as empresas poderiam vender mais facilmente, e por um preço melhor, espaços de propaganda em sites e nos próprios aplicativos. Por exemplo, seria possível o envio de um comercial sobre determinada empresa no momento exato em que o usuário estivesse passando pelas redondezas de sua localização. No entanto, o que parece apenas uma questão de concorrência está se tornando um encarniçada luta por controle absoluto. Tanto a Google como a Apple estão se especializando em colhimento dos dados de seus clientes, de tal maneira que lhes é possível traçar um perfil quase completo de gostos, hábitos e até ideias dessas pessoas. Imagine o poder que essas empresas estão adquirindo com todas essas informações em mãos.

É importante ressaltar, ainda, que ambas as empresas são grandes defensoras de uma agenda global que inclui a promoção do homossexualismo, do aborto, redução populacional, das políticas ecológicas, da ideia do aquecimento global e tudo aquilo que faz parte do planejamento de dominação mundial que nasce dentro das Nações Unidas e outros grupos mais discretos, porém não menos poderosos.

Se torna fácil, então, para essas empresas, segundo suas próprias políticas, empreender qualquer tipo de perseguição, restrição e dificuldades contra aqueles que fazem parte dos grupos não agradáveis aos seus planejamentos. 

Julio Severo, incansável batalhador que denuncia há tempos o perigo da agenda homossexual que vem sendo imposta contra a sociedade já sofreu esse tipo de boicote, tendo ficado algum tempo com seu site fora do ar por causa de denúncias infundadas contra seu trabalho. Hoje mesmo, vemos tanto seu site, como o próprio Mídia sem Máscara tendo seu acesso dificultado para aqueles que utilizam o navegador Chrome, da Google. Seria isso já um princípio de demonstração do poder da empresa? Não sei, mas me faz questionar por que, logo dois sites que divulgam ideias contrárias às políticas globais estão sendo afetados por esse problema.


Eu mesmo sou um utilizador dos aparelhos da Apple. Porém, tenho consciência de como me torno vulnerável por isso. É possível, para essa empresa, sem grandes dificuldades, por meio de meus aparelhos, determinar minha localização, o que, convenhamos, não me parece o melhor exemplo de privacidade.

O que estamos vendo, portanto, é uma disputa entre duas grandes empresas de tecnologia que, aparentemente, estão empreendendo todos os seus esforços para se aproximarem da figura do Big Brother. O problema é que, diferente do imaginado por Orwell, essa tirania não está sendo exercida por meio de um poder imposto por algum governo soberano. Ela está ocorrendo dentro de uma liberdade plena de escolha. Isso quer dizer que apenas estamos trocando nossas consciências por um pouco de luxo e conforto.

A atual e futura escravidão têm este caráter: serão buscadas por desejo dos próprios escravos.

Quem conhece os nossos passos?

Mas não são apenas a Apple e a Google que buscam incessantemente a posição de grandes invasores da privacidade alheia. Não poderia ficar de fora dessa briga a toda poderosa Microsoft. Esta, que já foi a maior empresa de tecnologia do mundo e hoje disputa para manter sua fatia (ainda gorda) do mercado, está investindo milhões de dólares em um sistema de monitoração pública, na cidade de Nova York (veja matéria do jornal Le Figaro).

Por esse sistema, o poder público terá acesso, em tempo real, aos dados relativos à movimentação de pessoas pela cidade. Também terá acesso aos dados mantidos gravados no sistema. Placas de carro, número de telefones celular, e até identificação biométrica seria possível. Tudo em nome de quê? Da segurança, evidentemente.

Com esse tipo de acesso e controle de dados, o governo terá em suas mãos informações que possibilitariam encontrar qualquer pessoa, em qualquer momento, na área coberta pelo monitoramento. Apesar disso, as autoridades afirmam que a privacidade não será violada, já que as câmeras de monitoramento apenas captariam imagens dos espaços públicos. 

O interessante é que a cidade de Nova York, que outrora teve problemas sérios com violência, vive tempos de tranquilidade, com números baixíssimos de criminalidade. Isso, simplesmente, por causa de uma política de segurança duríssima, que não permite que criminosos, de qualquer tipo, tenham liberdade para agir em sua jurisdição.

Portanto, a que segurança os responsáveis pela criação desse sistema estão se referindo? Apenas pode ser a "sensação de segurança", tão almejada pelos cidadãos. Ainda que os números de ações criminosas sejam baixos, ainda que as chances de uma pessoa ser vítima de um bandido sejam praticamente nulas, sempre é possível invocar a necessidade de segurança. Isso quer dizer que, nessa matéria, toda proposta que prometa fortalecer a sensação de ausência de perigo, é bem aceita.

E assim, o Estado vai aumentando a extensão de seus tentáculos e, passo-a-passo, entra um pouco mais na vida privada de seus próprios cidadãos. Ontem, todo lugar onde alguém estivesse, ainda que público, deveria a privacidade ser respeitada. Hoje, essa privacidade apenas existe, relativamente, dentro de casa. Amanhã, quem sabe o que restará como refúgio?

A ideia que se propaga é que não há privacidade em lugares públicos. Como se privacidade fosse apenas relativa aos atos mais íntimos. Os que assim pensam, esquecem que há a necessidade de mantermos em sigilo também os nossos caminhos, nossas rotinas, nossas preferências, nossos gostos, nossos desejos. Ora, se o governo tem acesso a tudo o que eu faço durante o dia, ainda que não possa ler meus pensamentos, pode, facilmente, deduzir todas aquelas coisas que fazem parte da minha intimidade. Se isso não o torna Deus, pelo menos o faz muito próximo de Satanás.

Até aqui, aceitávamos que apenas Deus teria o poder de tudo ver e tínhamos a plena consciência de que somente Dele não haveria nada que pudéssemos resguardar. Hoje, essa convicção começa a ser destruída, quando vemos que o Estado passa a também ter o poder, que até aqui tínhamos como sobrenatural, de saber tudo o que fazemos. Isso é a destruíção de um imaginário construído em milhares de anos. 

O poder estatal tem se mostrado tão veemente que começa a apresentar obras que antes eram tidas como exclusividades divinas. Isso me lembra o texto bíblico que se refere à besta que "seduz os que habitam sobre a terra por causa dos sinais que lhe foi dado executar..." (Apocalipse 13.14). Esta mesma besta é aquela que imporá uma marca sobre os homens "para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tem a marca, o nome da besta ou o número do seu nome" (Apocalipse 13.17). Quem, além do Estado, parece demonstrar tamanho poder?

Com a implantação de um sistema como esse, em relação ao qual não devemos nos iludir como algo que estará restrito apenas à cidade americana, já que a própria Microsoft afirma que seu plano é vendê-lo por todo o mundo, cabe-nos perguntar: de quem esperamos o socorro quando nos sentimos em perigo? A quem confiamos nossas vidas para que nos proteja? A quem devotamos grande parte de nosso tempo e recursos? A quem damos conta do que fazemos, compramos, vendemos e temos? Quem esperamos que nos eduque? E, também, quem sabemos que conhece todos os nossos passos? Obviamente, o deus-Estado!

Fábio Blanco, advogado e teólogo, edita o blog Discursos de Cadeira.

Fonte: www.midiasemmascara.org
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